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A Verdade que Liberta: O Evangelho Como Libertação Suprema do Pecado (5)

A Verdade Que Liberta!

Poucas frases de Jesus são tão conhecidas e, ao mesmo tempo, tão mal compreendidas quanto a afirmação: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). Recitada em monumentos, slogans, discursos políticos e até tatuagens, essa expressão tem sido esvaziada de seu verdadeiro sentido espiritual e substituída por noções de liberdade meramente psicológica, sociopolítica ou filosófica. Contudo, o contexto do Evangelho de João é claro e contundente: a verdade que liberta não é um conceito, uma ideologia ou um despertar interior – é uma Pessoa: Jesus Cristo, o Filho de Deus. O conhecimento a que Ele se refere não é informativo, mas relacional; não é acadêmico, mas transformador. Trata-se de uma verdade que alcança o mais profundo do ser humano, quebrando cadeias invisíveis e operando uma libertação que nem a religião, nem a moralidade, nem a força de vontade podem realizar.

Ao longo do capítulo 8 de João, Jesus trava um intenso embate com os judeus que diziam crer n’Ele, mas não compreendiam a profundidade do que isso significava. Eles estavam presos à confiança em sua descendência de Abraão, em sua herança religiosa e em sua posição como povo escolhido. Mas o Senhor os confronta com uma verdade mais dura: ser livre não é uma questão de linhagem, é uma questão de regeneração. “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo 8.34). A palavra usada para “servo” (doulos no grego) não designa um trabalhador contratado, mas um escravo de propriedade alheia, sem autonomia. Jesus está dizendo que o pecado não é apenas um erro ocasional – é um senhor cruel que domina, prende e humilha. E o único meio de verdadeira libertação é ser feito filho por Aquele que tem autoridade na casa: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).

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Essa doutrina fundamental é reiterada em toda a Escritura. Paulo declara que o homem, fora de Cristo, está morto em delitos e pecados, “andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar” (Ef 2.1-2), e que só pela graça somos ressuscitados e colocados em nova posição espiritual. Romanos 6 aprofunda ainda mais: antes de Cristo, éramos escravos do pecado; agora, somos libertos e feitos servos da justiça. O apóstolo não propõe uma neutralidade moral, mas uma troca de senhores: ou o pecado reina, ou a justiça reina. Como disse Martinho Lutero:A vontade humana é como um cavalo; ou Deus o cavalga, ou o diabo.” A suposta neutralidade do homem caído é uma ilusão — ele está sob domínio, e só Cristo pode transferi-lo do império das trevas para o Reino da luz (Cl 1.13).

A verdade que liberta, portanto, é a revelação do Evangelho: a proclamação de que Cristo morreu por nossos pecados, ressuscitou para nossa justificação e reina como Senhor soberano (Rm 4.25; 1 Co 15.3-4; Fp 2.9-11). Conhecer essa verdade não é apenas assentir a uma doutrina correta, mas confiar pessoalmente na suficiência da obra de Cristo. A salvação não é o resultado de esforço humano, mas de rendição a essa verdade viva. João Calvino afirmava com firmeza que “ninguém pode conhecer verdadeiramente a Deus sem antes conhecer a si mesmo como pecador necessitado de redenção.” O conhecimento da verdade nos leva primeiro à humilhação – porque ela revela nosso pecado – e então à libertação – porque ela aponta para o Salvador.

Essa libertação é profunda e abrangente. Primeiramente, liberta da culpa do pecado. Em Cristo, somos declarados justos, não por nossos méritos, mas por Sua justiça imputada. A justificação é um ato legal de Deus, que nos declara absolvidos com base na obra de outro. Romanos 8.1 proclama: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” O acusador pode nos lembrar do passado, mas a Verdade nos lembra da cruz. Em segundo lugar, liberta do poder do pecado. Fomos feitos novas criaturas (2 Co 5.17), selados com o Espírito (Ef 1.13), e capacitados a viver uma vida de santidade (Rm 6.22). Isso não significa perfeição sem pecado, mas transformação progressiva que nos afasta da escravidão e nos conforma à imagem de Cristo. John Owen dizia: “Ou você estará matando o pecado, ou o pecado estará matando você.” A liberdade cristã é ativa, é luta diária, é graça operando com poder.

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Além disso, a verdade liberta do engano religioso. Muitos, como os judeus do texto, estão presos a sistemas, tradições e moralismos que jamais produzirão vida. São como os fariseus que cercaram Jesus, cheios de regras e rituais, mas vazios de arrependimento. A religião sem o Evangelho é uma prisão dourada. Jesus confronta essas estruturas quando diz: “Se vós permaneceres na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (Jo 8.31). Não basta uma fé momentânea, emocional ou superficial. A verdadeira liberdade está em permanecer na Palavra, caminhar com Cristo, sujeitar-se ao seu ensino, ainda que isso nos confronte, nos esmague e nos desinstale. Dietrich Bonhoeffer, mártir da igreja na Alemanha nazista, disse com precisão: “Quando Cristo chama um homem, Ele o chama para morrer.” Essa é a verdadeira liberdade — morrer para si e viver para Deus.

Por fim, a verdade liberta da morte eterna. O clímax da libertação em Cristo é a promessa da vida eterna, da ressurreição gloriosa, da comunhão plena com Deus. Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte” (Jo 8.51). A morte física não tem a última palavra. O cristão já passou da morte para a vida (Jo 5.24). Nenhuma prisão, seja espiritual, emocional ou física, pode deter aquele que foi liberto pelo Filho. A esperança cristã não é escapismo — é certeza de redenção plena.

Essa verdade, no entanto, precisa ser anunciada com clareza e coragem. Vivemos dias em que o Evangelho tem sido diluído, transformado em terapia, em ferramenta de autoestima ou em promessa de prosperidade. Mas a Verdade que liberta começa com uma denúncia: você está em pecado, está condenado, está escravizado. E só há um Salvador. Como declarou Charles Spurgeon: “Aqueles que pregaram apenas um Cristo parcial, também terão convertidos parciais.” A igreja precisa recuperar a centralidade da mensagem da cruz, a radicalidade da graça e a urgência do arrependimento. O mundo não precisa de mensagens confortáveis — precisa da Verdade que, sim, fere, mas cura; que humilha, mas exalta; que confronta, mas salva.

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Diante disso, cabe uma pergunta direta: você é livre? Muitos frequentam igrejas, conhecem versículos, participam de cultos — mas permanecem escravos. Escravos do orgulho, da pornografia, da religiosidade, da vaidade, da amargura. A liberdade que Cristo oferece é real, mas não é barata. Ela custou sangue. E só é concedida a quem crê, se arrepende e se submete. Jesus é a Verdade que liberta — mas também é o Senhor que governa. Não há liberdade fora de Sua autoridade. O mesmo Cristo que dissevinde a mim” também disse “tomai sobre vós o meu jugo”. O Evangelho não é convite à autonomia, mas ao discipulado.

Concluímos, portanto, com a clareza de que a verdadeira liberdade está exclusivamente em Cristo. Não se trata de autonomia existencial, nem de libertação emocional passageira, mas de uma transformação ontológica operada pelo Espírito Santo, enraizada na Palavra, sustentada pela fé, conduzida pela graça e selada pela promessa da vida eterna. Jesus não apenas mostra a verdade, Ele é a Verdade. E essa Verdade tem um nome, uma cruz, uma ressurreição e um Reino. Que a igreja proclame isso com ousadia. Que os crentes vivam isso com temor e alegria. Que o mundo conheça, enfim, a Verdade que liberta — e o Filho que transforma escravos em filhos, pecadores em santos, mortos em vivos.

Foto de Silvio Costa

Silvio Costa

Evangelista (COMADEESO / CGADB), Articulista, Conferencista, Escritor, Conteudista (ESTEMAD), Professor de Teologia (SEET / FATEG) e Gestor Hoteleiro por Profissão
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