LIÇÃO 7: EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA
COMENTÁRIO EXEGÉTICO PROFUNDO DA LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 11.14, 15, 17-21, 23-27
João 11:14 – “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro morreu”
A declaração concisa de Jesus, “Lázaro morreu”, ecoa a realidade da condição humana desde a Queda (Gênesis 3:19). A morte, tanto física quanto espiritual (separação de Deus), é uma das consequências do pecado. Paulo, em Romanos 5:12, nos ensina: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram”.
No entanto, a morte de Lázaro não é apresentada por João como um fim em si mesmo, mas como um prelúdio para a manifestação da glória de Deus através da ressurreição (João 11:4). Este evento aponta diretamente para o evento central da nossa fé: a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Paralelos com a Morte e Ressurreição de Cristo
A narrativa da ressurreição de Lázaro prefigura, em muitos aspectos, a ressurreição do próprio Jesus. Observemos alguns paralelos teológicos instrutivos:
- A Doença como Propósito Divino: Assim como a doença de Lázaro ocorreu para a glória de Deus (João 11:4), a morte de Jesus, embora um ato de injustiça humana, fazia parte do plano redentor de Deus para a salvação da humanidade (Atos 2:23).
- A Demora de Jesus: A aparente demora de Jesus em ir até Lázaro (João 11:6) pode nos lembrar da paciência divina e do tempo perfeito de Deus (Habacuque 2:3; 2 Pedro 3:9). Da mesma forma, houve um tempo determinado para a morte e ressurreição de Cristo.
- A Declaração da Morte: A clareza com que Jesus afirma a morte de Lázaro (“Lázaro morreu”) reforça a realidade da sua condição. Da mesma forma, a morte de Jesus foi um evento físico real e comprovado (João 19:33-34).
- O Poder sobre a Morte: O clímax da narrativa de Lázaro é a sua ressurreição por ordem de Jesus (João 11:43-44), demonstrando o seu poder sobre a morte. Essa mesma autoridade é vista na ressurreição de Cristo, a vitória definitiva sobre a morte (1 Coríntios 15:54-57).
PALAVRAS-CHAVE
- ἔλεγεν (elegen), “Disse”. Biblicamente, o ato de “dizer” por parte de Jesus é revestido de autoridade divina. Suas palavras não são meras opiniões humanas, mas carregam o poder criativo e transformador de Deus (Gênesis 1:3; João 1:1). No Evangelho de João, o “dizer” de Jesus muitas vezes introduz revelações importantes sobre sua identidade, sua missão e a vontade do Pai (João 4:26; João 6:35). Exegeticamente, o uso do verbo “disse” aqui, precedendo a declaração da morte de Lázaro, enfatiza a certeza e a autoridade com que Jesus comunica essa informação. Não há hesitação ou incerteza em suas palavras. Ele não está especulando ou transmitindo um rumor; ele está declarando um fato com pleno conhecimento da situação. Essa clareza na comunicação é consistente com a sua identidade como a Verdade (João 14:6). Além disso, o “disse” de Jesus neste contexto prepara o terreno para o que virá a seguir: a demonstração do seu poder sobre essa mesma morte que ele acaba de afirmar. Sua palavra não é apenas informativa, mas também performativa, no sentido de que ela precede e anuncia sua ação divina.
- ἀπέθανεν (apethanen), “Morreu”: Biblicamente, a morte é apresentada como a consequência do pecado e a separação da vida terrena (Gênesis 2:17; Romanos 6:23). É o último inimigo a ser vencido (1 Coríntios 15:26). No entanto, a morte também é vista como um portal para a presença de Deus para aqueles que creem (Filipenses 1:21). Exegeticamente, a afirmação “Lázaro morreu” é um reconhecimento da realidade da condição humana e da universalidade da morte. Não há eufemismos ou tentativas de minimizar a situação. Lázaro estava verdadeiramente morto. Essa clareza é crucial para a magnitude do milagre que Jesus realizará. A ressurreição de alguém que realmente morreu, e não apenas estava enfermo ou inconsciente, demonstra de forma inequívoca o poder de Jesus sobre a própria morte. A palavra “morreu” aqui não representa um fim absoluto para Jesus, mas sim um estado que ele tem o poder de reverter. Teologicamente, essa afirmação direta da morte de Lázaro serve como um contraste gritante com a vida que Jesus traz consigo (João 11:25), preparando o cenário para a sua gloriosa manifestação como a ressurreição e a vida.
Implicações Teológicas: Para nós, como pentecostais, a ressurreição de Lázaro e, principalmente, a ressurreição de Cristo, são pilares da nossa fé. Cremos no poder sobrenatural de Deus para intervir na história e na vida dos indivíduos. Os milagres, incluindo a cura e a ressurreição, não são apenas eventos históricos, mas manifestações contínuas do poder de Deus que ainda opera hoje através do Espírito Santo (Atos 3:6-8; 1 Coríntios 12:9-10).
A declaração “Lázaro morreu” nos lembra da realidade do sofrimento e da finitude humana, mas a sequência da narrativa aponta para a nossa esperança final: a ressurreição dos mortos e a vida eterna em Cristo (1 Tessalonicenses 4:16-17; Apocalipse 20:11-15). A vitória de Jesus sobre a morte garante a nossa própria vitória através da fé Nele.
Referências Bíblicas Adicionais
- João 5:21: “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem quer.” Este versículo anterior no Evangelho de João já estabelece a autoridade de Jesus sobre a vida e a morte.
- 1 Coríntios 15: Todo este capítulo é fundamental para a compreensão da doutrina da ressurreição, tanto a de Cristo quanto a dos crentes. Paulo argumenta que a nossa fé é vã se Cristo não ressuscitou.
- Apocalipse 1:18: Jesus declara: “Eu sou o que vive; fui morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades.” Esta afirmação pós-ressurreição enfatiza o domínio completo de Cristo sobre a morte e o mundo dos mortos.
A aparente simplicidade de João 11:14 esconde uma profunda verdade teológica: a morte é uma realidade, mas para aqueles que estão em Cristo, ela não tem a palavra final. A ressurreição de Lázaro é um sinal poderoso do poder de Jesus sobre a morte, um prenúncio da sua própria ressurreição vitoriosa, que por sua vez garante a nossa futura ressurreição e a vida eterna. A nossa fé pentecostal se alegra nesta esperança viva, manifestada pelo poder do Espírito Santo que opera em nós e através de nós.
João 11:15 -“E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que creiais; mas vamos ter com ele”
Após afirmar categoricamente a morte de Lázaro, a declaração de Jesus em João 11:15 pode, à primeira vista, soar um tanto enigmática. “Folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse…” Como pode a ausência de Jesus em um momento de tanta dor e necessidade ser motivo de alegria? Para compreendermos esse aparente paradoxo, precisamos mergulhar no contexto imediato e nos propósitos mais profundos do ministério de Jesus.
Lembremos que Jesus havia recebido a notícia da enfermidade de Lázaro (João 11:3), mas não correu imediatamente para Betânia. Essa “demora” (do grego chronizo, que implica um tempo considerável) não foi por negligência ou falta de amor, mas sim parte de um plano divino maior.
Culturalmente, a expectativa seria que um amigo próximo, especialmente alguém com o poder de curar como Jesus, se apressasse em socorro do enfermo. A ausência de Jesus poderia ter sido interpretada como falta de consideração ou até mesmo impotência. Teologicamente, a morte era vista como um estado de separação e tristeza, e a presença de amigos era um consolo importante.
No entanto, Jesus transcende essas expectativas culturais e teológicas com uma perspectiva que mira a fé dos seus discípulos. A sua alegria (“folgo”) não é sádica ou indiferente ao sofrimento de Marta e Maria, mas sim uma alegria pedagógica, focada no crescimento espiritual daqueles que o seguiam.
PALAVRAS-CHAVE
- χαίρω (chairō), “Folgo”. Biblicamente, o verbo “folgar” (alegrar-se) está frequentemente associado à presença e às bênçãos de Deus (Salmos 32:11; Filipenses 4:4). No contexto do ministério de Jesus, sua alegria muitas vezes está ligada ao cumprimento da vontade do Pai e ao avanço do Reino de Deus (Lucas 10:21). Exegeticamente, a alegria de Jesus expressa em “folgo” neste versículo não é uma emoção superficial diante da tragédia da morte de seu amigo. Pelo contrário, é uma alegria profunda e intencional, enraizada em sua perspectiva divina e em seus propósitos redentores. Sua alegria reside no potencial de crescimento espiritual e no fortalecimento da fé de seus discípulos através do evento que se seguiria. Essa alegria pedagógica demonstra o coração de um pastor que visa o bem-estar espiritual de seu rebanho, mesmo que isso envolva um período de sofrimento e provação. A alegria de Jesus, portanto, é teologicamente significativa, pois revela sua prioridade em edificar a fé genuína em seus seguidores, uma fé que transcende as circunstâncias imediatas e se ancora em seu poder sobre a vida e a morte.
- πιστεύσητε (pisteusēte),”creiais”. Biblicamente, o verbo “crer” (pistevo) é fundamental para a salvação e para o relacionamento com Deus (João 3:16; Romanos 10:9-10). No Evangelho de João, “crer” em Jesus implica reconhecê-lo como o Cristo, o Filho de Deus, e depositar nele toda a confiança para a vida eterna (João 20:31). Exegeticamente, o propósito declarado da ausência de Jesus (“para que creiais”) revela a centralidade da fé em seu ministério. O milagre da ressurreição de Lázaro não era um fim em si mesmo, mas um sinal poderoso destinado a fortalecer e aprofundar a fé dos discípulos. A forma do verbo no grego (subjuntivo aoristo) indica um objetivo específico e um resultado esperado. Jesus estava permitindo uma situação de aparente desespero para que eles pudessem testemunhar um milagre que solidificaria sua crença em sua identidade e poder divino. Essa fé, nascida da experiência do poder de Jesus sobre a morte, seria uma base sólida para os desafios futuros e para a propagação do Evangelho. O “creiais” aqui não é apenas uma aceitação intelectual, mas um engajamento total do coração e da mente com a pessoa e a obra de Jesus.
A profundidade teológica da pedagogia divina. O ponto teológico central deste versículo reside na pedagogia divina de Jesus. Ele não prioriza o alívio imediato da dor, mas sim o crescimento espiritual e a fé duradoura dos seus seguidores. A ausência de Jesus em um momento crítico tinha um propósito didático: levar os discípulos a um nível mais elevado de fé, testemunhando um milagre ainda maior, a ressurreição de um morto.
Aprendemos aqui que, muitas vezes, as provações e as “ausências” de Deus em nossas vidas (que, na verdade, são a sua permissão para certas situações) não são sinais de abandono, mas oportunidades para um crescimento espiritual mais profundo. Assim como os discípulos precisavam ver a ressurreição de Lázaro para fortalecer sua fé na ressurreição vindoura, nós também somos chamados a confiar no propósito de Deus em meio às dificuldades, sabendo que Ele pode trazer vida mesmo da morte.
A alegria de Jesus (“folgo”) é, portanto, uma alegria sacerdotal, um contentamento no cumprimento da sua missão de revelar a glória de Deus e fortalecer a fé daqueles que o seguiriam. Ele sabia que o milagre da ressurreição de Lázaro seria um poderoso testemunho do seu poder divino e prepararia o caminho para a compreensão da sua própria ressurreição.
Referências Bíblicas Adicionais
- Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Embora este versículo fale de todas as coisas, o princípio da utilização de situações difíceis para um bem maior se aplica aqui.
- Tiago 1:2-4: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias provações, sabendo que a provação da vossa fé produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.” As provações, mesmo a aparente ausência de ajuda imediata, podem fortalecer a nossa fé e produzir perseverança.
Em suma, João 11:15 nos revela um aspecto crucial do ministério de Jesus: a sua preocupação primordial com a fé dos seus discípulos. Ele estava disposto a permitir um período de sofrimento e luto para que eles pudessem testemunhar um milagre que solidificaria sua crença no seu poder sobre a morte. Que essa mesma perspectiva nos inspire a confiar no propósito pedagógico de Deus em todas as circunstâncias de nossa vida! E, com essa fé fortalecida, sigamos o convite de Jesus: “mas vamos ter com ele”.
João 11:17 – “Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que Lázaro estava sepultado”
Este versículo, aparentemente simples e descritivo, é crucial para entendermos a magnitude do milagre da ressurreição de Lázaro. Ele nos oferece informações importantes sobre a cronologia dos eventos e as implicações culturais da morte para os judeus da época.
A frase inicial, “Chegando, pois, Jesus…“, marca o fim daquela aparente demora mencionada anteriormente (João 11:6, 15). A paciência divina, que pode nos parecer lentidão em nossos momentos de angústia, sempre culmina no tempo perfeito de Deus.
A informação crucial que se segue é: “…achou que já havia quatro dias que Lázaro estava sepultado”. Este detalhe temporal é de suma importância por diversas razões:
- Confirmação da Morte: Quatro dias após a morte, na cultura judaica da época, havia uma crença generalizada de que a alma já havia partido completamente do corpo e qualquer possibilidade de retorno à vida era praticamente inexistente. As mudanças físicas da decomposição seriam evidentes, tornando a morte um fato inegável.
- Magnitude do Milagre: Ao afirmar que Lázaro estava morto e sepultado há quatro dias, João enfatiza a profundidade da sua morte e, consequentemente, a grandiosidade do milagre que Jesus realizaria. Não se tratava de alguém à beira da morte ou em um estado de coma, mas de um corpo em processo de decomposição. Isso torna a ressurreição um ato de poder divino inquestionável sobre a própria morte.
A ressurreição de um homem morto há quatro dias aponta para o poder de Jesus não apenas sobre a doença, mas sobre o próprio domínio da morte. Este evento prefigura a sua própria ressurreição, que ocorreu após três dias (Marcos 16:9), e demonstra a sua autoridade como aquele que tem as chaves da morte e do Hades (Apocalipse 1:18).
PALAVRAS-CHAVE
- ἦλθεν (ēlthen), “Chegando”. A simples ação de “chegar” por parte de Jesus transcende a mera locomoção física. Biblicamente, a chegada de Jesus sempre traz consigo implicações significativas. Sua presença é a manifestação da proximidade do Reino de Deus (Mateus 3:2; Lucas 10:9). No contexto do Evangelho de João, a “chegada” de Jesus muitas vezes está ligada à revelação da sua glória e identidade divina (João 1:14). Exegeticamente, a demora de Jesus em “chegar” a Betânia (contrastada com a urgência do pedido inicial) não diminui a importância de sua chegada final. Pelo contrário, ressalta que sua vinda ocorre no tempo perfeito, determinado por seus propósitos eternos (Gálatas 4:4). Sua chegada ao local da morte não é a de um mero visitante, mas a do Senhor da vida, que tem poder sobre a própria morte (João 5:21). Assim, o simples ato de “chegar” carrega a promessa de intervenção divina e transformação da situação de luto e desespero.
- τέσσαρας (tessaras), “quatro”. O número “quatro” em si pode não ter um significado teológico profundo inerente em todas as passagens bíblicas. No entanto, no contexto específico da morte de Lázaro “há quatro dias”, ele adquire uma relevância exegética crucial devido às crenças culturais e às implicações para a magnitude do milagre. Biblicamente, o tempo de espera muitas vezes precede a manifestação do poder de Deus (Gênesis 15:13; Êxodo 12:40). Exegeticamente, o detalhe dos “quatro dias” enfatiza a irreversibilidade da morte de Lázaro sob a perspectiva humana da época. Como mencionado anteriormente, a crença era de que após esse período, a vida havia partido completamente.
Portanto, o milagre da ressurreição após quatro dias não poderia ser explicado como um mero despertar de um estado de inconsciência ou uma cura de uma doença grave. Ele demonstra inequivocamente o poder de Jesus sobre a decomposição e a própria essência da morte, preparando o terreno para a compreensão da sua própria ressurreição, que ocorreu após um período menor, mas igualmente significativo. Os “quatro” dias, portanto, serve para sublinhar a profundidade da obra de Jesus, que vai além da cura e alcança a restauração da própria vida já perdida.
A realidade da morte e o poder da ressurreição
João 11:17 nos confronta com a dura realidade da morte. Ela é uma consequência do pecado e uma experiência universal (Hebreus 9:27). O luto de Marta e Maria era real e compreensível dentro do contexto humano.
No entanto, a chegada de Jesus em meio a essa cena de luto traz consigo a promessa de esperança e vida. O fato de Lázaro estar morto há quatro dias serve como um pano de fundo dramático para a manifestação do poder ressuscitador de Jesus. Não se tratava de uma cura, mas de trazer de volta à vida alguém que já havia passado pelo processo da morte e sepultamento.
Para a nossa fé pentecostal, este versículo ressalta a crença no poder sobrenatural de Deus para operar milagres que desafiam as leis naturais. A ressurreição de Lázaro é um testemunho do poder de Jesus sobre a morte, um poder que Ele demonstrou plenamente em sua própria ressurreição e que oferece esperança para todos os que creem Nele.
Referências Bíblicas Adicionais
- Gênesis 2:7: A criação do homem com o sopro de vida contrasta com a cessação dessa vida na morte, mostrando a fragilidade da existência humana sem a intervenção divina.
- Romanos 6:23: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” A morte é apresentada como a consequência do pecado, da qual somos libertos através de Cristo.
- 1 Coríntios 15:26: “Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.” A ressurreição de Lázaro é uma demonstração do poder de Jesus sobre esse “último inimigo”, uma vitória que será completa na ressurreição final.
João 11:17 não é apenas uma nota de rodapé na história da ressurreição de Lázaro. Ele estabelece a profundidade da morte, a magnitude do milagre vindouro e aponta para o poder incomparável de Jesus sobre a própria morte. Que este versículo nos lembre da realidade da nossa mortalidade, mas também da gloriosa esperança que temos em Cristo, aquele que venceu a morte e nos oferece a vida eterna! Avancemos, pois, para testemunhar o poder transformador de Jesus em ação!

Este versículo, embora aparentemente informativo, desempenha um papel crucial na narrativa de João. Ele nos situa geograficamente, conectando Betânia, a casa de Lázaro, Marta e Maria, com Jerusalém, o centro religioso e político da Judeia. Essa proximidade tem implicações importantes para entendermos a reação das pessoas e a relevância do milagre.
A conjunção “Ora” (do grego de) serve como uma transição suave, conectando o fato da chegada de Jesus (versículo 17) com a informação sobre a localização de Betânia. João, o evangelista, frequentemente fornece detalhes geográficos e temporais precisos, o que confere um caráter de testemunho ocular à sua narrativa.
A informação de que Betânia estava “perto de Jerusalém” não é trivial. Quase quinze estádios equivalem a cerca de 2,8 quilômetros. Essa proximidade facilitava o fluxo de pessoas entre as duas localidades. Jerusalém, especialmente durante os períodos de festas religiosas como a Páscoa (que se aproxima no contexto do Evangelho de João), atraía uma grande multidão de peregrinos de toda a Judeia e além.
Precisão geográfica. Embora não haja termos teologicamente carregados de maneira abstrata neste versículo, a precisão da linguagem grega merece nossa atenção:
PALAVRAS-CHAVE
- Βηθανία (Bēthania) , “Betânia”: Betânia era uma pequena aldeia localizada a leste do Monte das Oliveiras, a uma curta distância de Jerusalém. Era conhecida por ser o lar de Lázaro, Marta e Maria, amigos íntimos de Jesus (João 11:1). A intimidade de Jesus com essa família sugere que Betânia era um lugar de refúgio e descanso para ele em meio às tensões e oposições que enfrentava em Jerusalém. A presença de Jesus em Betânia neste momento de luto demonstra sua profunda compaixão e seu envolvimento pessoal na vida de seus amigos. Biblicamente, Betânia aparece em outros momentos significativos do ministério de Jesus. Foi em Betânia que ocorreu a unção de Jesus por Maria com um óleo precioso pouco antes da sua paixão (Marcos 14:3-9; João 12:1-8), um ato que Jesus interpretou como uma preparação para o seu sepultamento. A localização de Betânia perto do Monte das Oliveiras também é relevante, pois o monte tinha associações proféticas com os últimos dias e a vinda do Messias (Zacarias 14:4). Assim, Betânia não é apenas um local geográfico, mas um espaço carregado de significado relacional com Jesus e prenúncios de eventos futuros. A ressurreição de Lázaro em Betânia se torna, portanto, não apenas um milagre isolado, mas um sinal poderoso realizado em um lugar de intimidade com Jesus e com ressonâncias proféticas.
- Ἰερουσαλήμ (Ierousalēm), “Jerusalém”: Jerusalém era a capital religiosa, política e cultural da Judeia. Era o local do Templo, o centro da adoração judaica e a cidade para onde os judeus peregrinavam durante as festas religiosas. A proximidade de Betânia a Jerusalém, mencionada no versículo, facilita o fluxo de pessoas entre as duas localidades, explicando a presença de “muitos dos judeus” que vieram consolar Marta e Maria (João 11:19). Essa proximidade também torna o milagre da ressurreição de Lázaro um evento de conhecimento público, com potencial para impactar a opinião das pessoas em Jerusalém sobre Jesus. Biblicamente, Jerusalém ocupa um lugar central na história da salvação. Foi a cidade escolhida por Deus para o seu Templo (2 Samuel 7:13), o local dos sacrifícios e da manifestação da sua glória. No Novo Testamento, Jerusalém é o palco de muitos dos eventos cruciais da vida de Jesus, incluindo sua apresentação no Templo, seus ensinamentos, sua Última Ceia, sua crucificação e sua ressurreição (embora a ressurreição em si não tenha ocorrido dentro dos muros da cidade, mas perto dela). A oposição a Jesus também se concentrou em Jerusalém, por parte das autoridades religiosas. A ressurreição de Lázaro, ocorrida tão perto de Jerusalém, desafiava diretamente o poder e a autoridade dessas lideranças e contribuiu para a conspiração que levou à morte de Jesus. Assim, a menção de Jerusalém não é apenas uma referência geográfica, mas um elo com toda a história da redenção e o clímax da missão de Jesus. A proximidade de Betânia a Jerusalém intensifica o significado do milagre, colocando-o em relação direta com o centro da fé judaica e o destino final de Jesus.
A proximidade de Betânia a Jerusalém tem várias implicações exegéticas:
- Facilidade de Testemunho: A curta distância permitia que muitas pessoas de Jerusalém viessem consolar Marta e Maria (versículo 19). Essas mesmas pessoas seriam testemunhas do milagre da ressurreição de Lázaro, levando a notícia para a cidade santa e aumentando o impacto do evento (João 12:17).
- Conexão com o Centro Religioso: A proximidade de Jerusalém, o centro da vida religiosa judaica, torna o milagre ainda mais significativo. Ele não ocorreu em uma região remota, mas perto do coração do judaísmo, onde as autoridades religiosas estavam atentas aos ensinamentos e feitos de Jesus.
- Implicações para a Reação das Autoridades: A proximidade facilitou a chegada de notícias do milagre aos líderes religiosos em Jerusalém, contribuindo para o aumento da oposição a Jesus e a decisão de matá-lo (João 11:45-53).
João 11:18 não é um detalhe geográfico aleatório. Ele estabelece um elo crucial entre o lar de Lázaro e o centro da vida judaica, influenciando o fluxo de pessoas, a disseminação das notícias e, em última análise, os eventos que levariam à crucificação e ressurreição de Jesus. A precisão da localização reforça a historicidade da narrativa e a importância do milagre no contexto da missão de Jesus.
João 11:19 – “E muitos dos judeus tinham ido consolar Marta e Maria, acerca de seu irmão”
Este versículo nos transporta para a atmosfera de luto e comoção que envolvia a casa de Marta e Maria após a morte de Lázaro. A frase inicial, “E muitos dos judeus…“, indica a presença de um número significativo de pessoas que vieram prestar suas condolências. Essa prática de consolar os enlutados era uma importante tradição cultural e religiosa no judaísmo da época.
A expressão “…tinham ido consolar Marta e Maria…” revela a empatia e a solidariedade da comunidade para com as irmãs enlutadas. A perda de um irmão era um evento doloroso, e a presença de amigos e familiares era fundamental para oferecer apoio emocional e prático durante o período de luto.
A frase final, “…acerca de seu irmão,” direciona o foco do consolo para a perda específica que Marta e Maria estavam enfrentando. Lázaro era amado, e sua ausência deixava um vazio na vida de suas irmãs.
PALAVRAS-CHAVE
- πολλοὶ (polloi), “Muitos”. Exegeticamente, a palavra “muitos” neste contexto não é apenas um quantificador vago. Ela sugere uma representatividade significativa da comunidade local, possivelmente incluindo vizinhos, amigos e até mesmo pessoas de Jerusalém, dada a proximidade geográfica mencionada no versículo anterior. Essa multidão presente ressalta a importância social e familiar de Lázaro e suas irmãs dentro da comunidade judaica. A presença de “muitos” também enfatiza a natureza pública do luto e, consequentemente, a magnitude do milagre que Jesus realizará diante de um número considerável de testemunhas. Biblicamente, a presença de “muitos” em momentos cruciais da vida de Jesus é recorrente. Vemos multidões seguindo-o para ouvir seus ensinamentos e testemunhar seus milagres (Mateus 4:25; Marcos 3:7). A reação dessas multidões muitas vezes servia como um termômetro da sua crescente fama e da divisão de opiniões a seu respeito. No contexto da ressurreição de Lázaro, a presença de “muitos” judeus que vieram para o consolo se tornará um grupo de testemunhas oculares do poder de Jesus sobre a morte, um evento que impactaria profundamente a percepção sobre sua identidade messiânica e aceleraria a reação das autoridades religiosas (João 11:45-48). A palavra “muitos” aqui, portanto, não é um mero detalhe numérico, mas um elemento que sublinha a relevância social e o potencial de impacto do evento que se desenrola.
- παραμυθήσωνται (paramythēsōntai), “Consolar”. Exegeticamente, o verbo grego paramytheomai, traduzido como “consolar”, vai além de simplesmente expressar simpatia. Ele carrega a ideia de estar ao lado de alguém para oferecer encorajamento, conforto e alívio em meio à aflição. A forma média do verbo sugere uma ação voltada para o benefício direto das próprias Marta e Maria. O propósito da visita dessas pessoas era genuinamente aliviar a dor das irmãs pela perda do irmão. Essa prática era profundamente enraizada na cultura judaica, refletindo um senso de comunidade e responsabilidade mútua em tempos de sofrimento. Biblicamente, o conceito de consolo é central na relação de Deus com seu povo e nas relações interpessoais dentro da comunidade de fé. Deus é frequentemente descrito como o “Deus de toda consolação” (2 Coríntios 1:3), que conforta os seus em todas as tribulações. O próprio Jesus ofereceu consolo aos aflitos (Mateus 5:4). A ação de consolar uns aos outros é também uma exortação bíblica (1 Tessalonicenses 4:18; Hebreus 10:25), refletindo o amor e a compaixão que devem caracterizar os seguidores de Deus. No contexto de João 11:19, a iniciativa desses “muitos” em oferecer consolo a Marta e Maria demonstra a aplicação desses princípios bíblicos dentro da comunidade judaica. No entanto, o consolo humano, por mais sincero que seja, é limitado diante da realidade da morte. A narrativa então se move para o consolo supremo que Jesus oferece, não apenas palavras de conforto, mas a restauração da própria vida perdida, revelando um nível de consolo que transcende a capacidade humana e aponta para a esperança eterna em Deus.
O consolo na comunidade de fé
A presença de “muitos dos judeus” para consolar Marta e Maria revela um aspecto importante da cultura e da fé judaica: a responsabilidade da comunidade em apoiar aqueles que estão passando por sofrimento. O luto não era uma experiência isolada, mas compartilhada.
Exegeticamente, essa cena de consolo mútuo contrasta com a chegada de Jesus, que oferece um consolo que vai além das palavras e da presença física – ele oferece a própria ressurreição e a promessa da vida eterna (João 11:25-26). O consolo humano, embora valioso e necessário, tem suas limitações diante da realidade da morte.
Teologicamente, a ação de consolar reflete o coração compassivo de Deus, que se aproxima dos que sofrem (Salmos 34:18; 2 Coríntios 1:3-4). A presença dessas pessoas em luto também prepara o cenário para o contraste entre o consolo humano e o poder divino de Jesus, que transformará a tristeza em alegria (João 16:20).
Em suma, João 11:19 nos oferece um retrato da solidariedade humana diante da perda, um valor presente em diversas culturas e religiões. No entanto, dentro do contexto da narrativa de João, essa cena de consolo serve como um pano de fundo para destacar a natureza única e transcendente do consolo que Jesus trará – a vitória sobre a própria morte.
João 11:20 – “Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu ao seu encontro; mas Maria ficou assentada em casa.”
Este versículo nos pinta um quadro vívido da reação das irmãs de Lázaro à notícia da chegada de Jesus. Aquele “ouvindo, pois” nos conecta diretamente ao contexto anterior, à espera ansiosa e à dor da perda. A notícia da aproximação de Jesus deflagra reações distintas em Marta e Maria, revelando nuances de suas personalidades e da forma como processavam a fé em meio ao sofrimento.
Culturalmente, na sociedade judaica da época, era comum que as mulheres permanecessem mais reservadas em casa durante o período de luto, enquanto os homens e outros visitantes se encarregavam de ir ao encontro de figuras importantes. A iniciativa de Marta em sair ao encontro de Jesus, portanto, pode indicar não apenas sua personalidade proativa, mas também a intensidade de sua necessidade e expectativa em relação a Ele.
Teologicamente, este momento marca o encontro da fé humana, ainda que fragilizada pela dor, com a presença divina encarnada em Jesus. As diferentes posturas de Marta e Maria podem também simbolizar diferentes formas de se aproximar de Deus em momentos de crise.
PALAVRAS-CHAVE
- Μάρθα (Martha): Este nome, de origem aramaica, significa “senhora” ou “dona da casa”. Mais do que um simples nome próprio, em toda a narrativa evangélica, Marta personifica a fé ativa, aquela que se manifesta no serviço e na busca por soluções práticas. Vemos isso em Lucas 10, quando ela se preocupa com os afazeres enquanto Maria ouve Jesus. Aqui, sua ação de ir ao encontro de Jesus reflete essa natureza proativa, uma busca imediata por aquele que ela acreditava poder ajudar em sua dor. Para nós, pentecostais, Marta nos lembra da importância de uma fé que se move, que busca a presença de Deus com ações concretas, que não se conforma com a passividade diante da necessidade.
- ἀπαντάω (apantaō): Este verbo, traduzido como “saiu ao seu encontro“, carrega uma riqueza de significado. Ele implica um movimento intencional ao encontro de alguém que está chegando, muitas vezes com um senso de expectativa, respeito ou até mesmo urgência. Não é um simples “ir”, mas um “ir ao encontro de”. A iniciativa de Marta em apantaō Jesus demonstra seu reconhecimento da autoridade e da importância Dele em sua vida. Ela não espera que Jesus chegue até a casa, mas se adianta, talvez com o coração cheio de perguntas, súplicas e uma fé que ainda clama por respostas. Teologicamente, essa ação nos ensina sobre a postura do crente diante da vinda do Senhor – um sair ao seu encontro com anseio, com a convicção de que Ele tem a solução, o consolo e a resposta para as nossas maiores necessidades.
- Marta – A Fé em Movimento. Marta é a primeira a agir. Quando ouve que Jesus se aproxima, ela sai ao encontro dele (Jo 11:20). Mesmo enlutada, demonstra fé ativa e racional: “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (v.21). Ela dialoga com Jesus sobre a ressurreição, confessa sua fé mesmo sem entender os planos divinos, e recebe uma das declarações mais profundas de Cristo: “Eu sou a ressurreição e a vida…” (v.25).
- Maria – A Fé Silenciosa e Sensível. Maria, por outro lado, permanece sentada em casa (v.20), possivelmente mergulhada na dor e na espera. Quando finalmente se levanta e encontra Jesus, ela repete as palavras da irmã (v.32), mas chora profundamente, o que leva Jesus a comover-se e chorar também (v.33-35). Maria representa a fé que sente mais do que explica, a alma que sofre em silêncio, mas que ainda se derrama aos pés do Salvador.
Aprendemos aqui que não há uma única maneira “certa” de expressar a fé em meio à tribulação. Deus se encontra com cada um de nós onde estamos, seja na ação fervorosa de Marta ou na quietude dolorosa de Maria. O importante é que, de alguma forma, busquemos a presença de Jesus. A iniciativa de Marta em ir ao encontro do Senhor nos encoraja a não permanecermos passivos em nossa dor, mas a nos movermos em direção àquele que é a nossa esperança.
Mesmo que nossa fé esteja misturada com dúvidas ou questionamentos, o simples ato de ir ao encontro de Jesus abre caminho para o seu poder e a sua graça em nossas vidas.
João 11:21 – “Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”
Este versículo é carregado de emoção e revela a fé vacilante, mas ainda presente, de Marta. Sua fala direta a Jesus, “Senhor, se tu estivesses aqui…“, expressa tanto sua crença no poder de cura de Jesus quanto sua profunda tristeza pela perda de Lázaro. Há uma implícita repreensão na sua fala, um questionamento da razão pela qual Jesus não chegou a tempo de evitar a tragédia.
Culturalmente, a expectativa era que um amigo próximo, especialmente alguém com a fama de Jesus como curador, teria se apressado em socorro de Lázaro. A ausência de Jesus durante a doença e a morte de Lázaro certamente pesava no coração de Marta.
Teologicamente, este momento crucial expõe a tensão entre a fé no poder terreno de Jesus (sua capacidade de curar) e a compreensão mais profunda de sua identidade e poder sobre a vida e a morte. A fala de Marta reflete uma fé ainda limitada, mas sincera.
PALAVRAS-CHAVE
- εἰ (ei): Esta pequena conjunção grega, traduzida aqui como “se”, introduz uma condição contrária ao fato. Não é um “se” de dúvida absoluta, mas um “se” que expressa uma possibilidade que não se concretizou. Na boca de Marta, carrega o peso do “e se tivesse sido diferente?”. Revela sua convicção de que a presença de Jesus teria alterado o curso dos eventos. Para nós, pentecostais, este “se” nos lembra das vezes em que também questionamos a aparente ausência de Deus em nossos momentos de dor, mas nos convida a ir além da condição não realizada para a fé naquilo que Deus pode fazer, mesmo diante do “impossível”.
- ἀπέθανεν (apethanen): Este verbo, que já encontramos antes e significa “morreu”, ganha ainda mais força aqui, vindo após a condição expressa por Marta. Ela não está falando de uma doença passageira, mas da realidade consumada da morte. A certeza da morte de Lázaro, expressa por este verbo, intensifica o desafio que se coloca diante do poder de Jesus. Para a nossa fé, essa clareza da morte ressalta a magnitude do milagre que está por vir. Não se trata de curar uma enfermidade, mas de trazer vida onde a morte já estabeleceu seu domínio. A mesma palavra que descreve a finitude humana se tornará o pano de fundo para a demonstração gloriosa do poder de Jesus sobre a própria morte.
A declaração de Marta revela uma verdade profunda sobre a natureza da nossa fé em meio ao sofrimento. Muitas vezes, nossa fé inicial se concentra na capacidade de Deus de evitar a dor e a perda. Questionamos o “se” de Deus em nossas vidas: “Se o Senhor realmente me amasse, isso não teria acontecido”.
No entanto, a conversa entre Jesus e Marta nos conduz a uma compreensão mais profunda da soberania de Deus e do seu poder que transcende as circunstâncias presentes. A resposta de Jesus a Marta a levará a crer não apenas em seu poder de curar, mas em sua identidade como a ressurreição e a vida (João 11:25). Aprendemos aqui que, mesmo quando o “se” da nossa esperança imediata não se concretiza, há um “ainda que” de uma fé mais profunda que se ancora na pessoa e no poder eterno de Jesus. A dor de Marta é o portal para uma revelação maior da glória de Deus e do seu poder sobre a morte, uma verdade central da nossa esperança pentecostal.
JOÃO 11:23 – “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.”
Depois de ouvir a dor de Marta em João 11:21–22 — dor que é fé ferida, mas ainda viva — Jesus responde com uma promessa direta, simples e poderosa: “Teu irmão há de ressuscitar.”
O versículo é breve, mas carrega uma revelação escatológica, profética e pastoral. A frase de Jesus não é evasiva nem teórica — é pessoal, enfática e cheia de autoridade. Ele não está fazendo Marta se conformar com a perda; está introduzindo uma virada de esperança viva, uma luz que rompe o luto, mesmo antes do milagre acontecer.
PALAVRAS-CHAVE
- ἀναστήσεται (anastḗsetai), ressuscitará. Essa forma verbal no futuro indica algo que certamente acontecerá. Ressuscitar, no grego, não é apenas “voltar à vida”, mas erguer-se de onde se está prostrado, levantar-se do estado de morte e incapacidade. Na literatura judaica e nos ensinos dos fariseus, a ressurreição dos mortos no “último dia” era uma crença consolidada (cf. Daniel 12:2). Mas aqui, Jesus começa com uma afirmação que soa tradicional — para logo depois revelar que Ele mesmo é a fonte dessa ressurreição. O verbo aponta para uma promessa futura, mas Jesus está prestes a trazê-la para o agora. Aplicação: Cristo não apenas consola Marta com “palavras bonitas”. Ele declara o destino redentivo de quem está em Cristo. Lázaro não está perdido, nem apagado — ele vai se levantar.
- ἀδελφός (adelphós), irmão. É precioso observar que Jesus não diz: “Lázaro há de ressuscitar”, mas sim: “Teu irmão…”. Ao usar adelphós, Jesus valoriza a dimensão relacional e emocional de Marta. Ele não trata o caso com frieza teológica. Ele não prega uma doutrina seca — Ele ministra consolo vivo. Essa palavra mostra que Jesus respeita os laços familiares, a dor do vínculo, a saudade do nome. Ele sabe o que significa perder alguém querido — e fala ao coração de Marta com empatia e autoridade. Aplicação: Jesus não vê apenas a morte como fim — Ele vê a dor da perda, os nomes, os laços e as lágrimas. Ele fala com verdade, mas também com ternura.
A Esperança da Ressurreição como Resposta à Dor. Este versículo nos conduz ao coração de uma das doutrinas centrais do Novo Testamento: a ressurreição dos mortos. A resposta de Jesus a Marta não é evasiva nem filosófica — é escatológica e pessoal. Cristo está dizendo: “A morte não tem a última palavra. A tua dor não é eterna. A tua perda não é definitiva”.
Na teologia pentecostal, essa esperança não é apenas uma crença futura, é uma verdade presente, viva, ativa. O Espírito Santo é as primícias da ressurreição (Rm 8:11), e aquele que crê tem a vida eterna já pulsando no peito, mesmo que passe pelo vale da sombra da morte. Essa doutrina também serve como antídoto ao desespero moderno. Numa era que celebra o “aqui e agora” e evita pensar na morte, Cristo convida Marta (e a nós) a olhar para a eternidade com esperança.
Aplicações Espirituais
- Jesus conhece a hora certa de trazer uma promessa. Ele não lança palavras ao vento — Ele libera uma verdade viva que cura a alma. Talvez você precise ouvir isso hoje: “Aquilo que você achou que estava perdido — vai se levantar”.
- A doutrina da ressurreição não é fria — é profundamente relacional. Jesus fala de “teu irmão”, não apenas de “um corpo”. Para Ele, a vida não é anônima. Ele conhece cada lágrima, cada nome, cada vínculo. A promessa da ressurreição é o fôlego da fé na hora do luto.
- Para quem crê, a morte é trânsito, não ponto final. Ela não é o fim da estrada — é a curva onde a eternidade começa. Jesus não apenas consola Marta. Ele planta nela a semente de uma esperança escatológica viva. E antes de ressuscitar Lázaro, Ele ressuscita a fé de Marta. Porque o milagre no túmulo começa com a Palavra liberada no coração. “Teu irmão há de ressuscitar” é mais que uma promessa para Marta. É uma declaração eterna para todos os que choram e esperam em Deus.
JOÃO 11:24 – “Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.”
Após ouvir a promessa de Jesus — “Teu irmão há de ressuscitar” —, Marta responde com um eco da teologia escatológica judaica de sua época. Sua fala revela fé verdadeira, mas também um certo distanciamento temporal da esperança. Em outras palavras, Marta crê na ressurreição, mas pensa nela como algo futuro, distante, teórico.
Ela afirma uma doutrina correta, mas ainda não reconhece a Presença que pode ativar a promessa no agora.
PALAVRAS-CHAVE
- οἶδα (oída), O verbo oída transmite certeza racional e teológica. Não é um “acredito” (como esperança incerta), mas um “sei” — fruto de convicção doutrinária. Marta não duvida da ressurreição final. Ela é uma mulher instruída, crente, firme. Mas seu saber está no campo da ortodoxia, não ainda da experiência imediata com o poder da Vida. Este é um ponto vital: É possível saber a verdade — e ainda não perceber que ela está diante de você, encarnada. Aplicação: A fé não é apenas o que sabemos — é também com quem estamos. Jesus quer levar Marta do “sei” para o “vejo”, do conceito para o encontro.
- ἐσχάτῃ ἡμέρᾳ (eschátē hēméra), último dia. Essa expressão é tipicamente escatológica. Marta se refere à ressurreição dos justos no fim dos tempos, uma crença sustentada por muitos judeus (fariseus), com base em Daniel 12:2 e outros textos intertestamentários. Na teologia judaica, “o último dia” seria o tempo da restauração final de Deus, quando os mortos seriam ressuscitados e o Reino de Deus se manifestaria plenamente. Marta está certa — mas sua expectativa está presa no futuro. O que ela não compreende ainda é que o futuro entrou no presente. Aquele que tem autoridade sobre a morte está ali, diante dela, agora. Aplicação: Quantos de nós projetamos a glória de Deus para “depois”, enquanto Jesus está pronto para agir “aqui e agora”?
Entre a Ortodoxia e a Revelação Viva
João 11:24 nos ensina que crer corretamente não é o mesmo que viver plenamente. Marta crê na doutrina certa, mas ainda não captou que a Ressurreição não é apenas um evento — é uma Pessoa. Ela conhece a teologia — mas está prestes a conhecer o Cristo vivo, que não apenas explicará a ressurreição, mas a encarnará.
Essa cena revela a tensão que muitos cristãos vivem:
- Sabem que Deus pode, mas duvidam que Ele vai agora.
- Sabem que há esperança para o fim dos tempos, mas não veem esperança para esta semana.
No contexto pentecostal, isso nos chama a buscar mais do que doutrina:
- buscar presença, revelação, manifestação. Não basta crer em milagres – é preciso andar com o Deus que faz milagres.
- Aplicações Espirituais
- Cuidado com uma fé adiada. Jesus quer nos tirar do “um dia Deus vai fazer” para o “hoje, se ouvirdes a Sua voz…” (Hb 3:15).
- Doutrina não substitui intimidade. Marta cria na ressurreição futura mas precisava de um encontro com Aquele que é a Ressurreição.
Conhecimento sem presença Presença sem doutrina se desvia. O equilíbrio é andar em verdade e Espírito. - A fé não deve se contentar com o depois – ela deve esperar o agora de Deus. O mesmo Jesus que Marta esperava no fim dos tempos estava diante dela, prestes a transformar a perda em glória.
João 11:24 nos mostra que é possível crer na promessa — e ainda assim perder a pessoa de Cristo no processo. Jesus, ao ouvir Marta, não corrige sua teologia — Ele vai além dela. No verso seguinte, Ele fará **uma das maiores declarações de toda a Bíblia: “Eu sou a ressurreição e a vida…” (Jo 11:25). A fé madura não se satisfaz apenas com o amanhã escatológico. Ela anseia pela revelação de Cristo hoje. Ele não é apenas o que virá — Ele é o que já chegou.
JOÃO 11:25 – “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;”
Jesus responde à declaração ortodoxa de Marta com uma das afirmações mais poderosas de toda a Bíblia. Ela havia dito: “Eu sei que ele há de ressuscitar no último dia”. Jesus então não nega a esperança futura, mas a transporta para o presente com um “EU SOU” que ecoa a sarça ardente de Êxodo 3:14: “Eu Sou o que Sou”.
João registra aqui a quinta das sete declarações “Eu sou” no Evangelho:
- Eu sou o pão da vida (Jo 6:35)
- Eu sou a luz do mundo (Jo 8:12)
- Eu sou a porta (Jo 10:9)
- Eu sou o bom pastor (Jo 10:11)
- Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11:25)
Aqui, Cristo não aponta o caminho — Ele é o caminho. Ele não oferece apenas esperança — Ele é a própria esperança encarnada.
PALAVRAS-CHAVE
- ἀνάστασις (anástasis), ressurreição. A palavra ἀνάστασις significa “levantar-se novamente”, “pôr-se de pé”, e no Novo Testamento, refere-se quase sempre à ressurreição física dos mortos. Marta havia usado esse termo no verso anterior, pensando na ressurreição escatológica dos justos. Mas Jesus aqui se apropria da palavra — e da doutrina — como identidade pessoal. Ele diz: “Eu sou a anástasis”. Essa é uma inversão tremenda. Ele não diz apenas: “Eu trago a ressurreição” – mas: “Onde Eu estou, a morte perde o controle”. “Onde Eu sou, a morte não é o fim”. Cristologicamente, isso aponta para Jesus como o Autor da vida, o Senhor sobre a morte, o vencedor antecipado da cruz, e o garantidor da ressurreição final de todos os que nEle creem. Aplicação: Para o crente, a morte não é mais um tirano é um limiar vencido por Cristo. A “ressurreição” não está apenas no calendário escatológico — está em Cristo presente.
- ζωή (zōḗ), A palavra ζωή é usada aqui não apenas como oposto de morte, mas como a essência da vida plena, eterna, abundante e divina. No Evangelho de João, zōḗ nunca é apenas “existência” — é vida originada em Deus, sustentada por Deus e com destino eterno em Deus. Ao dizer “Eu sou… a vida”, Jesus está reivindicando: Que nele está a origem de toda vida verdadeira (Jo 1:4); Que a vida que Ele dá transcende a existência física; Que onde Ele reina, a morte não pode permanecer vitoriosa. Na teologia pentecostal, essa “vida” é experimentada no novo nascimento, no batismo com o Espírito Santo, nos dons espirituais e na comunhão com o Cristo ressurreto é uma vida que já começa agora e explode em plenitude na eternidade. Aplicação: Vida em Cristo não é apenas algo que temos após a morte — é uma realidade que carregamos aqui e agora. Por isso o crente vive diferente, ama diferente, e enfrenta a morte com esperança.
Cristo é a Vitória sobre a Morte, no Tempo Presente
João 11:25 é uma declaração teológica densa e prática ao mesmo tempo:
- Cristologia: Jesus é Deus, o “Eu sou”.
- Soteriologia: Jesus é a garantia da vida eterna.
- Escatologia: Jesus antecipa o fim — e o traz ao presente.
- Existencialismo redimido: Mesmo diante da morte, há alguém maior que a morte.
Jesus está ensinando Marta — e a Igreja — que a ressurreição não é um evento distante, mas uma Pessoa viva. A esperança cristã não repousa numa data futura, mas num Cristo presente.
Aplicações Espirituais
- A resposta de Deus para a morte não é uma explicação — é uma Pessoa. Jesus não dá respostas teológicas frias à Marta — Ele se apresenta como a própria resposta.
- O poder sobre a morte não está em nossas orações — está em Cristo. Por mais que Marta e Maria clamassem, o milagre só acontece porque Aquele que é a Vida se manifesta. E Ele ainda se manifesta hoje.
- Essa declaração muda a forma como vivemos… e como morremos. O crente não vive com medo da morte, porque está unido Àquele que venceu a sepultura. E mais: vivemos para glorificar o Autor da Vida com cada respiração.
João 11:25 é uma proclamação de soberania, consolo e poder. Jesus se revela como o Senhor do tempo, da eternidade, da vida e da morte. Ele não traz apenas palavras reconfortantes — Ele traz a Ressurreição no corpo, e a Vida em essência. Onde Ele chega, a morte começa a recuar. Pergunta para o coração: “Tenho tratado Jesus como alguém que virá um dia — ou como Aquele que é, agora, a Ressurreição e a Vida?”
JOÃO 11:26 – E todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isto?”
Após declarar: “Eu sou a ressurreição e a vida”, Jesus agora amplia a aplicação da Sua identidade. Ele transforma a doutrina em um apelo pessoal e direto à fé de Marta. Ele não apenas revela quem é — Ele quer saber quem Marta crê que Ele é.
Este versículo nos leva do logos teológico ao pathos do coração humano. Cristo desafia a fé de Marta — e desafia também a nossa: “Você realmente crê no que acabei de declarar?” Esse é o momento em que a fé se torna confissão — ou se recolhe em dúvida.
PALAVRAS-CHAVE
- ζῶν (zōn), Do verbo ζάω (zaō), essa forma verbal no particípio presente indica alguém que está atualmente vivo, existindo com vitalidade. Mas no contexto joanino, especialmente nesta seção, “viver” não significa apenas respirar — significa estar espiritualmente vivo, em comunhão com o Doador da Vida. Jesus está dizendo que quem está vivo e crê n’Ele já experimenta a vida eterna no presente (cf. João 5:24); vive não apenas com existência biológica, mas com sentido, plenitude e segurança. Aplicação: A vida que Jesus dá não é medida em anos, mas em eternidade presente. É uma vida que começa agora e jamais será interrompida por uma sepultura.
- οὐ μὴ ἀποθάνῃ (ou mē apothánē), nunca morrerá. Essa expressão, no grego, é uma negação enfática e absoluta. A construção com οὐ μή e o aoristo subjuntivo de ἀποθνῄσκω (apothnēskō) — morrer — transmite a ideia de que não há possibilidade alguma de morte definitiva. Jesus não está dizendo que o corpo físico não morrerá, mas que a pessoa que crê n’Ele jamais será separada da Vida verdadeira. A morte, para quem está em Cristo, é apenas uma transição, não um fim. O “nunca morrerá” refere-se à morte espiritual e eterna, à condenação. Aplicação: Para o crente, a morte perdeu sua autoridade. O que antes era um pavor agora é porta de entrada na eternidade com Cristo.
Quem crê em Jesus jamais morrerá eternamente.
- A vida eterna não começa depois da morte física — ela começa no momento da fé.
- A segurança do crente não está em sua capacidade, mas na identidade do Cristo vivo.
- A união com Cristo é inquebrável — nem a morte pode romper (cf. Rm 8:38–39).
Do ponto de vista pentecostal, essa doutrina se manifesta em:
- Plena confiança no dia da adversidade;
- Coragem para viver e testemunhar com ousadia;
- Convicção de que os que dormem em Cristo vivem diante de Deus.
A vida em Cristo começa agora. Não espere a morte para viver eternamente viva agora na comunhão com o Eterno. A fé verdadeira vence o medo da morte.
Jesus confronta Marta — e a nós — com a pergunta: “Crês tu isto?”
Isso é mais que informação teológica — é uma decisão espiritual. Essa pergunta exige uma resposta pessoal. Não basta dizer “a igreja crê”, ou “meus pais criam” — você crê que quem está em Cristo nunca morrerá?
João 11:26 é um versículo que confronta e consola. Ele nos lembra que a vida abundante é possível aqui, e a vida eterna é certa ali.
Jesus não está apenas falando com Marta. Ele está olhando nos olhos de todos nós e perguntando: “Você crê que Eu sou maior que a morte?” Essa pergunta ecoa até hoje — no leito de hospitais, no silêncio dos cemitérios, nas noites de angústia e nas manhãs de esperança. E a fé que responde “sim” a essa pergunta nunca morre.
JOAO 11:27 – “Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”
Jesus havia acabado de fazer a Marta uma pergunta que não se responde com teoria, mas com o coração: “Crês tu isto?” (v.26).
A resposta de Marta, no versículo 27, não é uma evasiva nem uma resposta genérica. Ela entrega uma das declarações mais belas, sólidas e completas de fé em todo o Evangelho. Em meio ao luto, ela não apenas diz que crê ela declara quem Jesus é. Isso é mais que um consolo momentâneo. É um marco de revelação.
PALAVRAS-CHAVE
- πιστεύω (pisteúō), A forma verbal usada aqui é o tempo perfeito do verbo pisteúō, indicando uma crença estabelecida, firme e contínua. Marta não diz apenas: “Eu estou começando a crer” ou “Talvez eu venha a crer”. Ela diz: “Eu creio e continuo crendo”. Esse tempo verbal carrega a ideia de algo que começou no passado, permanece no presente e influencia o futuro. A fé de Marta não é um sentimento repentino — é convicção moldada pela comunhão com Cristo. Aplicação: A fé madura não é aquela que nunca sofre, mas a que permanece firme mesmo quando o milagre ainda não chegou.
- ὁ Χριστός, ὁ Υἱὸς τοῦ Θεοῦ (ho Christós, ho Huiòs tou Theoû), o Cristo, o Filho de Deus. Marta usa dois títulos profundos para descrever Jesus:
- “O Cristo” (ho Christós) — o Ungido, o Messias prometido, o cumprimento das profecias do Antigo Testamento.
- “O Filho de Deus” (ho Huiòs tou Theoû) — expressão de identidade divina, relacionamento íntimo com o Pai, autoridade celestial.
Marta, uma mulher do interior da Judeia, sem título religioso, faz aqui uma confissão cristológica que rivaliza com a de Pedro em Mateus 16:16. Ela reconhece Jesus como o Ungido esperado de Israel e como o próprio Filho de Deus encarnado. Aplicação: Quando a dor nos aperta, podemos escolher recuar ou confessar. Marta nos ensina que a fé mais profunda pode nascer no vale mais escuro.
A Confissão de Fé em Meio ao Luto
João 11:27 é uma profissão de fé completa. Marta declara:
- Quem é Jesus: Tu és o Cristo
- Sua identidade divina: O Filho de Deus
- Sua missão messiânica: O que havia de vir ao mundo
Ela não está apenas reconhecendo o que Jesus pode fazer (ressuscitar mortos), mas quem Ele é.
A confissão de Marta une:
- Cristologia (quem é Jesus),
- Missiologia (por que Ele veio ao mundo),
- Soteriologia (nossa resposta de fé para a salvação).
Essa doutrina reforça que a fé salvadora é baseada no reconhecimento da Pessoa e da missão de Cristo. E, no ambiente pentecostal, essa fé gera frutos visíveis, experiências reais, poder presente e esperança viva.
Aplicações Espirituais
- A fé deve ser confessada com a boca e o coração. Marta não apenas crê ela Sua confissão é pública, consciente, e espiritual. “Com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação” (Rm 10:10).
- Crer em meio à perda é uma das formas mais elevadas de adoração. Marta está no sepultamento do irmão. Mas, mesmo ali, ela adora a Cristo com palavras de revelação.
- A fé sólida nasce da revelação, não apenas da tradição. Marta não está repetindo o que ouviu na sinagoga. Ela está confessando o que recebeu de Cristo — em comunhão, experiência e verdade.
João 11:27 é a prova de que o vale da sombra da morte pode ser o palco de uma confissão gloriosa de fé. Marta nos surpreende — e ensina — que fé não é apenas esperar um milagre.
Fé é reconhecer o Messias, mesmo quando Ele ainda não falou com o túmulo.
Jesus perguntou: “Crês tu isto?” Marta respondeu: “Sim, Senhor. Eu creio”. E nós, o que responderemos?