FELIZ DIA DO PROFESSOR!

Era uma manhã ensolarada em Betânia, e a pequena igreja local estava em plena atividade. No modesto salão de Escola Dominical, sentava-se o velho professor Samuel, um homem de sorriso sempre presente, aguardando ansioso a chegada dos alunos. Por mais de três décadas, ele havia dedicado sua vida a ensinar a Palavra de Deus para as crianças da igreja, muitas das quais agora eram jovens adultos. O professor Samuel não era conhecido por grandes sermões ou palavras eloquentes, mas por sua paciência, bondade e amor inabalável pela missão de plantar sementes no coração das crianças.

Toda semana, ele ensinava histórias bíblicas, cantava louvores e, mais importante, dava conselhos práticos, muitas vezes temperados com sabedoria simples, mas profunda. Entre seus alunos estavam Gabriel, Marta, João e Raquel. Quando crianças, todos amavam estar na classe do professor Samuel. Eles ouviam com atenção suas histórias sobre Davi, Daniel e Jesus, fascinados com a forma como ele tornava cada lição viva.

À medida que os anos passavam, esses mesmos alunos começaram a crescer e se afastar da simplicidade de suas infâncias. Quando chegaram à adolescência e juventude, Gabriel entrou para a faculdade de Direito, Marta começou a trabalhar em uma grande empresa, João decidiu seguir carreira nas artes e Raquel viajou para o exterior. O contato com o professor Samuel, outrora frequente, agora era raro, e logo os jovens passaram a ver os ensinamentos de sua infância como antiquados. Alguns até mesmo riram das “simples lições” de Samuel, considerando-as irrelevantes para o mundo moderno e competitivo em que viviam.

Aos poucos, a turma deixou de ir à igreja e passou a desprezar, ainda que de forma inconsciente, o velho professor que tanto os ensinou. Gabriel, certa vez, chegou a dizer para um amigo: “Samuel era um bom homem, mas sua fé era ingênua. A vida é bem mais complicada do que suas histórias de Escola Dominical.”

Anos se passaram. Um dia, a notícia da morte de Samuel chegou. O velho professor, agora cansado pela idade, havia falecido em paz, deixando para trás apenas uma Bíblia bem usada e uma sala de aula que, por tanto tempo, ecoou suas palavras de esperança. No funeral, poucos de seus antigos alunos compareceram, ocupados com suas vidas agitadas.

Mas algo começou a mudar. Um por um, os alunos de Samuel enfrentaram as provações da vida. Gabriel, já um advogado de renome, envolveu-se em um escândalo que quase destruiu sua carreira. Marta, mesmo com um trabalho de sucesso, começou a sentir um vazio profundo que o dinheiro e o prestígio não preenchiam. João, apesar de sua criatividade, lutava contra o desânimo e a falta de propósito. E Raquel, agora vivendo fora do país, enfrentava a solidão e a dificuldade de se encaixar em uma cultura diferente.

Foi nesse contexto de desafios que as palavras de Samuel começaram a ecoar em suas mentes. Gabriel lembrou-se de uma aula em que Samuel falou sobre Daniel na cova dos leões e como a fé o sustentou em meio ao perigo. Marta recordou-se de quando Samuel explicou a passagem de Salmo 23, “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará”, e percebeu que seu vazio era uma falta de espiritualidade, não de bens materiais.

João lembrou-se de uma lição sobre os talentos e como Samuel sempre dizia que “Deus nos dá dons para o Seu propósito”, entendendo que ele tinha negligenciado o propósito maior de sua arte. E Raquel, em meio à solidão, lembrou-se da promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”, palavras que Samuel sempre repetia para eles.

Um a um, os ex-alunos de Samuel começaram a voltar à igreja, não para buscar respostas fáceis, mas para encontrar o que haviam perdido: a fé simples e pura que Samuel tanto tentou ensinar. No reencontro com Deus, descobriram que as palavras do velho professor nunca foram ingênuas ou ultrapassadas, mas sim a verdade que eles precisavam em seus momentos mais difíceis.

Naquela igreja, uma placa foi colocada na sala onde Samuel ensinava: “Em memória do professor que plantou sementes que o tempo não destruiu”. E, nos cultos seguintes, um grupo de adultos se reunia regularmente para lembrar dos ensinos valiosos que haviam desprezado, mas que agora os guiavam.

A lição era clara: valorize os professores da Escola Dominical enquanto estão vivos, pois são eles que, com amor e paciência, nos ensinam lições que duram para toda a vida.

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