O MARTÍRIO DAS DUAS TESTEMUNHAS
“E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.”
(Apocalipse 11:7)
A Última Profecia
Jerusalém estava em silêncio.
Pela primeira vez em muitos dias, as Duas Testemunhas não falaram pela manhã.
Elas estavam no mesmo local de sempre, diante do Muro das Lamentações, com seus mantos escuros e olhos flamejantes — mas em profundo silêncio.
Alguns pensavam que estavam fracas.
Outros, que estavam preparando uma nova praga.
Mas Elias, assistindo ao vivo da base da Resistência, percebeu algo.
— “Elas terminaram.”
Miguel engoliu em seco.
— “Você quer dizer… que o tempo delas… acabou?”
— “Sim. Elas profetizaram por 1.260 dias. Agora… o Cordeiro silenciou suas bocas, e a espada da besta será permitida.”
Raquel segurou o choro.
— “Elas… vão morrer?”
E Elias, olhando para o céu, respondeu:
— “Vão… mas com glória.”
A MARCHA DA MORTE
Naquela tarde, um exército marchou por Jerusalém.
Não eram apenas soldados da Nova Ordem. Eram os Guardas do Fogo — uma nova tropa formada após a “ressurreição” de Diclivius, especializada em armamento disruptivo e avançado, criada exclusivamente para eliminar as Testemunhas.
Liderando a comitiva, vinha Janas, o Profeta Supremo, trajando branco, com olhos inchados de ira e um cajado de tecnologia arcana — mescla de ciência e ocultismo.
— “Chegou o dia. Diclivius, o nosso deus encarnado me deu autoridade. O mundo verá que os deuses da Antiga Fé serão silenciados!”
Ele apontou para as Testemunhas.
— “Acabem com elas.”
Mas nenhum soldado se movia, apenas tremiam – foi quando o chão tremeu.
E do meio da terra… surgiu um “armamento” nunca antes visto.
Não era humano. Nem robótica. Era metade máquina, metade criatura, olhos sem pupila, pele como ferro fundido e voz como trovão amplificado por mil alto-falantes.
Ela ergueu sua arma viva: uma lança negra que parecia pulsar com energia das trevas.
As Testemunhas olharam uma para a outra.
E então, se ajoelharam.
Sim. Ajoelharam-se. Mas não diante da besta.
Ajoelharam-se para o Cordeiro.
E sussurraram ao mesmo tempo: — “Está consumado.”
Enfim, Janas, autorizou o ataque – e a “simbiose mortal” reunida naquele “armamento” inexplicável – arremessou sua lança negra com uma explosão de energia antinatural.
Um raio silencioso atravessou os céus de Jerusalém.
As Testemunhas foram atingidas.
E pela primeira vez… não houve fogo.
Seus corpos tombaram.
Silenciosamente.
Sem resistência.
Sem gritos.
O mundo prendeu a respiração.

A FESTA MUNDIAL DA ESCURIDÃO!
O corpo das Testemunhas ficou estendido no chão por 3 dias. As autoridades proibiram o sepultamento — transmitindo a cena ao vivo para todo o planeta.
E então… a festa começou.
Fogos de artifício explodiram sobre Tel Aviv, Nova York, Tóquio e Paris.
Estátuas de Diclivius foram levantadas no lugar onde as Testemunhas morreram.
Pessoas enviavam presentes uns aos outros, dizendo:
“As pragas acabaram. Os profetas da dor estão mortos!”
Em Las Vegas, um show foi feito em homenagem à “Nova Era sem os dois malditos“.
Influenciadores criaram a hashtag #AdeusProfetas.
A Ecclesia Unum lançou um selo comemorativo com o rosto de Janas e a inscrição:
“A luz venceu a sentença.”
Mas no abrigo da Resistência, Elias chorava.
Gabriel se afastou para não explodir.
Lucas murmurou: “Mas… e agora?”
E Ana, com olhos em lágrimas, respondeu:
— “Agora… o terceiro dia.”
O TERCEIRO DIA
Após três dias e meio, algo aconteceu.
Na madrugada em Jerusalém, enquanto um grupo de jovens bêbados zombava diante dos corpos, uma nuvem branca desceu sobre o local.
Mas não era neblina. Era glória.
As câmeras ao redor do mundo mostraram, ao vivo: As Testemunhas se levantando.
Sim. Levantaram-se com os olhos acesos como fogo renovado. Os mantos rasgados tornaram-se como linho resplandecente.
E uma voz, não da Terra, mas do Céu, ecoou: “Subi cá.”
As Testemunhas olharam para cima e foram assumidas em glória visível.
Um terremoto sacudiu Jerusalém naquele instante.
Milhares morreram.
As estátuas de Diclivius foram rachadas.
O templo ecumênico da Ecclesia Unum foi partido ao meio.
E… os sobreviventes temeram, e alguns glorificaram a Deus.
EPÍLOGO PROFÉTICO
Na base da Resistência, silêncio.
Elias caiu de joelhos.
Raquel tremia.
Miguel, em lágrimas, escreveu a manchete de sua próxima edição de A Última Trombeta:
“A Morte Não os Venceu — As Duas Testemunhas Ressuscitam e Sobem ao Céu.”
Lucas falou:
— “Eles morreram… mas não foram derrotados.”
E Elias completou:
— “Eles cumpriram o seu tempo. Agora… é nossa vez.”
E enquanto a Terra celebrava… o Céu preparava as trombetas finais.
Porque os Selos haviam aberto o caminho.
E os ventos da ira estavam soprando.

QUANDO A MORTE BATE E A FÉ RESPONDE
“E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia…” (Apocalipse 6:7-8)
A Ruptura do Quarto Selo
No porão silencioso do abrigo da Resistência, Elias orava em lágrimas. Um peso espiritual inundava sua alma.
De repente, ele se ergueu como quem ouvira uma trombeta invisível.
— Ele abriu… o Quarto Selo.
No mesmo instante, do lado de fora, o céu escureceu de forma antinatural.
Não era nuvem.
Era como se a luz tivesse sido drenada do mundo.
Os termômetros dispararam, e em 48 horas, milhões morreram por uma praga fulminante — uma variação acelerada e agressiva de uma peste respiratória que nem a ciência da Nova Ordem conseguia explicar.
A Ecclesia Unum dizia: “A natureza se revolta contra os infiéis.”
Mas os verdadeiros crentes sabiam: era o Cavalo Amarelo e seu cavaleiro que passavam.
Nos hospitais do mundo, corpos se acumulavam.
Nações pediam socorro. Mas os Guardiões da Ordem apenas protegiam os templos da Igreja Global e os bunkers onde estavam os aliados políticos.
Israel também foi atingido.
O cessar-fogo promovido por Diclivius se revelou inútil.
Os inimigos recomeçaram o cerco, desta vez com drones suicidas e armamento biológico.
ESCOLHAS NO VALE DA SOMBRA
A Resistência começou a perder membros. Samuel, o líder militar, foi contaminado.
Com febre alta e delírios, chamava por sua filha falecida.
Raquel ficou ao seu lado, cantando salmos.
— Se Deus quiser me levar, que seja no meio da fidelidade — disse ele.
Miguel escrevia sem parar.
Relatava tudo.
— A verdade precisa sobreviver a nós — dizia.
Lucas… hesitava.
Ele não estava infectado, mas seu irmão mais novo, refugiado com eles há pouco, fora atingido.
— O sistema oferece tratamento… se eu aceitar o registro.
Elias o encarou com os olhos firmes.
— A Morte que vemos agora não é a pior. A segunda morte… é eterna.
Lucas caiu de joelhos, em lágrimas.
— Eu não quero perdê-lo!
— Mas vale a pena ganhar um corpo… e perder uma alma?
A VISITA DO CAVALEIRO AMARELO
Na noite seguinte, o abrigo foi invadido pela praga.
Quase todos apresentaram sintomas.
Elias reuniu os que podiam ficar de pé.
— O Cavaleiro veio. Mas nós… não corremos dele. Nós o enfrentamos com fé.
— E se morrermos? — perguntou Ana, ofegante, com a pele pálida.
— Então morremos crendo. Como Estevão. Como Paulo. Como nossos irmãos que foram serrados, queimados, esquecidos… mas não negaram.
Gabriel, mesmo fraco, segurou sua arma.
— Ele pode levar o corpo. Mas minha alma… já tem dono.
A Fé Responde
Naquela madrugada, um vento diferente soprou sobre o abrigo.
Alguns irmãos morreram em paz.
Outros despertaram… curados, sem explicação.
Entre eles, Samuel.
— Sonhei com cavalos e fogo… e uma mão me puxou — contou. — Era como se a morte não tivesse permissão de me tocar.
Raquel sussurrou:
— A morte obedece ordens. E o Cordeiro é quem tem as chaves da vida!
A Última Colheita: Quando o Céu Chora e a Terra Clama
“E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a nenhuma árvore, senão somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre as suas testas.”
(Apocalipse 9:4)
A Nova Fase do Juízo
Após a ruptura do Quarto Selo e da devastação causada pela peste, os membros da Resistência ainda se recuperavam do luto e da fome. Mas Elias sabia: a próxima fase não seria contra o corpo… mas contra a alma.
Enquanto orava na câmara secreta do abrigo, uma visão o envolveu. Era como se o Espírito o transportasse para o alto de uma montanha — e lá, viu nuvens negras surgindo do abismo, como fumaça viva, e dela saíam criaturas que não eram deste mundo.
E então ouviu:
— “Estes são os gafanhotos do abismo. E têm poder de atormentar os que não têm o Meu selo.”
Ao acordar, Elias correu até a área comum e compartilhou:
— “O julgamento agora será psíquico, espiritual. Não se trata mais de vírus. Mas de tormentos da mente. O inferno está sendo autorizado a tocar os ímpios.”
Lucas perguntou, assustado:
— “Mas e os que não aceitaram a marca, mas ainda não decidiram por Cristo?”
Elias abaixou os olhos.
— “Esses também não estão selados… e estão expostos.”
Visões e Delírios
Na superfície, os sinais começaram a se espalhar.
Em Nova York, câmeras de segurança mostravam pessoas se jogando de prédios, alegando ouvir vozes dizendo: “Você já foi julgado.”
Na China, um centro da Nova Ordem foi fechado após seus próprios soldados enlouquecerem, arrancando os olhos.
Na África, um influente líder da Ecclesia Unum gritava em um culto: “Há olhos no escuro! Há bocas nos espelhos!”
As redes censuravam os vídeos, alegando “ataques cibernéticos de desinformação religiosa”, mas o medo já se espalhava. Não havia explicação científica. A medicina não tinha remédio. A Nova Ordem, por sua vez, dizia que era culpa das Duas Testemunhas, acusadas de lançar “pragas espirituais”.
Mas Elias sabia: era Apocalipse 9.
“Cinco meses de tormento… mas sem que morram.”
O Selo Invisível
Enquanto isso, no abrigo da Resistência, algo sobrenatural acontecia.
Durante uma vigília, uma mulher recém-convertida da Nova Ordem caiu de joelhos e disse:
— “Eu vi… letras de fogo sendo escritas na testa de alguns. Era como… o nome de Yeshua!”
Raquel se aproximou, segurando a mão da mulher:
— “Você está tendo uma revelação. É o selo de Deus.”
E então, começou um movimento espontâneo.
Pessoas se convertiam, se quebrantavam. Homens e mulheres que ainda hesitavam, agora clamavam:
— “Senhor, salva-me! Marca-me com teu selo!”
Lucas, até então lutando com conflitos interiores, caiu com o rosto em terra.
— “Perdoa minha incredulidade, Senhor. Eu escolho o Teu Reino, ainda que morra por isso.”
E naquele momento, o invisível aconteceu.
A paz encheu o ambiente. Um calor santo percorreu a base.
E Gabriel testemunhou:
— “O medo se foi. Algo foi selado em nós. Eu… eu sei que fomos marcados.”
Elias ergueu a Bíblia.
— “O Senhor selou os Seus. Agora os juízos continuam, mas nós não seremos tocados por esses tormentos.”