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A Teologia da Redenção: Da Escravidão do Pecado à Liberdade dos Filhos (5)

A Teologia da Redenção

A verdadeira liberdade não é apenas um anseio humano – é uma necessidade espiritual. Todos nós, por natureza, nascemos cativos. A Bíblia não romantiza a condição humana, não a suaviza com linguagem otimista, tampouco nos oferece um ponto de partida neutro. Pelo contrário, ela nos mostra uma realidade trágica, porém redentora: todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), escravizados pelo pecado (Jo 8.34), cegos espiritualmente (2 Co 4.4) e mortos em delitos e pecados (Ef 2.1). Mas essa não é a palavra final. A Escritura não termina na queda – ela progride até a redenção. Do Éden ao Calvário, do cativeiro à cruz, de Adão ao último eleito, Deus tem conduzido uma história de libertação que culmina na adoção dos redimidos como filhos. Essa é a essência da liberdade cristã: fomos libertos para sermos filhos, não apenas para sermos livres.

Jesus deixou claro, ao ensinar no pátio do Templo, que o problema do homem não era externo, político ou social. Não era Roma o verdadeiro opressor – era o pecado. Quando disse “todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo 8.34), Ele revelou a raiz do cativeiro espiritual. O verbo “cometer” no grego (poieō) aponta para uma prática habitual, não apenas um deslize. E a palavra “servo” (doulos) descreve um estado de submissão completa, não uma servidão temporária. Cristo está dizendo que o pecado não é um ato isolado, mas um regime de domínio. E ninguém escapa dele por si mesmo.

Nesse contexto, a libertação que Jesus oferece é profunda, radical e transformadora.Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). Ele não propõe uma reforma espiritual, mas uma redenção absoluta. A libertação em Cristo é uma libertação do pecado, da morte, da escravidão espiritual e da orfandade existencial. E é isso que torna o Evangelho único entre todas as propostas religiosas e filosóficas: não somos apenas perdoados, somos regenerados; não somos apenas limpos, somos adotados; não somos apenas libertos, somos feitos herdeiros com Cristo.

Capa2 A Bíblia Não Erra
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A teologia paulina desenvolve essa ideia com riqueza. Em Romanos 6, o apóstolo descreve a conversão como uma mudança de senhores. Antes, éramos servos do pecado; agora, somos servos da justiça. Não há espaço para neutralidade espiritual – sempre pertencemos a alguém. Mas a graça nos transfere de um império para outro. Colossenses 1.13 diz que Deus “nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor”. John Piper escreveu: “A liberdade cristã não é fazer o que eu quero; é ser capacitado a fazer o que Deus quer, com alegria.

O ápice dessa libertação é a adoção espiritual. Em Gálatas 4.4-7, Paulo afirma que Deus enviou Seu Filho “para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. E porque somos filhos, recebemos o Espírito que clama: “Aba, Pai.” Não somos apenas pessoas libertas — somos filhos amados. A adoção é um dos temas mais negligenciados na pregação contemporânea, mas é um dos mais gloriosos da doutrina bíblica. Ela nos revela que a obra de Cristo não apenas removeu a culpa, mas restaurou a comunhão. Não apenas nos tirou do Egito, mas nos conduziu à mesa do Pai.

Jonathan Edwards dizia que “o maior bem do Evangelho é a possibilidade de termos Deus como nosso Pai”. Isso é o que a liberdade cristã produz: intimidade com Deus, segurança espiritual, filiação eterna. A liberdade que o mundo promete é uma ilusão – uma libertinagem que conduz a novas prisões. A liberdade que Cristo oferece é transformadora, e nos reconecta ao propósito original da criação: sermos imagem e semelhança de Deus, filhos que o adoram em espírito e em verdade.

Aplicativo do pregador
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É importante frisar que essa libertação não é apenas um evento passado (fomos libertos), mas também um processo presente (estamos sendo libertos) e uma esperança futura (seremos plenamente libertos). A justificação nos liberta da culpa do pecado; a santificação nos liberta do poder do pecado; e a glorificação nos libertará da presença do pecado. Essa perspectiva escatológica é essencial. Em Romanos 8.21, Paulo fala da “libertação da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus”. Ou seja, o fim último da salvação é sermos plenamente conformados ao Filho, em um estado de liberdade gloriosa e incorruptível.

Mas essa liberdade exige vigilância. Paulo adverte em Gálatas 5.1: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” A liberdade cristã não é pretexto para pecado, mas convite à santidade. Uma vida verdadeiramente livre é aquela que ama obedecer a Deus. Agostinho expressou isso de forma profunda: “Ama a Deus e faze o que quiseres” – não no sentido de liberdade irresponsável, mas no sentido de que quem ama a Deus desejará fazer apenas o que Lhe agrada.

E aqui está uma das aplicações mais urgentes para a igreja contemporânea: é possível pregar sobre liberdade e ainda assim manter pessoas escravizadas. Quando a pregação omite o arrependimento, esvazia a cruz e troca o discipulado por promessas de conforto, ela não liberta – ela aliena. Muitas igrejas modernas falam de liberdade, mas oferecem uma versão diluída do Evangelho que não confronta o pecado, não anuncia o juízo e não exalta a santidade. Não há verdadeira liberdade onde Cristo não é proclamado como Senhor.

É por isso que o ministério da igreja deve estar centrado no ensino da Palavra. Só a Palavra de Deus é viva, eficaz, penetrante como espada (Hb 4.12). Só ela é capaz de expor os grilhões ocultos do coração e operar a verdadeira libertação. Uma Escola Bíblica fiel, um púlpito comprometido com a Escritura, um discipulado baseado na verdade – esses são os instrumentos que o Espírito Santo usa para conduzir os cativos à liberdade dos filhos.

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A libertação que Cristo oferece também nos chama à responsabilidade comunitária. Em Romanos 8.14, Paulo diz que “todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”. A vida no Espírito é inseparável da vida em comunhão. Filhos não vivem isolados – vivem em família. A liberdade cristã floresce no corpo de Cristo, onde os dons espirituais se manifestam, os pecados são confessados, os fardos são compartilhados e o amor é praticado. A igreja não é um clube de libertos — é uma família de filhos. E onde há filhos, há disciplina, correção, perdão e restauração.

Por fim, essa liberdade aponta para a eternidade. No céu não haverá mais lágrimas, nem dor, nem pecado. Haverá liberdade plena – não apenas de algo, mas para algo: adorar o Cordeiro eternamente, sem interferência da carne, do mundo ou do diabo. Essa é a nossa esperança, e deve ser também a nossa motivação diária. Como disse J. I. Packer: “A adoção é a bênção mais elevada do Evangelho; e, se não a valorizarmos como deveríamos, não compreenderemos o coração do cristianismo.”

Portanto, a mensagem de Jesus em João 8 permanece viva, urgente e poderosa: há uma verdade que liberta – e essa verdade é Cristo. Ele nos liberta não apenas das cadeias do passado, mas das ilusões do presente e das condenações do futuro. Ele nos transforma de escravos em filhos, de pecadores em herdeiros, de mortos em vivos. Que a igreja não se envergonhe dessa mensagem. Que a pregue, que a viva, que a celebre. Porque a liberdade dos filhos de Deus não é um acessório da fé – é seu destino eterno.

Foto de Silvio Costa

Silvio Costa

Evangelista (COMADEESO / CGADB), Articulista, Conferencista, Escritor, Conteudista (ESTEMAD), Professor de Teologia (SEET / FATEG) e Gestor Hoteleiro por Profissão
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