Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 12)

o toque da primeira trombeta

A MARCA EVOLUÍDA O mundo estava de joelhos. A morte havia passado, mas agora o inimigo oferecia o que todos desejavam: estabilidade. Diclivius reapareceu com um novo plano: o Sistema Unificado de Transação Biocodificada, agora em sua fase definitiva. — “Chega de sistemas voluntários. Chega de cadastros simples. Agora, é tempo de lealdade inegociável.” — dizia Janas, em rede mundial. A “marca” que antes era um simples chip subcutâneo vinculado a uma identidade digital, evoluiu. Tornou-se uma fusão biotecnológica irreversível: Não era mais apenas controle. Era adoração mascarada de tecnologia. E Elias entendeu o que Apocalipse dizia: “…e que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal…”(Apocalipse 13:17) Lucas lembrou do centro de processamento, onde haviam sido forçados a escolher. — “Mas nós já vimos isso, Elias. Já estivemos lá…”— “Aquilo foi o começo, Lucas. Um protótipo. Agora é o fim. A versão final da Marca. Sem volta. E com culto embutido.” A Primeira Trombeta: Quando a Natureza se Revolta “E o primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra; e foi queimada a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada.”(Apocalipse 8:7) O Céu Preparado para Tocar Nos céus, o silêncio que seguiu à ascensão das Duas Testemunhas durou apenas minutos. Elias, recolhido em sua câmara de oração no abrigo da Resistência, teve outra visão. Não era uma imagem simbólica. Era um som. — “O céu está preparando os instrumentos.” No sonho, ele viu sete anjos alinhados diante do trono de Deus. Cada um empunhava uma trombeta de ouro flamejante. O primeiro ergueu seu instrumento… e quando soprou — a Terra gemeu. E então Elias acordou — com o som de um trovão que não vinha de nuvem alguma. Do lado de fora, o céu estava limpo. Não havia nuvens. Mas relâmpagos riscavam o firmamento, e um calor estranho atravessava a floresta. Samuel, ainda em recuperação após a praga do Quarto Selo, sentiu na pele: — “Não é verão. É ira.” Raquel apontou para a vegetação. — “As folhas… estão ficando cinzas.” E então, os céus cuspiram fogo. Fogo, Sangue e Gelo No dia seguinte, o mundo amanheceu com os céus tingidos de vermelho-escuro. Meteorologistas diziam que era um fenômeno atmosférico sem precedentes. Mas Elias sabia. — “A trombeta foi tocada.” Do espaço, imagens mostravam nuvens misturadas com cristais de gelo e fogo descendo em espiral. Satélites captaram chuvas vermelhas, como se o céu tivesse derramado sangue e brasas. Em regiões agrícolas, um terço das plantações foi queimado em apenas três dias. Nos Estados Unidos, campos inteiros de trigo e milho se tornaram cinzas.Na Europa, vinhedos milenares foram consumidos.Na África, o que restava da vegetação da savana foi incendiado.Na Ásia, florestas inteiras desapareceram em labaredas incontroláveis. E em todos os lugares… o povo se perguntava: — “O que é isso?”— “Será guerra?”— “É o aquecimento global?”— “São armas climáticas?” Mas a Resistência sabia. Era a mão de Deus quebrando os alicerces do sustento humano. A DESCULPA DE DICLIVIUS Diante do colapso ambiental, a Nova Ordem entrou em ação. Diclivius apareceu em uma transmissão holográfica global, acompanhado de Janas. — “O planeta está reagindo ao fanatismo. Os profetas da desordem feriram o equilíbrio universal. A natureza está tentando se curar.” E Janas acrescentou: — “A trombeta deles tocou primeiro. Agora, o cosmos responde.” Com isso, a Ecclesia Unum lançou uma nova doutrina: “A Nova Harmonia Global: adoração à Terra, reverência à Unidade, rejeição de todas as religiões apocalípticas.” Milhões aderiram. E começou a caça aos que falavam em juízo, selos ou trombetas. Miguel publicou uma nova edição do jornal clandestino A Última Trombeta, mesmo sabendo que a perseguição estava prestes a se intensificar: “Não é Gaia. Não é a Terra se revoltando. É o Criador cobrando da criação.” O DESPERTAR DE MUITOS Mas em meio à fumaça, surgiam faíscas de avivamento. No México, um pastor escondido começou a pregar pelas ondas de rádio AM que ainda escapavam do controle da Nova Ordem: — “O Cordeiro não está calado! Ele está tocando as trombetas!” Na Ucrânia, um grupo de cristãos se reuniu em uma igreja subterrânea e relatou que, após a queima das árvores, brotou uma nascente onde antes havia rocha seca. No interior do Brasil, uma mulher que havia aceitado a marca em silêncio cortou a própria mão, sobreviveu… e voltou à fé. E então… Ana revelou uma descoberta tecnológica: — “Descobri um caminho no sistema deles. Posso retransmitir as mensagens das Duas Testemunhas antes da morte… para os dispositivos ainda ativos dos ‘harmonizados’.” Gabriel arregalou os olhos. — “Quer colocar a semente do juízo… dentro do templo da mentira?” Ana assentiu. — “Sim. O tempo da infiltração chegou.” E Elias, olhando o céu em chamas, murmurou: — “Porque mesmo com a trombeta tocada… Deus ainda está colhendo almas.” UM TERÇO DA TERRA Quatro dias após o toque da Primeira Trombeta, um terço da vegetação da Terra já havia sido perdida. A ONU, agora reduzida a um escritório da Nova Ordem, declarou: “Entramos oficialmente no período de escassez planetária. O Conselho de Unificação Global assumirá toda a distribuição de alimentos, sementes e terras cultiváveis.” Era o prenúncio da dependência total. Mas a Resistência sabia que isso era só o começo. O som da Segunda Trombeta ecoava distante… E os mares começariam a sangrar.

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 11)

As duas testemunhas

O MARTÍRIO DAS DUAS TESTEMUNHAS “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.”(Apocalipse 11:7) A Última Profecia Jerusalém estava em silêncio. Pela primeira vez em muitos dias, as Duas Testemunhas não falaram pela manhã. Elas estavam no mesmo local de sempre, diante do Muro das Lamentações, com seus mantos escuros e olhos flamejantes — mas em profundo silêncio. Alguns pensavam que estavam fracas. Outros, que estavam preparando uma nova praga. Mas Elias, assistindo ao vivo da base da Resistência, percebeu algo. — “Elas terminaram.” Miguel engoliu em seco. — “Você quer dizer… que o tempo delas… acabou?” — “Sim. Elas profetizaram por 1.260 dias. Agora… o Cordeiro silenciou suas bocas, e a espada da besta será permitida.” Raquel segurou o choro. — “Elas… vão morrer?” E Elias, olhando para o céu, respondeu: — “Vão… mas com glória.” A MARCHA DA MORTE Naquela tarde, um exército marchou por Jerusalém. Não eram apenas soldados da Nova Ordem. Eram os Guardas do Fogo — uma nova tropa formada após a “ressurreição” de Diclivius, especializada em armamento disruptivo e avançado, criada exclusivamente para eliminar as Testemunhas. Liderando a comitiva, vinha Janas, o Profeta Supremo, trajando branco, com olhos inchados de ira e um cajado de tecnologia arcana — mescla de ciência e ocultismo. — “Chegou o dia. Diclivius, o nosso deus encarnado me deu autoridade. O mundo verá que os deuses da Antiga Fé serão silenciados!” Ele apontou para as Testemunhas. — “Acabem com elas.” Mas nenhum soldado se movia, apenas tremiam – foi quando o chão tremeu. E do meio da terra… surgiu um “armamento” nunca antes visto. Não era humano. Nem robótica. Era metade máquina, metade criatura, olhos sem pupila, pele como ferro fundido e voz como trovão amplificado por mil alto-falantes. Ela ergueu sua arma viva: uma lança negra que parecia pulsar com energia das trevas. As Testemunhas olharam uma para a outra. E então, se ajoelharam. Sim. Ajoelharam-se. Mas não diante da besta. Ajoelharam-se para o Cordeiro. E sussurraram ao mesmo tempo: — “Está consumado.” Enfim, Janas, autorizou o ataque – e a “simbiose mortal” reunida naquele “armamento” inexplicável – arremessou sua lança negra com uma explosão de energia antinatural. Um raio silencioso atravessou os céus de Jerusalém. As Testemunhas foram atingidas. E pela primeira vez… não houve fogo. Seus corpos tombaram. Silenciosamente. Sem resistência. Sem gritos. O mundo prendeu a respiração. A FESTA MUNDIAL DA ESCURIDÃO! O corpo das Testemunhas ficou estendido no chão por 3 dias. As autoridades proibiram o sepultamento — transmitindo a cena ao vivo para todo o planeta. E então… a festa começou. Fogos de artifício explodiram sobre Tel Aviv, Nova York, Tóquio e Paris.Estátuas de Diclivius foram levantadas no lugar onde as Testemunhas morreram.Pessoas enviavam presentes uns aos outros, dizendo: “As pragas acabaram. Os profetas da dor estão mortos!” Em Las Vegas, um show foi feito em homenagem à “Nova Era sem os dois malditos“. Influenciadores criaram a hashtag #AdeusProfetas. A Ecclesia Unum lançou um selo comemorativo com o rosto de Janas e a inscrição: “A luz venceu a sentença.” Mas no abrigo da Resistência, Elias chorava. Gabriel se afastou para não explodir. Lucas murmurou: “Mas… e agora?” E Ana, com olhos em lágrimas, respondeu: — “Agora… o terceiro dia.” O TERCEIRO DIA Após três dias e meio, algo aconteceu. Na madrugada em Jerusalém, enquanto um grupo de jovens bêbados zombava diante dos corpos, uma nuvem branca desceu sobre o local. Mas não era neblina. Era glória. As câmeras ao redor do mundo mostraram, ao vivo: As Testemunhas se levantando. Sim. Levantaram-se com os olhos acesos como fogo renovado. Os mantos rasgados tornaram-se como linho resplandecente. E uma voz, não da Terra, mas do Céu, ecoou: “Subi cá.” As Testemunhas olharam para cima e foram assumidas em glória visível. Um terremoto sacudiu Jerusalém naquele instante.Milhares morreram.As estátuas de Diclivius foram rachadas.O templo ecumênico da Ecclesia Unum foi partido ao meio.E… os sobreviventes temeram, e alguns glorificaram a Deus. EPÍLOGO PROFÉTICO Na base da Resistência, silêncio. Elias caiu de joelhos. Raquel tremia. Miguel, em lágrimas, escreveu a manchete de sua próxima edição de A Última Trombeta: “A Morte Não os Venceu — As Duas Testemunhas Ressuscitam e Sobem ao Céu.” Lucas falou: — “Eles morreram… mas não foram derrotados.” E Elias completou: — “Eles cumpriram o seu tempo. Agora… é nossa vez.” E enquanto a Terra celebrava… o Céu preparava as trombetas finais. Porque os Selos haviam aberto o caminho. E os ventos da ira estavam soprando. QUANDO A MORTE BATE E A FÉ RESPONDE “E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia…” (Apocalipse 6:7-8) A Ruptura do Quarto SeloNo porão silencioso do abrigo da Resistência, Elias orava em lágrimas. Um peso espiritual inundava sua alma. De repente, ele se ergueu como quem ouvira uma trombeta invisível. — Ele abriu… o Quarto Selo. No mesmo instante, do lado de fora, o céu escureceu de forma antinatural. Não era nuvem. Era como se a luz tivesse sido drenada do mundo. Os termômetros dispararam, e em 48 horas, milhões morreram por uma praga fulminante — uma variação acelerada e agressiva de uma peste respiratória que nem a ciência da Nova Ordem conseguia explicar. A Ecclesia Unum dizia: “A natureza se revolta contra os infiéis.” Mas os verdadeiros crentes sabiam: era o Cavalo Amarelo e seu cavaleiro que passavam. Nos hospitais do mundo, corpos se acumulavam. Nações pediam socorro. Mas os Guardiões da Ordem apenas protegiam os templos da Igreja Global e os bunkers onde estavam os aliados políticos. Israel também foi atingido. O cessar-fogo promovido por Diclivius se revelou inútil. Os inimigos recomeçaram o cerco, desta vez com drones suicidas e armamento biológico. ESCOLHAS NO VALE DA SOMBRA A Resistência começou a perder membros. Samuel, o líder militar, foi contaminado. Com

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 10)

o milagre do engano

O Milagre do Engano “E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens”. (Apocalipse 13:13) As Duas Testemunhas haviam abalado o mundo. Vídeos circulavam, mesmo após os esforços do Conselho Global em removê-los. Os profetas falavam com autoridade, causavam secas, previam terremotos e anunciavam a queda do império de Diclivius. Multidões começavam a questionar:— E se eles estiverem certos?— E se Diclivius não for o salvador… mas o inimigo? Janas, o Profeta Supremo da Igreja Unificada, percebeu o risco. — “O povo precisa de um sinal. Um grande sinal“. E então, ele arquitetou o maior espetáculo da fé manipulada já visto. O ATENTADO DA MENTIRA Em um pronunciamento global, Diclivius anunciava medidas de controle total dos recursos naturais. Mas, no meio da transmissão, uma explosão interrompeu o sinal. A tela tremeu. Um estrondo. Câmeras captaram gritos, correria e sangue. “ATENTADO EM TEMPO REAL!”, anunciavam os canais. A explosão teria sido causada por terroristas da Resistência, segundo o porta-voz da Nova Ordem. Todos os olhares se voltaram para os Guerreiros da Luz. Samuel, Elias, Raquel, Lucas… passaram a ser os inimigos número um da humanidade. — “Eles mataram nosso líder!” — dizia o noticiário. Pouco depois, Diclivius foi levado inconsciente ao Hospital Internacional de Orion, em uma área protegida da capital global. O anúncio veio em tom fúnebre: “Diclivius Macmillan está morto!” Milhões choraram nas ruas. Bandeiras foram abaixadas. A estátua inacabada dele em Jerusalém foi coberta com pano preto. Mas Janas, vestido com túnicas cerimoniais, convocou uma coletiva: — “O universo não concluiu seu plano. A divindade ainda está presente. A morte não pode deter aquele que carrega a luz de todos os credos!” A RESSURREIÇÃO ENCENADA Transmissão ao vivo. Todos os olhos do mundo conectados. Janas chegou ao hospital em uma limusine presidencial. Soldados abriram caminho entre repórteres e drones. Médicos tentaram barrá-lo. — “O paciente está morto.” — “A divindade não morre!” — bradou Janas. Invadiu a sala cirúrgica. Empurrou portas. Gritou aos céus: “Energia que mantém o cosmos, luz que habita nos portais da vida, manifesto do divino, desperta teu avatar!” As câmeras mostravam enfermeiros boquiabertos. Janas impôs as mãos sobre o corpo imóvel de Diclivius. De repente, o monitor cardíaco voltou a apitar. E então… Diclivius se ergueu. Calmo. Revigorado. Os olhos… brilhavam com um tom sobrenatural. Ele olhou para Janas e sussurrou: “Está consumado!” A multidão em frente ao hospital explodiu. Pessoas se ajoelharam. Fogos de artifício. Cânticos da Ecclesia Unum. Nas redes, a frase viralizou: Diclivius É Deus! A REAÇÃO DO MUNDO Governantes enviaram presentes. Comércios distribuíram brindes em comemoração. Pessoas tatuaram seu rosto. Muitas religiões anunciaram que ele era a reencarnação esperada. Alguns o chamaram de “Messias”. Outros, de “Cristo Cósmico”. Até mesmo religiosos “cristãos liberais” o declararam o Filho da Nova Humanidade. E então, em sua primeira fala pós-“ressurreição”, Diclivius declarou: — “A partir de agora, a fé será unificada. Nenhum outro nome será aceito em oposição à Unidade“. A Perseguição das Vozes que Não se Calam “E virão os dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis… então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós“. (Lucas 23:29-30) Jerusalém debaixo de fogoEm Jerusalém, as Duas Testemunhas continuavam pregando: — “Esse não é o Cristo. É a besta! Sua ressurreição é falsificação. Seu poder vem do abismo!” Mas agora… ninguém os ouvia. A multidão os chamava de malucos. Falsos profetas. Inimigos da paz. A Ecclesia Unum lançou uma campanha: “Silencie a maldição. Abrace o renascido.” Cartazes com as Testemunhas eram queimados. Seus rostos impressos em cartazes como terroristas. Até crianças os apedrejavam. Porém… ninguém conseguia tocá-los. Inexplicavelmente fogo saía de suas bocas quando eram emboscados. Raios partiam do céu quando os cercavam. Mas o coração do povo… se fechava. A Resistência em Ponto de Ruptura Nos abrigos secretos, os Guerreiros da Luz assistiam à “ressurreição” em choque. Lucas caiu de joelhos. — “O mundo está perdido…” Samuel cerrou os punhos. — “Isso nunca foi sobre o mundo. É sobre os que ainda podem escolher.” Miguel escreveu a nova manchete da Última Trombeta: “Eles creem na mentira. Mas ainda existe verdade!” Elias reuniu o grupo. — “Ouçam… O Quarto Selo se aproxima. O Cavaleiro Amarelo virá. A morte tomará corpos, mas não almas. Estamos entrando na parte mais sombria da Tribulação. Precisamos decidir agora… morrer como fiéis ou viver como traidores.” Gabriel ergueu a arma. — “Então que venham. Não vamos recuar.” A Última Palavra Em Jerusalém, mesmo desacreditadas, as Duas Testemunhas continuaram a profetizar. Suas palavras agora eram transmitidas secretamente por um canal pirata da Resistência. Elas diziam: — “A besta reviveu… mas seu fim já está selado.” — “Os fiéis serão provados como ouro no fogo.” — “E em breve… cairão as trombetas.” O mundo acreditava ter testemunhado um milagre. Mas o céu chorava. E os verdadeiros escolhidos… se preparavam para enfrentar o selo da morte.

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 9)

Serie Sete Selos Parte 10

O Império da Nova Ordem “E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?” (Apocalipse 13:4) A ascensão de Diclivius Macmillan não foi um golpe de Estado. Foi um consenso global. Com o colapso das economias e a escalada do caos mundial, partidos políticos que por séculos se digladiaram por ideologias se ajoelharam diante de um único argumento: ordem. Socialistas viram nele um defensor da igualdade econômica. Liberais aplaudiram seu discurso de liberdade com segurança digital. Conservadores o admiraram por seu discurso contra os extremismos religiosos “retrógrados”. — “Ele é tudo que sempre sonhamos…” — disse a primeira-ministra de uma potência europeia. — “Um verdadeiro Messias político…” — declarou um influente apresentador latino. Sob o pretexto de “aliança pela paz”, mais de 40 nações assinaram tratados cedendo autonomia parcial ou total a Diclivius, permitindo que ele nomeasse governadores regionais, reformulasse constituições e criasse leis supranacionais. As Nações Unidas se tornaram obsoletas. Em seu lugar, nasceu o Conselho de Unificação Global, com sede em uma ilha artificial entre Europa e Ásia — uma nova “capital do mundo”. O império da besta havia nascido. Logo após o tratado global, Diclivius anunciou a formação de um exército mundial: “Soldados não de uma nação, mas de uma causa.” Chamado de GUARDIÕES DA ORDEM, esse exército era composto por: Tropas africanas treinadas por mercenários russos; Unidades de elite da Ásia Central com armamentos de nanotecnologia; Drones alemães, tanques turcos, robôs franceses, e satélites americanos; Inteligência cibernética desenvolvida por ex-hackers chineses e indianos; Uniformes negros com brasões dourados. Hinos próprios. Juramento de lealdade não a uma bandeira — mas a Diclivius. “Uma só Terra. Um só Senhor.” O SURGIMENTO DA ECCLESIA UNUM Enquanto a Nova Ordem consolidava seu domínio, um novo tipo de religião surgiu. Chamava-se Ecclesia Unum — “A Igreja da Unidade”. Ela unificava líderes religiosos liberais, gurus humanistas, místicos influentes e até parte de igrejas evangélicas progressistas. O Vaticano, sob pressão política e crise interna, enviou um emissário. Mesquitas reformadas passaram a transmitir os discursos de Diclivius nos telões. Altares ecumênicos se espalharam nas capitais. E à frente dela… surgiu uma figura envolta em carisma e misticismo: O Profeta Supremo. Seu nome público: Janas, um ex-bispo europeu que pregava a “nova espiritualidade livre”. Mas para os que ainda tinham discernimento, ele era a besta que subia da terra (Ap 13:11): com aparência de cordeiro, mas voz de dragão. — “Não importa no que você crê. Diclivius é o cumprimento do divino em todos nós.” Multidões o seguiam. Milagres falsos aconteciam. Estátuas de Diclivius começaram a ser erguidas. A Igreja verdadeira agora era chamada de “inimiga da paz global”. Fogo em Jerusalém: As Testemunhas se Erguem “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.”(Apocalipse 11:3) Enquanto o mundo se unia sob a Nova Ordem, Israel se tornava um problema geopolítico. Após se recusar a entrar no pacto global, o pequeno país se viu cercado por forças inimigas: Irã, Líbano e Síria ao norte; Palestina, Egito e milícias do Iêmen ao sul; Terroristas jihadistas e grupos extremistas financiados pelas potências submissas a Diclivius; Mísseis foram lançados sobre Tel Aviv e Haifa. Jerusalém foi sitiada. As IDF (Forças de Defesa de Israel) resistiram por dias. Até que a ONU foi dissolvida. E o Conselho de Unificação Global interveio. Diclivius, com seu exército de Guardiões da Ordem, marchou até o Oriente Médio. Em um feito sem precedentes, interrompeu os ataques em 24 horas e firmou um cessar-fogo entre 14 países hostis. O mundo o aclamou: “O Pacificador do Século.” Em gratidão, o novo governo de Israel — já enfraquecido — assinou um tratado de paz de 7 anos com a Nova Ordem. Muitos viram isso como o cumprimento de Daniel 9:27. Mas Elias, assistindo a tudo de longe com os membros da Resistência, murmurou: — “É o início da abominação desoladora.” A Voz que Ecoa em FogoEnquanto Diclivius caminhava pelos arredores do Monte do Templo, acompanhado por Janas e líderes mundiais, algo aconteceu. Um trovão rasgou os céus. E, do alto do Muro das Lamentações, duas figuras vestidas de pano de saco surgiram. Um deles segurava uma vara de ferro. O outro, um rolo de pergaminho antigo. Seus rostos eram severos. Seus olhos, como brasas. Um silêncio tomou Jerusalém. E então, eles falaram: — “Ai da terra! Ai das nações que se dobraram à besta!” O povo riu. Mas, de repente, uma coluna de fogo caiu dos céus, destruindo a réplica de estátua de Diclivius que seria erguida no Monte. As câmeras desligaram. Os drones caíram. Os soldados recuaram. O primeiro profeta ergueu o cajado: — “Por 1.260 dias, profetizaremos. E ninguém nos tocará. Fome, seca e pragas virão. Porque o Cordeiro já abriu os Selos!” Diclivius ficou imóvel. Mas seus olhos brilharam de ódio. E o falso profeta Janas recuou como quem via a luz pela primeira vez. Em todas as redes, as imagens das Duas Testemunhas viralizaram antes de serem apagadas. Mas já era tarde demais. Um grupo de judeus ortodoxos começou a crer. Uma multidão em Damasco se converteu. E nos porões da Resistência, Elias chorava. — Eles vieram. O Senhor não nos esqueceu. Mas Raquel sussurrou: — A besta também não esquecerá deles.

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (parte 8)

Serie Sete Selos - Parte 8

O Peso do Trigo: A Escolha do Terceiro Selo “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi o terceiro animal, dizendo: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto, e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão.” (Apocalipse 6:5) As semanas seguintes à fuga foram cruéis. A Resistência se refugiava em cavernas, túneis abandonados, e postos secretos subterrâneos. Mas mesmo com toda a preparação, os estoques começaram a acabar. Não chovia. A terra estava rachada, estéril. As plantações haviam sido confiscadas pela Nova Ordem. Nos noticiários (que ainda chegavam aos rebeldes por transmissões piratas), o anúncio foi categórico: “Devido à crise alimentar global, todo suprimento agrícola será redistribuído apenas aos cidadãos devidamente registrados no Sistema de Identidade Global.” O cavalo preto havia galopado com fúria. A fome agora era a nova arma. No interior de um bunker na floresta de Nova Esperança, Elias lia o texto de Apocalipse com voz embargada: — “E ouvi uma voz do meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho.” Raquel murmurou: — A comida se tornou moeda de escravidão. Gabriel fechou o punho. — Eles estão nos forçando a ceder. Nos empurrando para o limite. Miguel olhou ao redor. Viu crianças com os olhos fundos, mães desesperadas e homens distribuindo gotas de água como se fossem ouro. — Isso não vai durar — disse ele. — Precisamos fazer algo. Samuel, o líder da Resistência, bateu no mapa com o punho. — Há um comboio da Nova Ordem transportando grãos e suprimentos confiscados. Se o interceptarmos, conseguimos alimentar nossa base por semanas. Mas será arriscado. A segurança foi dobrada. E então… a reunião foi silenciada por um olhar. Lucas, até então calado, ergueu os olhos. — Ou… aceitamos o cartão. Todos se viraram em choque. — O quê?! — gritou Ana. Lucas continuou: — Não estou dizendo para abandonar a fé. Mas talvez… alguém precise se infiltrar. Receber o registro. Fingir que se curvou. E então, trazer os recursos para os outros. Pode ser nossa única chance. A sala gelou. Elias se levantou, os olhos ardendo. — Você quer vender sua alma para trazer pão ao corpo? — Não! Eu só… — Lucas engoliu seco. — Eu só não quero ver crianças morrendo. Pessoas boas. Não podemos simplesmente… deixá-las definhar. Miguel olhou para ele, pensativo. Havia algo ali. Um conflito legítimo. Raquel sussurrou: — E qual seria o preço disso, Lucas? E se você trouxer pão… e perder o céu? O Dilema da Ceia Sem Trigo Naquela noite, todos refletiram. Um por um, isolados em oração ou em silêncio. Gabriel afiava sua faca no canto da sala, já decidido a ir no comboio com Samuel. Miguel preparava uma nova edição de A Última Trombeta com a manchete: “A Fome Não é Motivo Para Idolatria.” Ana lia o Salmo 37 em voz baixa: “Fui moço e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão.” Elias caminhava sozinho pela floresta, como costumava fazer nos seus tempos de pastor. Orava. Chorava. Suplicava. E o Senhor respondeu com silêncio. Até que ele caiu de joelhos e clamou: — Senhor… me ajuda a conduzir esse povo. Me dá discernimento. Porque a fome já tirou o raciocínio de muitos… e está prestes a roubar a fé. Quando ele voltou, já era manhã. E havia uma decisão a ser tomada. A Escolha Coletiva Samuel reuniu todos no abrigo principal. — O comboio parte em 12 horas. Precisamos de voluntários. Será uma missão arriscada. Gabriel levantou a mão. — Eu vou. Ana, surpreendentemente, também ergueu a mão. — Se tiver chance de resgatar dados da rota ou sabotar o sistema deles, posso ajudar. Sou boa com tecnologia. Miguel hesitou. — Não nasci pra lutar… mas posso registrar tudo. E então, a pergunta pairou no ar como uma espada: — E Lucas? Todos olharam para ele. Ele respirou fundo. — Eu não vou me registrar. Mas quero ajudar. Se há outro jeito… se podemos vencer sem nos vender… então que venha a guerra. E assim, a escolha foi feita. O Dia em que o Pão Virou Prova O comboio foi emboscado numa estrada deserta. Houve luta. Sangue. Coragem. Ana invadiu o sistema de rastreamento da Nova Ordem e liberou os bloqueios digitais. Gabriel enfrentou dois soldados corpo a corpo. Miguel filmou tudo — para que o mundo visse. Ao final, o caminhão foi tomado. Mas ao abrir a carroceria… uma surpresa. Não era só comida. Havia caixas com chips de registro. Era uma armadilha. — Eles queriam nos testar — murmurou Samuel. — Quem abriria mão da resistência por uma promessa de fartura? E então, como se fosse uma cena bíblica, um velho irmão, magro e fraco, se ajoelhou ao lado da carroceria. — Isso é o maná do Egito. Mas eu escolho passar fome com Cristo… do que comer do banquete de Faraó. O grupo chorou. Gabriel colocou fogo nas caixas dos chips. E do alto da colina, Elias declarou: — O Cavaleiro Preto trouxe a fome… mas também revelou quem somos. Epílogo do Terceiro Selo Naquela noite, um milagre. Choveu. Água em abundância. E, ao lado da base da Resistência, brotou uma nascente antiga que havia sido soterrada por pedras há décadas. Os joelhos se dobraram. Não pelo medo. Mas pela gratidão. Porque, mesmo diante da fome… Eles escolheram a fidelidade. E o céu respondeu. Mas o som de tambores ao longe… indicava que o próximo selo estava se abrindo. E com ele, viria a Morte.

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 7)

Serie Sete Selos - Parte 7

Os Guerreiros da Luz: A Resistência Revelada O grupo corria pela escuridão da floresta como quem foge de uma sombra viva. Os sons do campo de processamento ainda ecoavam ao longe — gritos, tiros, sirenes, explosões. Raquel sentia o coração martelar em sua garganta, mas não era medo. Era urgência. O mundo que conheciam havia terminado, e agora, cada segundo poderia ser o último. Gabriel os guiava com precisão. Era como se conhecesse cada metro daquele terreno. Ao passar por uma clareira estreita, ele fez um sinal com as mãos. De repente, sombras emergiram das árvores — armadas, encapuzadas, olhos atentos. Por um instante, Lucas pensou que era o fim. Mas uma das figuras se aproximou e baixou o capuz. — Em nome de Cristo, sejam bem-vindos à Resistência. A voz era firme, grave, carregada de autoridade e misericórdia. Elias se aproximou, quase sem fôlego. — Quem são vocês? O homem estendeu a mão. — Major Samuel Monteiro. Servi por vinte anos no exército, mas hoje… sirvo a outro Rei. Atrás dele, dezenas de homens e mulheres emergiram entre as árvores. Alguns ainda usavam partes de uniformes militares. Outros vestiam roupas simples, mas todos estavam armados — física e espiritualmente. — Somos cristãos. Refugiados. Combatentes. Sobreviventes. Rejeitamos a Nova Ordem desde o primeiro decreto. E agora, nos tornamos o que chamamos de Guerreiros da Luz. Raquel arregalou os olhos. — Quantos são? — Espalhados pelo país? Milhares. Mas aqui, em Nova Esperança, somos pouco mais de cem. Gabriel apertou o ombro do major. — Eles precisam de abrigo. São fiéis. Recusaram o sistema. Samuel assentiu. — Sigam-me. A floresta ainda guarda segredos que o sistema não conhece. O Refúgio dos Justos Caminharam por mais meia hora até que chegaram a uma entrada camuflada entre raízes de uma árvore gigantesca. Havia uma espécie de elevador hidráulico escondido, e sob ele, um complexo subterrâneo se revelou — com água potável, alimento, geradores, camas e até mesmo uma sala de culto. — Construímos isso anos atrás, quando as profecias começaram a se alinhar com os eventos mundiais — explicou Samuel. — Alguns riram de nós. Agora… estão sendo colhidos. Elias sentou-se, exausto, mas em paz. — Vocês são um milagre. — Não somos o milagre — respondeu o major. — Mas cremos no Deus que ainda opera milagres. Naquela noite, pela primeira vez em muito tempo, o grupo dormiu com esperança. Mas a guerra estava apenas começando. As Faces da Queda: Ana, Miguel e o Pastor Ana Castilho — Quando a Cética Cai de JoelhosAna não correra com Miguel. Na noite do caos, ela havia sido separada, capturada e levada a um centro urbano de realinhamento — uma instalação diferente dos campos de prisioneiros. Lá, era tratada como alguém “em potencial para reeducação”. Ela passou semanas em uma sala branca, com paredes que falavam. Sim, falavam. Vozes programadas com inteligência artificial sussurravam mantras da Nova Ordem: “Não há verdade absoluta. O coletivo é o novo deus. A fé é uma superstição perigosa.” No início, Ana resistia com sarcasmo. Mas aos poucos, seu orgulho começou a rachar. Não pelas palavras… mas pelos pesadelos. Ela sonhava com chamas, multidões gritando, uma figura gloriosa em meio às nuvens… e os rostos dos que conheceu: Elias. Raquel. Miguel. Todos olhando para ela com lágrimas… mas indo embora. E ela… ficando. Até que um dia, a parede da sala projetou a imagem de Diclivius, o líder global. — O mundo precisa de você, Ana. Sua mente brilhante pode servir ao novo amanhecer. Ela desabou. Mas naquele instante, uma lembrança cruzou como um raio sua mente: a pregação de Elias na Igreja Central. “E se estivermos errados? E se tivermos que enfrentar a Tribulação? Será que nossa fé está pronta?” E então, pela primeira vez na vida, Ana orou. — Deus… se o Senhor é real… me tira daqui. Naquela madrugada, uma explosão abalou a instalação. A Resistência invadira o prédio — uma missão paralela à fuga do campo. No caos, ela foi resgatada. E ali, no meio do fogo cruzado, Ana Castilho caiu de joelhos. E chorou. Não de medo. Mas de fé. Miguel Vargas — O Jornalista Sem MáscarasMiguel, por sua vez, não deixou de observar. Mesmo dentro da Resistência, mantinha seu instinto jornalístico. Começou a entrevistar membros, registrar testemunhos, mapear os campos, decifrar o sistema de controle da Nova Ordem. — Precisamos mostrar isso ao mundo — dizia. — O mundo não quer mais saber da verdade — retrucava Gabriel. — Não… — Miguel insistia. — Mas há remanescentes por aí. Gente escondida, com rádio, com acesso à internet antiga, com fé. E eles precisam saber que não estão sozinhos. E assim, Miguel começou a criar um jornal clandestino. Chamado “A Última Trombeta”, o boletim circulava em pendrives, papéis camuflados e QR Codes escondidos em alimentos. E em cada edição, ele escrevia: “Ainda há quem não dobrou os joelhos a Diclivius. Ainda há quem escolheu a Cruz.” Miguel não era mais apenas um jornalista. Era um arauto. Daniel Antunes — O Pastor Que Não Acreditava Enquanto isso, em um centro de reprogramação intensiva da Nova Ordem, estava o homem que um dia pastoreou a maior igreja de Nova Esperança: Daniel Antunes. Desde a prisão, ele recusava-se a falar. — Eu preguei errado… — sussurrava. — Preguei errado por anos… No começo, acreditou que Deus o livraria. Depois, que ainda estava certo. Depois… que Deus o havia abandonado. Mas então vieram as sessões. Ele foi exposto a vídeos onde seus próprios cultos eram usados como prova da “inutilidade da fé tradicional”. O holograma de Diclivius ironizava suas pregações triunfalistas. Ele assistia, impotente. — Eu ria do Elias… ria… — dizia entre soluços. No fundo da cela, havia apenas uma Bíblia. Envelhecida, resgatada de um depósito. Daniel a pegou com mãos trêmulas e abriu no livro de Lamentações: “Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.” (Lm 3:27-28) Ele caiu com o

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 6)

o implante do chip

A Segunda Escolha A noite no campo de processamento era sombria. O ar pesado, impregnado com o cheiro metálico do medo, tornava cada respiração um esforço. Elias, Raquel, Lucas, Miguel e outros estavam separados dos que aceitaram se registrar na Nova Ordem. Gabriel havia sido arrastado para um destino incerto, e o grupo não sabia se voltaria a vê-lo. Elias observava os rostos ao seu redor. Muitos estavam confusos. Outros, em desespero. Mas todos sabiam que haviam chegado a mais um momento crucial. A Proposta Irrecusável Pela manhã, os portões do setor se abriram, e oficiais armados conduziram os prisioneiros para um pátio amplo. No centro, uma estrutura metálica de aparência cirúrgica estava montada. Uma fileira de prisioneiros já se formava à frente dela. Um homem de terno branco surgiu em um palanque improvisado. Não era um soldado. Seu tom era gentil, quase paternal. — Bem-vindos. Lamentamos que tenham chegado até aqui sem compreender o propósito da Nova Ordem. Vocês foram enganados por dogmas antiquados que os fizeram rejeitar a evolução da humanidade. Mas ainda há tempo para se redimir. Ele abriu os braços, um sorriso brando no rosto. — Hoje, vocês têm uma segunda chance. Escolham viver em harmonia conosco. Recebam a identidade global e garantam sua liberdade. Basta um simples procedimento. Um pequeno implante, uma aceitação formal. E então, tudo isso terminará. Elias trocou um olhar com Raquel e Lucas. Eles sabiam o que aquele “pequeno procedimento” significava. O Preço da Liberdade Os primeiros da fila hesitaram, mas, um a um, cederam. Com passos pesados, se dirigiam à máquina onde um funcionário escaneava seus olhos e implantava um pequeno chip sob a pele da mão direita. Assim que o processo era concluído, eram libertados do campo. — Eles estão livres… — sussurrou Lucas. — Não, Lucas — corrigiu Elias, com voz firme. — Eles estão presos de uma forma que nem imaginam. Lucas fechou os olhos. Ele já fizera sua primeira escolha ao rejeitar a Nova Ordem na praça, mas agora… agora era diferente. A fome doía, o medo pressionava. Seu corpo clamava por segurança. Raquel percebeu sua hesitação. — Você não pode recuar agora. Lucas passou as mãos pelo rosto. Seu coração dizia uma coisa, mas sua carne gritava outra. Se aceitasse o implante, poderia sair dali, recomeçar, talvez até ajudar os amigos de fora. Mas se recusasse… Ele olhou para os soldados ao redor. Os que rejeitavam o processo estavam sendo levados para uma ala separada. E então veio o grito. Uma mulher, uma idosa frágil, recusou o implante. Dois guardas a seguraram com força e a arrastaram. — Eu não me curvo! Meu Salvador já pagou o preço! — ela clamou antes de desaparecer pelo corredor. Lucas estremeceu. Miguel deu um passo à frente e se colocou ao lado de Elias. — Se for para morrer, que seja de pé. Os olhos de Elias brilharam com determinação. Ele virou-se para o homem de terno branco. — Nós não aceitaremos. A expressão serena do homem se desfez por um instante. — Tem certeza? Estão prontos para o que virá? Elias manteve a postura firme. — Já fizemos nossa escolha. O homem suspirou e assentiu para os guardas. — Recolham estes. Lucas sentiu suas pernas fraquejarem. Raquel segurou sua mão e sussurrou: — O Senhor nos sustentará. Os soldados avançaram, separando os resistentes dos que haviam cedido. Alguns gritavam, outros choravam. O grupo de Elias foi empurrado para um novo corredor escuro. E ali, ao longe, ouviu-se o som de correntes sendo arrastadas. A Fuga Improvável Enquanto eram conduzidos pelo corredor sombrio, um estrondo sacudiu as paredes. O som foi seguido por disparos e gritos abafados. As luzes piscavam freneticamente, e um alarme começou a soar por todo o complexo. — O que está acontecendo?! — sussurrou Miguel, tentando olhar ao redor. De repente, os guardas que os escoltavam foram atingidos por tiros silenciosos. Dois caíram imediatamente, e um terceiro cambaleou antes de ser puxado para dentro da escuridão. — Baixem-se! — sussurrou uma voz familiar. Elias arregalou os olhos ao reconhecer Gabriel. Sujo, ensanguentado, mas vivo. — Como…? — começou Raquel, mas Gabriel a interrompeu. — Sem tempo para explicações. Sigam-me agora! Ele pegou as chaves do carcereiro caído e começou a destrancar as algemas do grupo. Enquanto isso, o caos se espalhava pelo campo. Gritos, explosões e sirenes se misturavam. — Eles foram atacados — explicou Gabriel. — Não sei quem, mas há uma resistência lá fora. Lucas hesitou. — Então não estamos sozinhos? — Nunca estivemos — respondeu Elias, antes de agarrar o braço de Miguel e correr. O grupo seguiu Gabriel por uma saída lateral, atravessando corredores tomados pelo pânico. Guardas corriam para todos os lados, alguns tentando conter o motim, outros fugindo do ataque misterioso. Quando chegaram a uma porta externa, Gabriel abriu com um cartão de acesso roubado e os levou para fora. O ar frio da madrugada bateu contra seus rostos. Diante deles, um campo vasto se estendia sob a lua pálida. E ao longe, na floresta, sombras se moviam. — Quem são eles? — perguntou Raquel. Gabriel apertou os punhos. — Ainda não sei… Mas estão lutando contra a Nova Ordem. Eles não tinham escolha. Com o coração disparado, correram na direção das sombras, sem saber o que encontrariam pela frente. A luta ainda não havia acabado.

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 5)

campo de concentracao

Parte 5 – O Cativeiro da Nova Ordem Naquela mesma noite o comboio da Unificação dirigiu-se à igreja Central onde estava os crentes. A chegada foi abrupta e a invasão não fora um ataque aleatório. Horas antes, a cidade já estava em polvorosa com as medidas emergenciais anunciadas pelo governo global. Tropas da Nova Ordem patrulhavam as ruas, implantando bloqueios, estabelecendo toque de recolher e prendendo qualquer um que demonstrasse resistência. Dentro da igreja, os irmãos debatiam sobre o próximo passo. Elias insistia que precisavam sair antes que fossem localizados. Mas o pastor Daniel Antunes ainda tentava processar tudo o que estava acontecendo. — Se fugirmos agora, estaremos assumindo que somos culpados! — argumentou Daniel, suando frio. — A igreja sempre foi um lugar de refúgio! Deus nos guardará aqui! — Daniel, eles não respeitam igrejas — rebateu Elias. — Este não é mais o mundo que conhecíamos. Eles já nos rotularam como insurgentes. Precisamos agir antes que seja tarde. Lucas, que mexia no celular, arregalou os olhos. — Tem algo acontecendo nas redes! Estão dizendo que várias igrejas foram cercadas esta noite. Alguns pastores estão sendo presos sob a acusação de “incitação ao extremismo religioso”. O coração de Elias apertou. Eles não tinham mais tempo. E então, vieram as sirenes. Pela janela, puderam ver os veículos negros da Nova Ordem parando diante da igreja. Luzes vermelhas varriam a fachada do templo. Vozes amplificadas ecoaram pelos alto-falantes: “Todos que estiverem dentro do edifício, saiam imediatamente com as mãos à vista! Esta reunião não está autorizada! O não cumprimento resultará em ações enérgicas!” Gabriel, que já previra algo assim, pegou uma cadeira e bloqueou a porta lateral. — O que fazemos?! — sussurrou Raquel, seu rosto pálido de tensão. Elias sabia que resistir seria suicídio. Mas fugir era impossível. — Vamos nos entregar, mas não nos dobrar — disse ele. — O que quer que aconteça, não aceitem nada deles. A porta da frente foi arrombada com um estrondo. Soldados entraram com rifles erguidos, apontando para todos. Um dos oficiais, de rosto severo, falou alto: — Vocês estão sendo levados sob custódia por insubordinação à Nova Ordem. Não ofereçam resistência! Gabriel, ainda de joelhos, analisava o ambiente. Ele sabia que, se reagissem ali, seria um massacre. Eles não tinham chance contra armas automáticas e equipamentos táticos. — Façam o que pedem — sussurrou ele para o grupo. — Por enquanto. Daniel Antunes, o pastor da igreja, ainda estava em choque. Suas convicções haviam sido destruídas em um só golpe. Ele acreditava que a igreja jamais passaria pela Tribulação, mas agora estava no chão, rendido, diante dos soldados da Nova Ordem. Os fiéis foram algemados e retirados da igreja sob gritos e insultos de alguns vizinhos que já haviam se rendido à Nova Ordem. Em meio à escuridão da cidade, caminhões militares estavam estacionados em frente ao templo. Um por um, foram jogados para dentro dos veículos e levados para um destino desconhecido. O Campo de Processamento A viagem durou horas. O motor roncava, e dentro do caminhão, ninguém ousava falar. O cheiro de suor e medo impregnava o ar. Quando finalmente pararam, as portas se abriram com violência, e a luz forte dos holofotes cegou os prisioneiros por alguns instantes. Eles estavam em um grande complexo. Cercas elétricas delimitavam a área, e torres de vigilância com atiradores monitoravam cada movimento. O que antes parecia um delírio das antigas teorias da conspiração, agora era realidade. Uma voz metálica soou pelos alto-falantes: “Bem-vindos ao Centro de Reeducação da Nova Ordem. Aqui, vocês terão uma segunda chance para se alinhar com o novo futuro da humanidade.” Os soldados começaram a separá-los em filas. Elias olhou para Miguel e Gabriel. O policial parecia tenso, mas mantinha a postura. Miguel, por outro lado, estava suando frio. Ele era um homem acostumado a investigar os segredos do mundo, mas agora, era parte de um. — Nome! — gritou um oficial, segurando um dispositivo digital que escaneava os rostos dos prisioneiros. — Elias Vasconcelos — respondeu com firmeza. O soldado apertou a tela do dispositivo e uma luz vermelha piscou. — Não identificado no sistema global. Você será categorizado como não registrado. Raquel, ao lado de Lucas, engoliu em seco. — O que significa ‘não registrado’? — perguntou Miguel. O soldado olhou para ele e sorriu de lado. — Significa que você tem duas opções: se registrar na Nova Ordem ou… desaparecer. A Escolha Imposta Elias fechou os olhos. O segundo selo do Apocalipse estava em pleno cumprimento. A guerra havia tirado a paz da Terra e, com ela, vieram as perseguições. Agora, o mundo se dividia entre os que aceitavam o governo de Diclivius Macmillan e os que resistiam. Os prisioneiros foram empurrados para dentro de uma grande instalação. Uma fila se formava diante de uma bancada onde funcionários da Nova Ordem, trajados com uniformes prateados, registravam os recém-chegados. A mulher à frente olhou para Raquel e apontou para um painel ao lado. — Sua identidade será vinculada ao novo sistema da Nova Ordem. Sua lealdade garantirá seu acesso à economia global e à segurança garantida por Diclivius Macmillan. Raquel olhou para Elias, que balançou a cabeça sutilmente. — Eu não aceito — respondeu ela. O ambiente ficou tenso. O funcionário fez um gesto discreto para um soldado próximo, que colocou a mão no coldre da arma. — Você tem certeza? — insistiu a funcionária. — Isso significa que você será enviada para reabilitação. Ou pior. — Eu tenho certeza — disse Raquel com a voz firme. Outros prisioneiros começaram a perceber o dilema. Alguns hesitavam. Outros, desesperados, se adiantavam para se registrar, implorando para serem aceitos no sistema. Lucas olhou para o chão. Seu coração batia acelerado. — Se eu aceitar… pelo menos ficarei vivo, certo? — murmurou. Miguel apertou seu ombro. — Vivo, mas a que custo? A fila andava. Gabriel foi chamado. Elias o observava atentamente. — Senhor Gabriel Costa, sua ficha está em análise. Aceita ser registrado no sistema global? Gabriel respirou

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 4)

cavaleiro vermelho

Parte 4 – O Cavaleiro Vermelho O caos se intensificava. Naquela madrugada em Nova Esperança, a cidade mergulhava em trevas e pânico. Elias, Raquel, Lucas, Gabriel, Miguel e Ana ainda estavam na Igreja Central, tentando entender os acontecimentos. O noticiário transmitido pelo celular de Miguel mostrava imagens desesperadoras: tumultos nas ruas, saques em mercados, pessoas sendo arrastadas por forças desconhecidas. O governo global não demorou a agir. — Isso não é só colapso social — murmurou Elias. — É uma guerra se formando. A profecia do segundo selo do Apocalipse ecoava em sua mente: “E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava montado sobre ele, foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.” (Apocalipse 6:4). Os sinais eram claros. O primeiro selo, o Cavaleiro Branco, trouxera Diclivius Macmillan e a promessa de uma nova era. Agora, a paz que ele oferecia se desfazia como areia ao vento. E o mundo, cego pela falsa segurança, começava a se rasgar em pedaços. O Primeiro Golpe Os celulares vibraram novamente. Desta vez, não era um alerta comum. Era um pronunciamento urgente. “Cidadãos, devido aos recentes eventos de instabilidade, o Conselho de Unificação Global decretou estado de emergência. Para garantir a segurança, será necessário um controle rigoroso das movimentações. Pedimos que todos fiquem em suas casas. Rebeldes e extremistas têm causado perturbações e precisamos restaurar a ordem. Qualquer resistência será tratada como insurgência.” A mensagem era assinada pelo próprio Diclivius. Lucas se afastou, sentindo a cabeça girar. — Isso está se tornando uma ditadura… — Não está se tornando — corrigiu Gabriel. — Já se tornou. Raquel olhou pela janela. O céu permanecia escuro, e a cidade agora tremia sob as explosões e gritos. Grupos armados surgiam em várias ruas, não apenas saqueadores comuns, mas forças paramilitares mascaradas, reprimindo qualquer um que se recusasse a obedecer ao novo regime. A guerra havia começado. A Ruína de Nova Esperança Na manhã seguinte, os irmãos da igreja estavam reunidos em silêncio. Muitos não haviam pregado os olhos desde que tudo começara. Pastor Daniel Antunes andava de um lado para o outro, ainda tentando entender como tudo desmoronou tão rápido. — Não pode ser! Deus nos prometeu livramento! — sua voz estava trêmula. — Isso… isso não é a Tribulação, é? Nós não devíamos estar aqui! Elias fechou os olhos por um momento. — Eu tentei avisar — sussurrou. — Mas ninguém quis ouvir. Daniel olhou para ele, furioso. — Você não pode simplesmente dizer “eu avisei” e esperar que aceitemos que estávamos errados! O que vamos fazer agora?! Foi Miguel quem respondeu: — Sobreviver. Em todo o país, cidades estavam sendo tomadas por levantes armados. Revoltas explodiam em todos os continentes. O governo global enfrentava resistência, e os exércitos se mobilizavam. O mundo estava à beira de uma guerra sem precedentes. Raquel, que folheava as Escrituras, leu em voz alta: — “E que se matassem uns aos outros.”… As pessoas não apenas estão sendo atacadas… elas estão matando umas às outras. Um silêncio pesado caiu sobre o grupo. Gabriel limpou o suor da testa. — É uma guerra civil global. A televisão da igreja, ainda funcional, piscou. De repente, o rosto de Diclivius reapareceu. “A paz não pode ser restaurada sem sacrifícios. Rebeldes infiltrados trabalham contra o futuro da humanidade. Mas o Conselho Global já tem uma solução.” As palavras foram seguidas por imagens de homens e mulheres uniformizados marchando pelas ruas com armas avançadas. Postos de controle foram erguidos. E então, o golpe fatal: “Aqueles que se recusarem a colaborar com a Nova Ordem serão considerados inimigos do futuro.” Era um aviso. Quem não se alinhasse, seria exterminado. Fuga ou Resistência? — Eles vão começar a nos caçar — disse Miguel, desligando o rádio. — Pessoas que questionam a Unificação… são as primeiras a serem eliminadas. Lucas olhou para Elias, desesperado. — O que fazemos agora? Ficamos ou fugimos? Elias se levantou, decidido. — Não podemos confiar em nada além do que a Palavra já nos disse. Não podemos nos curvar. Mas ficar aqui por muito tempo é perigoso. — Para onde iremos? — perguntou Raquel. Gabriel olhou para ela, sombrio. — Para qualquer lugar onde não possam nos encontrar. O grupo começou a reunir suprimentos. Água, comida, roupas. Eles sabiam que não podiam mais permanecer na igreja. Era questão de tempo até que agentes da Nova Ordem chegassem. E quando chegassem, não haveria misericórdia. O grupo de crentes da Igreja Central passou a noite no templo cientes de que agora, cada escolha definiria quem sobreviveria. A Primeira Escolha O silêncio que antecede o caos é sempre o mais aterrorizante. O anúncio da Nova Ordem sobre o novo governo global já circulava há alguns dias, mas naquela manhã, algo parecia diferente. Elias, Raquel, Lucas, Gabriel e Miguel haviam se reunido na livraria de Elias para discutir o que estava acontecendo. — Eles vão impor esse sistema — disse Gabriel, jogando um jornal sobre a mesa. — Não se trata mais de escolha. Quem não se alinhar, será marcado como inimigo. Raquel folheou as páginas e encontrou um trecho sublinhado: “O novo sistema econômico garantirá segurança e acesso a recursos a todos os cidadãos cadastrados. Aqueles que se recusarem a se registrar poderão enfrentar sanções severas.” — Isso não pode estar acontecendo… — murmurou Lucas, sentindo um nó na garganta. — Sempre nos disseram que a igreja não passaria por isso. — Então nos disseram errado — respondeu Elias. — E agora, temos que decidir o que fazer. A sala ficou em silêncio. Era esse o momento da escolha. Não era apenas um posicionamento religioso ou filosófico. Era uma decisão de vida ou morte. O Chamado à Decisão Naquele mesmo dia, o governo anunciou uma reunião obrigatória em todos os distritos da cidade. No local, cidadãos deveriam comparecer para ouvir as diretrizes da Nova Ordem e, ao final, escolher seu futuro: se registrar ou ser excluído do sistema. Lucas hesitou. —

Série: Sete Selos, Sete Escolhas (Parte 3)

O Cavaleiro Branco

Parte 3 – O Cavaleiro Branco O mundo nunca mais seria o mesmo. Às 21h, todos os canais de TV, plataformas de streaming, redes sociais e rádios foram interrompidos simultaneamente. A transmissão começou com o logotipo de uma recém-formada Aliança Global, um símbolo dourado representando um círculo entrelaçado por linhas, como uma rede interligada. A tela escureceu por alguns segundos e então a imagem surgiu. Um homem estava sentado atrás de uma mesa de mármore, vestindo um terno impecável. Seu rosto era jovem, carismático, mas ao mesmo tempo misterioso. Seus olhos tinham algo hipnótico, como se escondessem segredos que ninguém jamais compreenderia. — Boa noite, cidadãos do mundo — sua voz era calma e firme, transmitindo autoridade sem agressividade. — Hoje entramos em uma nova era. Os corações de milhões de pessoas ao redor do mundo dispararam. Na casa de Elias, ele, Lucas, Raquel e Gabriel assistiam à transmissão com um silêncio tenso. No outro lado da cidade, Miguel e Ana acompanhavam a cena de um bar, enquanto dezenas de pessoas olhavam fixamente para a TV sem piscar. — Meu nome é Diclivius Macmillan, e fui escolhido para liderar o primeiro Conselho de Unificação Global. Não represento um país, mas toda a humanidade. O mundo precisa de ordem. Precisamos superar divisões, guerras e a crescente crise. Hoje, apresento a vocês a solução. Ele fez uma breve pausa, respirando profundamente. — A partir de agora, as nações da Terra trabalharão sob uma mesma liderança, uma mesma economia e um mesmo propósito. Um único governo global para garantir que a humanidade prospere. Isso não é uma imposição, mas um convite. Aqueles que se unirem a nós terão acesso a um sistema seguro, recursos abundantes e estabilidade garantida. E então veio o golpe final. — Em breve, introduziremos um novo sistema econômico digital, baseado em uma identidade única e integrada. Ele será sua chave para um futuro seguro, livre de crimes financeiros e corrupção. Quem aceitar, nunca mais sofrerá com fome, pobreza ou insegurança. Lucas levou as mãos à cabeça. — Isso está acontecendo de verdade? Gabriel apertou os punhos. — Esse cara é o Anticristo. Elias manteve os olhos fixos na tela, sem dizer nada (ele já havia analisado e calculado que o nome do novo líder da Unificação Global – “Diclivius” – quando decodificado em algarismos romanos também poderia resultar em 666 → D = 500, C = 100, L = 50, V = 5, I = 1). Raquel sentiu seu estômago revirar. — Ele está vendendo o paraíso… mas há um preço. Na tela, Diclivius continuava: — A escolha é sua. O futuro pertence aos que ousam aceitá-lo. A transmissão foi encerrada abruptamente. O silêncio reinou. E então, o caos começou. O Colapso da Cidade Minutos após o pronunciamento, protestos e tumultos explodiram ao redor do mundo. Algumas pessoas celebravam a “nova era”, mas muitas estavam revoltadas. A promessa de um sistema unificado parecia boa demais para ser verdade. As redes sociais entraram em colapso. Milhares de teorias surgiram instantaneamente. Alguns diziam que Diclivius Macmillan era um visionário. Outros afirmavam que ele era o prenúncio de algo muito pior. Mas nada preparou as pessoas para o que aconteceu a seguir. Às 23h, o céu mudou. Em Nova Esperança, centenas de pessoas estavam reunidas na Praça Central quando uma luz branca intensa cortou os céus como um raio silencioso. O ar ficou denso, pesado, como se algo invisível estivesse pressionando tudo para baixo. E então veio o som. Um estrondo profundo, que não era exatamente um trovão, nem uma explosão. Era algo mais… primitivo. Como o rugido de uma força invisível atravessando a atmosfera. Elias, Raquel, Lucas e Gabriel correram para a rua e olharam para cima. — Isso… isso não é normal! — exclamou Raquel, apontando para o céu. No horizonte, uma luz prateada começou a se expandir, como uma aurora boreal deformada. As pessoas na rua gritavam, algumas filmando, outras correndo em pânico. Lucas segurou o braço do tio. — Isso faz parte das profecias? Antes que Elias pudesse responder, o blecaute aconteceu. As luzes da cidade se apagaram de uma vez. Prédios ficaram mergulhados na escuridão. Apenas os faróis dos carros iluminavam as ruas. Gritos. Sirenes. E então… os tiros começaram. O Caos nas Ruas O colapso foi instantâneo. Com o apagão, os sinais de trânsito deixaram de funcionar, causando acidentes em massa. O pânico se espalhou como um incêndio descontrolado. Os mercados foram invadidos. Pessoas saqueavam comida e água, antecipando o pior. Relatos de violência e ataques surgiam em todos os bairros. No bairro industrial, onde Miguel e Ana estavam, a situação ficou ainda pior. Homens armados tomaram conta das ruas, saqueando lojas e atacando quem tentasse resistir. — Precisamos sair daqui! — disse Miguel, puxando Ana pelo braço. — Mas para onde? — Para qualquer lugar que não seja aqui! Eles correram pelos becos enquanto tiros ecoavam ao longe. O que antes era uma cidade comum agora parecia um campo de guerra urbano. O Encontro na Igreja Elias e os outros sabiam que precisavam encontrar abrigo. Eles se reuniram na Igreja Central de Nova Esperança, onde dezenas de irmãos também estavam se refugiando. O pastor da igreja, Daniel Antunes, tentava manter a calma. — Meus irmãos, devemos orar! Deus está no controle. — Deus está no controle? — gritou um homem no fundo. — Então por que tudo isso está acontecendo? O silêncio foi cortante. Elias deu um passo à frente. — Eu não sei. Mas uma coisa eu sei: nós não podemos ignorar os sinais. — Você quer dizer… que estamos na Tribulação? — perguntou uma mulher, a voz trêmula. — Eu não sei — Elias respondeu com honestidade. — Mas se estivermos, precisamos nos preparar para o pior. Gabriel olhou para o grupo e balançou a cabeça. — O que está vindo é só o começo. De repente, a porta da igreja se abriu violentamente. Miguel e Ana entraram, ofegantes. — Vocês precisam ver isso — disse Miguel. Ele ergueu o celular, mostrando

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