Lição 01: Duas Importantes Mulheres na História de Um Povo – Lição Adultos CPAD – 3º Trimestre 2024

Comentário Exegético de Rute 4:13-22

O trecho final do livro de Rute (4:13-22) é rico em significados teológicos e históricos, culminando na linhagem de Davi e, eventualmente, de Jesus. A seguir, apresento um comentário exegético verso a verso, destacando duas palavras-chave em hebraico em cada verso, explicando seu significado e adicionando referências bíblicas e contexto. Tenho certeza que estes recursos vão te auxiliar a compreensão e aprofundamento na primeira lição do trimestre.


Rute 4:13 – Assim, Boaz tomou Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele a possuiu, e o Senhor lhe concedeu que concebesse, e ela deu à luz um filho.

  • לקח (laqach): Significa “tomou” ou “pegou“. Esta palavra implica uma ação deliberada e legal, indicando que Boaz formalmente tomou Rute como esposa, um ato de responsabilidade e providência divina (cf. Gênesis 2:24).
  • הריון (herayon): Significa “concepção“. O texto atribui a concepção ao Senhor, enfatizando a intervenção divina. Esta palavra destaca a providência e bênção divina, um tema comum em outras narrativas de nascimento (cf. Gênesis 21:1-2, 1 Samuel 1:19-20).

Este versículo enfatiza a bênção de Deus na união de Boaz e Rute. A concepção é vista como um ato divino, o que era uma grande honra e um sinal de favor de Deus na cultura israelita.


Rute 4:14 – Então as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar um remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.

  • גאל (ga’al): Significa “remidor” ou “redentor“. Este termo é crucial na teologia da redenção em Israel, refletindo a função do parente remidor (cf. Levítico 25:25, Deuteronômio 25:5-10).
  • ברוך (baruch): Significa “bendito“. Usado aqui para louvar a Deus, é uma expressão comum de bênção e reconhecimento da ação divina (cf. Salmos 72:18-19).

As mulheres reconhecem a intervenção de Deus na vida de Noemi através do nascimento do neto, vendo Boaz como um remidor. Este versículo sublinha o papel comunitário na celebração das bênçãos divinas e na perpetuação da memória.


Rute 4:15 – Ele será restaurador da tua vida, e consolador da tua velhice; pois tua nora, que te ama, o deu à luz; ela, que é melhor para ti do que sete filhos.

  • משיב (meshib): Significa “restaurador”. Este termo sugere um retorno à plenitude ou renovação, especialmente relevante no contexto da viúva Noemi (cf. Salmos 23:3).
  • אוהב (ohev): Significa “ama”. A expressão do amor de Rute por Noemi é um tema central do livro, refletindo lealdade e hesed (amor fiel e misericordioso) (cf. Rute 1:16-17).

Este versículo exalta Rute e o impacto de seu amor e devoção. No contexto cultural, a comparação com sete filhos (um número de plenitude) ressalta a excepcionalidade de Rute.


Rute 4:16 – “E Noemi tomou o menino, e o pôs no seu colo, e foi sua ama.

  • חיק (cheq): Significa “colo“. Esta palavra denota intimidade e cuidado, frequentemente usada para descrever a relação de proteção e proximidade (cf. Isaías 66:12).
  • אמן (omen): Significa “ama” ou “cuidadora“. Noemi se torna uma cuidadora e educadora, mostrando um laço intergeracional significativo (cf. Gênesis 50:23).

A ação de Noemi sugere um novo começo e restauração familiar, com Noemi assumindo um papel importante na vida do neto, assegurando a continuidade da linhagem.


Rute 4:17 – “E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho; e chamaram o seu nome Obede; este é o pai de Jessé, pai de Davi.

  • שם (shem): Significa “nome“. Dar um nome é um ato de significação e profecia, e Obede significa “servo“, refletindo uma expectativa de serviço e devoção (cf. 1 Samuel 1:20).
  • עובד (Obed): Nome próprio que significa “servo” ou “adorador“. Este nome reflete a importância de serviço e devoção na cultura israelita (cf. Isaías 42:1).

O nome Obede conecta diretamente à linhagem davídica, essencial na teologia bíblica para traçar a genealogia messiânica (cf. Mateus 1:5-6).


Rute 4:18-22 – “Estas são, pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Hezrom, E Hezrom gerou a Rão, e Rão gerou a Aminadabe, E Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom, E Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obede, E Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.

  • תולדות (toledot): Significa “gerações” ou “descendência“. Este termo é crucial para entender as genealogias bíblicas e a continuidade da promessa divina (cf. Gênesis 5:1).
  • פרץ (Peretz): Nome próprio que significa “brecha” ou “ruptura“, filho de Judá e Tamar (cf. Gênesis 38:29), e representa a continuidade da promessa de Deus através da linhagem de Judá.

Palavras-chave (v.19-22):

  • חצרון (Hetzron): Nome próprio de um dos descendentes de Judá, implicando a continuidade da promessa (cf. Números 26:21).
  • דוד (David): Nome próprio, significa “amado“. Davi é central na teologia do Antigo Testamento como o rei ideal e o protótipo do Messias (cf. 1 Samuel 16:1).

A genealogia conecta Rute diretamente à linhagem davídica, enfatizando a fidelidade de Deus às suas promessas e o papel central desta família na história de Israel e na promessa messiânica. Estas conexões genealógicas são cruciais para a compreensão da narrativa bíblica como um todo, culminando na promessa messiânica em Jesus Cristo (cf. Mateus 1:1-16, Lucas 3:23-38).

O trecho de Rute 4:13-22 não apenas celebra o nascimento de Obede, mas também liga a narrativa pessoal de Rute e Noemi à grande história de redenção de Israel. As palavras-chave em hebraico e suas implicações teológicas sublinham a providência divina, a importância da lealdade e amor, e a continuidade da linhagem davídica que culmina em Jesus Cristo. A análise genealógica e contextualiza as promessas de Deus e a importância da linhagem para o cumprimento dessas promessas.


COMENTÁRIO EXEGÉTICO DE ESTER 7:1-7

O capítulo 7 do Livro de Ester narra o clímax da história, onde Ester expõe o plano de Hamã ao rei Xerxes, resultando na queda de Hamã. A seguir, apresento um comentário exegético verso a verso, destacando duas palavras-chave em hebraico em cada verso, explicando seu significado e adicionando referências bíblicas e contexto.


Ester 7:1 – “Veio, pois, o rei com Hamã para beber com a rainha Ester.

  • המלך (hamelekh): Significa “o rei“. O rei mencionado aqui é Assuero (Xerxes I), que governou o Império Persa de 486 a 465 a.C. O papel do rei é central nesta narrativa, pois ele detém o poder de vida e morte.
  • לשתות (lishtot): Significa “beber“. Beber vinho em banquetes era uma prática comum na corte persa, simbolizando luxo e poder. Referências a banquetes são frequentes no livro de Ester (cf. Ester 1:3, 5; 5:4-5).

Este versículo prepara o cenário para o banquete onde Ester fará seu pedido crucial ao rei. A cultura persa valorizava grandemente os banquetes, que eram ocasiões de decisões importantes.


Ester 7:2 – “Disse também o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E ser-te-á concedida; e qual é o teu desejo? Até metade do reino se te dará.

  • בקשה (bakashah): Significa “petição“. Esta palavra é importante pois denota um pedido formal que pode envolver risco, como no caso de Ester aproximando-se do rei sem ser convocada (cf. Ester 5:3).
  • משתה (mishteh): Significa “banquete“. O termo é repetido para enfatizar o contexto em que a revelação de Ester ocorrerá. Banquetes eram eventos significativos para revelações e decisões (cf. Ester 1:5, 2:18).

O rei repete sua oferta generosa a Ester, criando uma atmosfera de suspense e antecipação. O segundo banquete mostra a paciência e estratégia de Ester em abordar seu pedido delicado.


Ester 7:3 – “Então respondeu a rainha Ester, e disse: Se achei graça aos teus olhos, ó rei, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida, eis a minha petição, e o meu povo, eis o meu desejo.

  • חיים (chayim): Significa “vida“. Ester pede pela sua vida e pela vida de seu povo, destacando a gravidade da situação. A palavra “vida” aqui é crucial pois contrapõe o decreto de morte contra os judeus (cf. Ester 3:13).
  • עם (am): Significa “povo“. Ester revela sua identidade e associa sua sorte à do seu povo, mostrando solidariedade e coragem. O termo “povo” é central na narrativa de redenção coletiva (cf. Êxodo 3:7).

Ester revela seu pedido ao rei, expondo a ameaça à sua vida e à vida de seu povo. Sua abordagem cuidadosa e humilde visa garantir a simpatia e ação do rei.


Ester 7:4 – “Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para sermos destruídos, mortos e aniquilados. Se ainda por servos e por servas fôssemos vendidos, calar-me-ia; ainda que o opressor não compensa o dano do rei.

  • נמכרנו (nimkarno): Significa “fomos vendidos“. Ester usa esta palavra para destacar a traição e o complô financeiro contra os judeus. A venda de pessoas em escravidão era um conceito familiar (cf. Gênesis 37:27-28).
  • להשמיד (lehashmid): Significa “destruir“. Ester usa uma tríade de verbos fortes (“destruir”, “matar” e “aniquilar”) para enfatizar a severidade da ameaça. Este termo é usado em contextos de destruição total (cf. Deuteronômio 7:2).

Ester destaca a magnitude do perigo, argumentando que a aniquilação de seu povo é uma perda irreparável, maior do que qualquer compensação financeira ao rei.


Ester 7:5 – “Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse, e onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim?

  • מי (mi): Significa “quem“. A pergunta do rei é direta e retórica, demonstrando surpresa e indignação. Esta palavra evoca um confronto iminente (cf. 2 Samuel 12:7).
  • הוא (hu): Significa “ele“. O pronome pessoal é usado para identificar diretamente o culpado, aumentando a tensão narrativa.

A reação do rei indica que ele não estava ciente das implicações totais do decreto de Hamã. Este versículo prepara a cena para a identificação e condenação de Hamã.


Ester 7:6 – “E disse Ester: O adversário e inimigo é este mau Hamã. Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.

  • איש צר (ish tsar): Significa “adversário” ou “inimigo“. Ester identifica Hamã explicitamente, usando termos que destacam sua maldade. Adversário é um termo frequentemente associado a inimigos de Israel (cf. Salmos 143:12).
  • רע (ra): Significa “mau” ou “perverso“. Ester caracteriza Hamã como fundamentalmente maligno, enfatizando sua traição e intenção de destruição (cf. Gênesis 6:5).

Ester finalmente expõe Hamã, resultando em sua perturbação. A acusação direta no contexto de um banquete real torna impossível para Hamã escapar da condenação.


Ester 7:7 – “E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho e foi para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé para rogar por sua vida à rainha Ester, porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

  • חרון (charon): Significa “furor” ou “ira“. A reação do rei é intensa e imediata, mostrando sua indignação. Este termo é usado para descrever a ira divina e real (cf. Êxodo 32:12).
  • חיים (chayim): Significa “vida“. Hamã, agora pedindo por sua vida, mostra a inversão de sua situação e a justiça iminente. A busca pela preservação da vida é um tema recorrente (cf. Gênesis 19:17).

O rei se retira para processar a acusação, enquanto Hamã, em pânico, implora por sua vida a Ester. Este versículo destaca a reviravolta e a inevitabilidade da queda de Hamã.


Ester 7:1-7 narra um dos momentos mais dramáticos do livro, onde a coragem e sabedoria de Ester levam à exposição e condenação de Hamã. As palavras-chave em hebraico sublinham a gravidade das acusações e a intensidade das emoções envolvidas. O contexto histórico, cultural e teológico enfatiza a providência divina e a justiça contra os inimigos do povo de Deus. A narrativa demonstra como Deus utiliza pessoas e circunstâncias para proteger e salvar Seu povo, um tema fundamental em toda a Bíblia.

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