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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025)

Comentário Exegético Profundo Leitura Bíblica em Classe – João 1:1-14

JOÃO 1:1 – “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

O verso de João 1:1 é uma obra-prima de teologia condensada. O apóstolo, sob inspiração divina, utiliza três declarações paralelas, cada uma mais reveladora do que a anterior. Essa tríade compõe um crescendo que conduz o leitor da eternidade do Verbo, à sua distinção relacional com Deus, até sua identidade plena como Deus.

Palavras-chave em Grego

  1. Λόγος (lógos) – “Verbo / Palavra”. No pensamento grego, lógos era a “razão”, o princípio racional que sustentava o cosmos (como em Heráclito e no estoicismo). No judaísmo helenizado (como em Fílon de Alexandria), era a “Palavra divina” intermediária entre Deus e o mundo.

João cristianiza e supera esses conceitos: o Lógos não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina, eterna, criadora e reveladora – Jesus Cristo (Jo 1:14). O Verbo não apenas comunica a vontade de Deus — Ele é Deus comunicando-se a Si mesmo.

  1. ἦν (ēn) – “era” (verbo no imperfeito do indicativo ativo). Tempo imperfeito no grego indica ação contínua no passado. João não escreve “o Verbo veio a ser” (ἐγένετο), mas “era” (ἦν), o que aponta para preexistência eterna e contínua.

Isso estabelece que o Verbo não teve começo, diferentemente de todas as coisas criadas. Ele já “era” quando o tempo começou. Isso desarma qualquer tentativa de classificar Jesus como criatura (ver Cl 1:16-17). Jesus não entrou na existência – Ele sempre existiu.

Elementos Históricos e Culturais. João escreve em Éfeso, uma cidade grega impregnada de filosofia e misticismo. Os conceitos de logos eram conhecidos por gregos e judeus helenistas. João começa seu Evangelho com uma ponte cultural, mas a revela como caminho teológico à plena revelação em Cristo.

No Antigo Testamento, a “Palavra do Senhor” criava (Gn 1; Sl 33:6), revelava (Jr 1:4) e redimia (Sl 107:20). João afirma que essa Palavra é uma Pessoa.

Na contramão das heresias incipientes (como o Docetismo e o Arianismo), João reafirma desde o primeiro verso a plena divindade do Cristo, preparando o terreno para os debates cristológicos que tomariam força no século II.

Destaque Apologético. Contra o Arianismo antigo e moderno (como o das Testemunhas de Jeová). Alguns traduzem “o Verbo era um deus”, argumentando que Theós (Θεός) no final do verso não tem artigo definido. A ausência do artigo é intencional e gramaticalmente necessária para indicar predicativo de identidade e não de pessoa distinta.

Portanto, João está dizendo que o Verbo compartilha da natureza divina do Pai, sem confundi-lo com o Pai. Essa é a base da doutrina da Trindade: distinção pessoal, unidade essencial. João 1:1 não é apenas o início de um Evangelho. É uma explosão teológica na eternidade. Aqui está o Filho eterno, antes de tudo, com Deus, sendo Deus, não como subordinado, mas como plenamente participante da glória e essência divina.

Este versículo é a “Gênesis” de uma nova criação — não apenas a criação do mundo, mas a revelação da Palavra que se fez carne. Qualquer fé cristã que não comece aqui, não é cristã de fato.

Lobos entre as Ovelhas
Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 14

JOÃO 1:2 – “Ele estava no princípio com Deus.

Esse versículo funciona como um eco proposital de João 1:1. Contudo, ele não é repetitivo, mas enfático e precisivo. João reforça a consciência pessoal e a coexistência eterna do Verbo com Deus. Aqui, o Evangelista sela o fundamento teológico da distinção de pessoas na divindade, ao mesmo tempo em que mantém a confissão de unidade essencial.

Diferente do verso anterior, que se constrói com peso doutrinário, aqui João dirige o leitor para a pessoa do Verbo com o pronome “Ele” (οὗτος – houtos), e não apenas com o termo abstrato “Verbo”. Ele quer deixar claro: o Logos é uma Pessoa real, consciente, ativa, relacional. Não é força, ideia ou energia – é alguém que existe eternamente em comunhão.

Palavras-chave em Grego

  1. οὗτος (houtos) – “Este / Ele”. Pronome demonstrativo de identidade e ênfase. Em contextos como este, houtos é usado para individualizar e personalizar o sujeito.

João não está tratando de um conceito filosófico impessoal. Ao dizer houtos, o apóstolo está afirmando: “Este Ser eterno, o Logos, é uma Pessoa distinta”. O uso de houtos reforça a doutrina da pessoalidade do Verbo, o que é vital contra heresias como o modalismo (que dilui a Trindade em funções de uma só Pessoa) e o unitarismo moderno.

  1. πρὸς (pros) – “com”. Literalmente, “em direção a”, “face a face com”. Não é a preposição comum para indicar mera companhia (meta ou syn), mas uma indicação de relacionamento íntimo, ativo e pessoal.

O Verbo não apenas “estava presente”, mas estava voltado para Deus, em um relacionamento eterno e íntimo, comunhão dinâmica e perfeita. Esse detalhe linguístico revela a natureza eterna da relação entre o Pai e o Filho – face a face, de glória a glória. Esta preposição é fundamental para a doutrina da Trindade. O Filho não é o Pai, mas está voltado eternamente para o Pai, em perfeita comunhão. A preexistência não é estática, é relacional.

Doutrina da Trindade – Pessoalidade e Relacionalidade Eterna
João 1:2 é como um selo apostólico: o Verbo não começou no tempo, não foi criado, não é energia — é Pessoa eterna, em comunhão eterna com Deus. Isso fundamenta a Trindade ontológica: antes da criação, antes de haver homem para amar ou mundo para governar, Deus já se relacionava em Si mesmo — Pai, Filho e Espírito.

Assim, podemos entender que a comunhão é anterior à criação, e que o amor não é um atributo acidental de Deus, mas essencial, pois desde a eternidade o Pai amava o Filho (cf. João 17:24). Essa é a beleza relacional do Deus cristão, em contraste com visões unipessoais de divindade.

A verdade bíblica é mais gloriosa: o Filho já estava com o Pai, desde sempre, e face a face com Ele. João poderia ter dito simplesmente “o Verbo é eterno”. Mas não. Ele diz “Ele estava face a face com Deus”, pois nossa fé não é só sobre eternidade — é sobre comunhão, amor e glória partilhada.

Aplicativo do pregador
Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 15

JOÃO 1:3 – “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

O apóstolo João agora desloca o foco da eternidade e relacionalidade do Verbo para sua ação criadora e soberana sobre tudo o que existe. O verso é uma afirmação dupla, construído com uma proposição positiva seguida de uma negativa para reforço:

Afirmativa: “Todas as coisas foram feitas por ele”
Negativa: “Sem ele nada do que foi feito se fez”

Essa estrutura antitética é típica do estilo hebraico, presente em muitos Salmos e Provérbios, e é usada aqui por João para demonstrar plenitude e exclusividade da ação criadora de Cristo. Nenhuma criatura, nenhuma molécula, nenhum ser espiritual ou físico escapou do alcance de Sua Palavra criadora.

Palavras-chave em Grego

  1. ἐγένετο (egeneto) – “foi feito / tornou-se”. Verbo no aoristo médio de ginomai, que significa “tornar-se, vir a existir, ser criado, nascer”. Refere-se à passagem do não-ser para o ser, ou seja, ao início da existência.

Ao usar egeneto, João aponta para o ato criativo original, e não para manutenção ou reforma. O contraste entre ēn (era) no verso 1 e egeneto aqui é essencial:
→ O Verbo “era” (sempre existiu),
→ Todas as demais coisas “vieram a ser” (tiveram início). Isso destrói qualquer forma de teologia que afirme que Jesus foi o “primeiro ser criado” — Ele é o Criador, e não o criado (cf. Cl 1:16; Hb 1:2).

  1. οὐδὲ ἕν (oude hén) – “nem uma só coisa” / “nada”. Expressão enfática de negação total. Oude é uma negativa forte (“nem mesmo”), e hén significa “um só”, “algo”, “uma parte mínima”. A ideia é que nem mesmo uma única realidade existente surgiu sem o Verbo.

João não permite exceções. Nem anjos, nem leis da física, nem almas humanas. Tudo foi feito por intermédio do Logos. Essa expressão se torna uma barricada contra o dualismo (ideia de que há dois princípios eternos em conflito), ou contra qualquer teoria de criação compartilhada. Tudo o que é criado, foi feito por Ele, exclusivamente.

Cristologia Criadora – O Verbo como o Agente da Criação
João 1:3 afirma sem rodeios: Cristo é o Criador de tudo. Isso não é poesia ou metáfora. É doutrina sólida, essencial à fé cristã. O Verbo é o agente ativo da criação, ecoando Gênesis 1, onde “Deus disse…” — e João revela: esse “disse” era o Logos!

Essa afirmação também é apologética contra o Gnosticismo incipiente, que pregava que o mundo material era obra de uma divindade inferior (demiurgo), e que Cristo apenas veio para “iluminar” ou “libertar”. João, no entanto, diz:

“Não. O mundo físico e espiritual vieram à existência por meio dEle. Ele não é parte do sistema. Ele o fundou.”

João 1:3 é um divisor de águas ontológico. Neste único versículo, João nos dá:
→ Um Cristo eterno (“era”)
→ Um Cristo distinto (“com Deus”)
→ Um Cristo criador (“todas as coisas foram feitas por Ele”)

Jesus não é parte da criação. Ele é a Causa de toda criação. Isso deve impactar nossa fé, adoração e pregação.

Se tudo foi feito por Ele… nós também fomos. E somente nEle faz sentido nossa existência.

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JOÃO 1:4 – “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”

A construção desse versículo é tão densa quanto bela. João não diz que a vida “veio dele”, mas que estava nele — de forma plena, essencial e inseparável. Não é uma vida emprestada ou atribuída: Ele é a própria vida. Em seguida, João apresenta um segundo conceito que se desdobra da vida: a luz dos homens.

Neste ponto, o apóstolo conecta vida e luz, dois temas centrais do seu Evangelho (cf. Jo 8:12; 11:25; 14:6). Assim, a revelação progride:
→ No verso 1: o Verbo é Deus.
→ No verso 3: o Verbo é o Criador.
→ Agora, no verso 4: o Verbo é a Fonte da vida e a Luz da humanidade.

Palavras-chave em Grego

  1. ζωή (zōē) – “vida”. Significado: Refere-se à vida essencial, plena e eterna — diferente de bios (vida biológica) ou psuchē (vida da alma). Zōē é a vida espiritual e divina, que só Deus possui em si mesmo.

João afirma que essa zōē está “nEle”, isto é, Jesus não apenas dá vida — Ele é a Vida (cf. Jo 11:25; 14:6). Isso confronta qualquer concepção de salvação apenas moral ou filosófica. A salvação em Cristo é a recepção de uma nova vida, não apenas uma nova conduta. Jesus não é um mestre da vida — Ele é a própria vida concedida a nós (1Jo 5:12).

  1. φῶς (phōs) – “luz”. Significado: Luz no grego aqui se refere não apenas à iluminação literal, mas à revelação, verdade e discernimento espiritual. A luz é oposta às trevas, tanto físicas quanto morais.

João diz que essa vida (zōē) se manifesta como luz (phōs) para os homens. Em outras palavras, Jesus revela, expõe, orienta e salva. A luz aqui é tanto reveladora quanto salvífica (cf. Jo 8:12). Isso toca profundamente o conceito de revelação geral e especial. Cristo é a Luz que brilha na consciência humana, mas também a Luz que traz salvação pela revelação plena de Deus.

Cristo: a Vida e a Luz — Contra o Naturalismo e o Relativismo Moral
O mundo moderno quer separar “vida” de “luz”: quer viver sem verdade, existir sem revelação. Mas João diz: não há vida sem luz. E não há luz sem o Verbo. Isso confronta:

  • O naturalismo, que afirma que a vida é fruto do acaso e da matéria.
  • O relativismo, que nega qualquer verdade absoluta ou luz objetiva.

João, inspirado pelo Espírito, grita aos séculos: Toda vida tem origem em Cristo, e toda iluminação verdadeira procede dEle. Se você vive sem Ele, vive nas trevas (cf. Jo 3:19-20).

João 1:4 nos apresenta uma verdade que queima como o sol:

O Verbo eterno não apenas criou o mundo — Ele sustenta e ilumina a alma humana.

Cristo não é apenas a “luz dos crentes”, mas “a luz dos homens”. Isso indica um apelo universal, uma oferta de vida e revelação a todo ser humano. Quem rejeita essa luz, não caminha — tropeça na escuridão da morte espiritual.

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JOÃO 1:5 – “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”

Este versículo é uma declaração teológica de combate. João usa o presente do indicativo (“resplandece”) para indicar ação contínua, e o aoristo na segunda parte (“não a compreenderam”) para marcar o fracasso passado e definitivo das trevas diante da luz.

A luz, que no verso anterior era a “vida que ilumina os homens”, agora entra no território do inimigo — as trevas. Mas longe de ser vencida, ela permanece resplandecendo. A imagem é de uma guerra cósmica, onde o Verbo entra em um mundo dominado pela ignorância espiritual, pecado e rebelião. E mesmo rejeitado, Ele não é apagado.

Palavras-chave em Grego

  1. φαίνει (phainei) – “resplandece”. Significado: Verbo no presente do indicativo ativo de phainō, que significa “brilhar, resplandecer, aparecer com luz visível”. O uso no presente enfatiza que a luz continua ativa, presente, visível e operante.

A luz de Cristo não é de um passado distante. Ela ainda brilha, mesmo em meio às trevas. Ela não foi ofuscada pelo pecado do mundo, nem pela hostilidade humana. Cristo é a luz invencível, que brilha desde a criação, brilhou na encarnação e continua a brilhar na proclamação do Evangelho (cf. 2Co 4:6). Sua luz é contínua, real, eterna.

  1. κατέλαβεν (katélaben) – “compreenderam / dominaram”. Aoristo do verbo katalambanō, que tem dois sentidos possíveis:
    a) “Compreender, entender” (Jo 12:35)
    b) “Apreender, dominar, subjugar” (Mc 9:18)

João escolhe uma palavra ambígua de forma proposital, transmitindo duplo sentido: as trevas não entenderam a luz e não conseguiram detê-la.

Tanto a ignorância espiritual quanto a resistência maligna são vencidas pela luz de Cristo. O Evangelho não pode ser abafado. A luz que brilhou em Belém, na cruz e na ressurreição segue invicta. Esse verbo é uma resposta antecipada às perseguições, às rejeições do Verbo, e aos falsos mestres. João assegura aos crentes: as trevas não venceram — e nunca vencerão.

A Luz é invencível – Esperança em meio à apostasia e perseguição
João 1:5 é um baluarte apologético contra o pessimismo espiritual. Em tempos de decadência moral, perseguição à fé e escuridão cultural, a luz continua resplandecendo. A Igreja pode ser atacada, marginalizada ou incompreendida — mas o Verbo jamais será vencido.

João não diz que a luz lutou com as trevas e perdeu. Ele diz que a luz brilha, e as trevas jamais conseguiram detê-la.

Esse é um texto de esperança para os tempos difíceis. O mundo pode escurecer, mas a luz da Palavra, do Evangelho e da Pessoa de Cristo continua queimando nas almas dos remidos, nos púlpitos fiéis, nas casas quebrantadas.

João 1:5 é um versículo de guerra e glória. O Verbo não apenas é luz — Ele entra nas trevas e continua brilhando. E nada pode apagá-lo.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 18

JOÃO 1:6 – “Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.”

Este verso marca uma transição intencional. Depois de apresentar o Verbo eterno (v.1-5), o apóstolo João apresenta um homem temporal, uma criatura, uma testemunha. O contraste é proposital:

  • O Verbo era desde o princípio.
  • João surgiu no tempo (houve um homem).
  • O Verbo é luz por essência.
  • João é apenas um portador da luz (cf. João 1:8).

Contudo, embora humano, João Batista não é um personagem irrelevante: ele é enviado por Deus. O texto o coloca entre os profetas e os apóstolos — ele é uma ponte profética entre o Antigo e o Novo Testamento, o último arauto da velha aliança e o primeiro a anunciar a chegada do Cordeiro (Jo 1:29).

Palavras-chave em Grego

  1. Ἐγένετο (egeneto) – “houve / surgiu”. Verbo no aoristo médio de ginomai, o mesmo usado anteriormente (Jo 1:3). Aqui significa “surgiu”, “veio à existência”, “apareceu no tempo”.

O uso de egeneto marca a distinção entre o eterno e o temporal. O Verbo era (eternamente); João surgiu (no tempo).João Batista não é preexistente, nem divino. Ele é homem — limitado no tempo e no espaço — mas escolhido por Deus. Isso reforça a submissão da missão humana à missão divina.

  1. ἀπεσταλμένος (apestalmenos) – “enviado”. Particípio perfeito passivo de apostellō, verbo que dá origem ao termo “apóstolo”. Significa “ser enviado com autoridade, missão e propósito”.

João Batista é mais que um pregador no deserto — ele é comissionado por Deus, enviado com uma função profética específica: testemunhar da Luz (Jo 1:7). O termo liga João à tradição profética e prenuncia a doutrina do envio divino, que será fundamental para Jesus e depois para os apóstolos (Jo 20:21). João é um homem com missão divina, não humana — e isso dá peso à sua pregação, mesmo sendo “apenas um homem”.

A Autoridade do Enviado – Deus usa homens, mas a origem é divina
João 1:6 ensina algo crucial: Deus age no mundo através de homens, mas a iniciativa é sempre Dele. João não se autodenominou profeta. Ele não surgiu com vaidade nem por marketing religioso. Ele foi enviado.

Isso confronta:

  • O subjetivismo ministerial atual, onde muitos se levantam por vontade própria.
  • A autoproclamação espiritual, onde alguns se colocam como vozes proféticas sem jamais terem sido enviados por Deus.

João Batista nos ensina: autoridade verdadeira não vem do carisma, mas do chamado e envio de Deus.

João 1:6 é simples, mas poderoso. Nele vemos: Um homem – não Deus
→ Enviado – não voluntário
→ De Deus – não de si mesmo
→ Com nome – pois Deus chama pelo nome aqueles que envia

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 19

JOÃO 1:7 – “Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.”

Este versículo é a declaração missionária de João Batista. O evangelista nos apresenta o objetivo da vinda de João:
→ “para testemunho” – ele não era a Luz, mas alguém que a apontava;
→ “para que testificasse da luz” – seu ministério era cristocêntrico;
→ “para que todos cressem por ele” – a fé não era para ele, mas por meio de sua mensagem.

Aqui temos três propósitos interligados:

  1. Testemunhar
  2. Apontar a Luz
  3. Conduzir à fé

João é o primeiro pregador do Novo Testamento, e seu modelo é o de todo verdadeiro ministro: ser voz que aponta para a Palavra, testemunha que glorifica a Luz, e instrumento para conduzir corações à fé em Cristo.

Palavras-chave em Grego

  1. μαρτυρία (martyria) – “testemunho”. Do termo jurídico grego para “depoimento”, “declaração formal”, “testemunho confiável em tribunal”. Está ligada à ideia de martys (“testemunha”) — de onde vem o termo “mártir”.

João Batista não deu uma opinião; ele declarou fatos espirituais com autoridade. Seu testemunho era público, corajoso e perigoso. Tanto que terminou em martírio (cf. Mt 14:10). Todo pregador do Evangelho é chamado à martyria – testemunhar com fidelidade, mesmo que isso custe sua reputação, sua liberdade ou sua vida. A verdade da Luz exige testemunhas vivas.

  1. πιστεύσωσιν (pisteusōsin) – “creiam”. Verbo no aoristo subjuntivo ativo de pisteuō, que significa “confiar, ter fé, entregar-se plenamente”. No subjuntivo, indica propósito ou intenção futura.

João Batista pregava para que as pessoas cressem no Verbo (Cristo), e não nele mesmo. A fé verdadeira nasce do testemunho fiel sobre a Luz. A missão do ministro não é ser o centro da fé dos outros, mas canal para que a fé de todos aponte para Cristo. Quem deseja seguidores para si mesmo não é testemunha — é rival da Luz.

Evangelismo Bíblico – A Pregação que Gera Fé
Este versículo é um manual condensado de evangelismo bíblico. João Batista veio:

  • Comissionado por Deus
  • Para dar testemunho verdadeiro
  • Com o objetivo de gerar fé em Cristo nos ouvintes

Hoje, muitas pregações apelam a emoções, promessas terrenas, curas e experiências. João, porém, testificava da Luz — Cristo. E o objetivo era claro: para que todos cressem por ele”. A pregação genuína tem um fim: levar pessoas a crerem em Jesus. Se um sermão emociona, mas não gera fé salvífica, não é martyria — é performance.

João 1:7 é a essência do ministério profético e evangelístico:

→ Não ser a Luz, mas apontar para ela
→ Não buscar glória própria, mas testificar da Verdade
→ Não atrair seguidores, mas conduzir almas à fé no Verbo

João Batista não criou seguidores para si. Ele preparou corações para o Cordeiro.
E assim deve ser o ministério fiel até hoje: Menos holofote no mensageiro. Mais luz sobre o Messias.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 20

JOÃO 1:8 – “Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.”

Este versículo funciona como um reforço teológico e apologético. Após apresentar a missão de João Batista (v.7), o autor reforça que João não era a luz — um lembrete intencional e necessário. A crescente fama de João Batista entre o povo poderia levá-los à falsa ideia de que ele mesmo fosse o Messias (cf. Jo 1:19-20; Lc 3:15). Por isso, a negativa aqui é enfática: “Não era ele a luz”.

Este verso também nos lembra que grandes homens de Deus nunca devem substituir o próprio Deus. O ministério de João era reflexivo, não originário: ele refletia a luz, mas não era a fonte.

Além disso, o texto é uma lição de humildade ministerial. João Batista sabia quem ele era — e quem ele não era. O brilho da missão nunca o confundiu sobre sua identidade. Isso é raro e precioso.

Palavras-chave em Grego

  1. οὐκ ἦν (ouk ēn) – “não era”. Ouk é a forma enfática de negação no grego; ēn é o imperfeito do verbo “ser/estar”. A combinação indica negação firme e absoluta de identidade contínua no passado.

João nunca foi, nem teve parte na identidade da Luz. Ele não é uma “luz menor” ou um “semi-messias”. A negação é absoluta. Isso resguarda a unicidade de Cristo como Luz verdadeira. Não há espaço para confundir o mensageiro com o Verbo. Essa distinção é essencial à doutrina cristocêntrica da salvação.

  1. ἀλλ’ ἵνα (all’ hina) – “mas para que”. Estrutura conjuntiva usada para indicar contraste com propósito. All’ é a conjunção adversativa “mas”; hina introduz a finalidade: “a fim de que”, “com o propósito de”.

João não era a Luz, mas tinha um propósito definido: testemunhar dEla. A ênfase não está na negação da identidade, mas na afirmação do propósito redentor de sua missão. Essa combinação revela que o ministério cristão não é sobre identidade divina, mas sobre missão divina. João existia “para que” a Luz fosse conhecida — e assim deve ser todo servo do Senhor.

João 1:8 ensina uma verdade fundamental para qualquer obreiro: Não basta saber quem você é. Você precisa saber quem você NÃO é. Num tempo de holofotes, selfies espirituais e cultos centrados no “pregador da vez”, João nos ensina a beleza de brilhar para depois sumir. Ele não era a Luz, mas preparou o caminho para ela. Isso confronta:

  • O narcisismo ministerial
  • A idolatria de líderes
  • A vaidade disfarçada de unção

A missão do servo é clara: desaparecer diante da presença do Noivo (Jo 3:30).

João 1:8 é curto, mas cortante. Ele nos lembra que:

→ O mensageiro é importante, mas não é a mensagem.
→ O profeta é usado, mas não é a luz.
→ O servo é escolhido, mas Cristo é exaltado.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 21

JOÃO 1:9 – “Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo.”

O verso começa com uma declaração triunfante: “Ali estava a luz verdadeira”. Depois de apresentar João Batista como uma testemunha da luz, João Evangelista deixa claro que a verdadeira Luz é outra Pessoa: o Verbo.

A estrutura grega e o contexto indicam que essa “Luz verdadeira” não é apenas uma ideia ou uma influência moral — é uma Pessoa divina que entrou na história. O verbo no tempo imperfeito sugere uma presença contínua: “estava vindo ao mundo”.

Além disso, essa Luz “alumia a todo o homem”, ou seja, possui uma irradiação universal. Esse não é um convite à teologia universalista, mas sim uma afirmação de que Cristo é a única Luz real que pode alcançar todo ser humano, independentemente de cultura, raça ou época.

Palavras-chave em Grego

  1. ἀληθινόν (alēthinón) – “verdadeira”. Do adjetivo alēthinos, que significa verdadeiro em essência, genuíno, autêntico, em oposição ao que é somente simbólico, parcial ou temporário.

A luz de Cristo não é uma entre muitas, mas a única real e definitiva. Toda outra “luz” é sombra, reflexo ou engano. Cristo é a revelação plena de Deus ao homem (cf. Hb 1:1-3). O uso desse termo confronta religiões, filosofias e “iluminações” humanas. Elas podem oferecer ética, moral ou insights, mas não salvam, não transformam, não regeneram. Só a Luz verdadeira salva.

  1. φωτίζει (phōtízei) – “alumia / ilumina”. Verbo no presente do indicativo ativo de phōtízō, que significa iluminar, lançar luz sobre, dar entendimento, esclarecer, fazer ver.

Cristo continua iluminando. O presente do indicativo mostra que a ação é contínua: Ele alumia hoje, como sempre, seja pela consciência (revelação geral), seja pela Palavra (revelação especial), seja pelo Espírito (regeneração). Essa iluminação é condição para a fé. Ninguém pode vir a Cristo sem ser iluminado por Ele (cf. 2Co 4:6). A salvação é obra da luz que penetra as trevas interiores.

Cristo: Revelação Universal e Única – Contra o Pluralismo Religioso. João 1:9 afirma com clareza:
→ Há uma só Luz verdadeira.
→ Ela ilumina todo homem.
→ E ela veio ao mundo.

Essa tríade destrói o pluralismo moderno, que prega que todas as religiões são igualmente válidas ou que toda busca espiritual é legítima. João diz que há apenas uma luz verdadeira, e que essa luz é Jesus Cristo.

Além disso, a expressão “que alumia a todo o homem” deve ser entendida como:

  • Universal em alcance: todos os povos são alvos de sua revelação.
  • Exclusiva em essência: não há outra luz.
  • Condicional em efeito: ela está disponível a todos, mas nem todos a recebem (Jo 1:11).

Isso não é universalismo, é exclusivismo com abrangência total.

João 1:9 brilha como farol da verdade cristã:

→ A Luz não é um sistema — é uma Pessoa.
→ A Luz não está escondida — ela veio ao mundo.
→ A Luz não é seletiva — ela está disponível a todos.
→ Mas… nem todos a querem.

Por isso, o texto prepara o terreno para o grande dilema dos versos seguintes (Jo 1:10-11): A Luz veio… mas foi rejeitada.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 22

JOÃO 1:10 – “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.”

Aqui temos três declarações progressivas e chocantes:

  1. “Estava no mundo” – A presença do Verbo no mundo criado é afirmada com força. Não é apenas uma doutrina teológica abstrata, mas uma realidade histórica: o Verbo encarnado estava entre nós.
  2. “E o mundo foi feito por ele” – João reafirma que o Verbo é o Criador, como já disse no verso 3. Aquele que andou nas vilas da Galileia era o próprio Autor do cosmos.
  3. “E o mundo não o conheceu” – Aqui o paradoxo explode: o Criador foi ignorado por sua própria criação. A palavra “conhecer” carrega a ideia de reconhecer, receber, compreender com discernimento espiritual.

Essa tríade apresenta o drama cósmico da ignorância espiritual:

A). A Luz estava ali.
B). O Criador estava ali.
C). Mas o mundo não O reconheceu.

João está construindo uma acusação teológica contra a humanidade: “Vocês andaram lado a lado com Deus encarnado… e o trataram como um estranho.

Palavras-chave em Grego

  1. ἐγνώριζεν (egnō) – “não o conheceu”. Aoristo ativo de ginōskō, que significa “conhecer de forma íntima, reconhecer, compreender profundamente”. Envolve relação, discernimento e aceitação.

O mundo não apenas não entendeu intelectualmente — ele não discerniu quem Jesus era. A cegueira não foi apenas ignorância, mas resistência espiritual (cf. 1Co 2:14). Esse verbo mostra que o problema do mundo não é de evidência, mas de vontade. A rejeição do Verbo é uma negação consciente da verdade revelada.

  1. ἐγένετο (egeneto) – “foi feito”. Aoristo médio de ginomai — “tornar-se, passar a existir, ser criado”. Indica ação completa no passado, e reafirma que o Verbo é o Criador absoluto.

O mundo material, a natureza, os céus, os homens — tudo veio à existência por Ele. A ênfase aqui é que o Criador andou entre suas criaturas, mas foi tratado como estranho. Essa afirmação expõe a insensatez da queda humana. O Verbo fez o mundo, sustentou o mundo, entrou no mundo… e o mundo O ignorou. A depravação espiritual é revelada não apenas pelo mal que cometemos, mas por não reconhecermos a glória quando ela nos visita.

A Ignorância Voluntária do Mundo – O Conflito entre Revelação e Rejeição
João 1:10 destrói o argumento de que “Deus está distante” ou “não se revela”. O evangelho afirma o contrário:

Deus veio. Deus estava aqui. E o mundo O rejeitou. A ignorância espiritual do mundo não é neutra. É rebelde. João afirma que a Luz resplandeceu, a criação gemeu, o Criador desceu… e o mundo disse: “não o conhecemos.”

Esse texto confronta:

  • A filosofia do deísmo moderno, que diz que Deus criou e se ausentou.
  • O racionalismo, que exige mais provas para crer.
  • O relativismo espiritual, que afirma que todas as percepções de Deus são válidas.

João 1:10 declara: só há um Criador — e Ele veio. E foi ignorado. Este versículo resume o escândalo da Encarnação:

→ Cristo entrou no mundo que Ele mesmo fez.
→ Ele não foi recebido como visitante.
→ Foi tratado como um estranho.

O mundo que foi criado por Ele… não O conheceu. Isso não é ignorância inocente — é cegueira espiritual voluntária.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 23

JOÃO 1:11 – “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.”

Neste versículo, João usa uma construção poética e antitética:

  • Primeira parte: “Veio para o que era seu” (neutro)
  • Segunda parte: “e os seus não o receberam” (masculino plural)

Em outras palavras, Cristo veio para Sua “propriedade” — a casa, a terra, o povo, a aliança, a história — e aqueles que eram “seus” por herança e pacto não o acolheram. É o drama da rejeição do Messias pelo próprio povo de Israel.

Aqui está a dor do evangelista:
→ O Criador rejeitado pela criatura (v.10)
→ O Dono rejeitado pelos seus (v.11)

Essa rejeição não foi por desconhecimento total, mas por resistência voluntária. Eles O conheciam pelas Escrituras, pelas profecias, pelos sinais — mas O recusaram mesmo assim.

Palavras-chave em Grego

  1. ἴδια (idia) – “o que era seu / sua propriedade”. Adjetivo neutro plural de idios, que significa “aquilo que é próprio, pessoal, pertencente por direito”. Refere-se a território, domicílio, família, herança, nação.

Aplicação bíblica: criação, aliança e promessa — a terra de Israel, o povo judeu, a linhagem davídica. O mundo inteiro pertence a Ele, mas Israel era “sua casa”, “sua herança” especial (cf. Sl 135:4). A palavra carrega profundidade emocional e teológica — como um pai que volta para casa e encontra portas trancadas. A rejeição é mais intensa porque o pertencimento era legítimo.

  1. παρέλαβον (parelabon) – “não o receberam”. Verbo no aoristo ativo de paralambanō, que significa “receber, acolher, aceitar, tomar para si”. O uso aqui está negado enfaticamente: ou parelabon — “não o acolheram”.

A ideia não é de falta de informação, mas de rejeição deliberada. Cristo bateu à porta da aliança, e Israel não abriu. Essa palavra conecta-se diretamente à responsabilidade moral e espiritual do povo da aliança. João está preparando o terreno para a teologia do remanescente e o mistério da rejeição de Israel (cf. Rm 9–11).

A Tragédia da Rejeição do Messias – O Peso da Responsabilidade da Revelação
João 1:11 nos confronta com um princípio severo e atual: Quanto maior a luz recebida, maior a responsabilidade pela resposta.

Israel teve a lei, os profetas, os sinais, os pactos e o templo — e ainda assim rejeitou o Verbo encarnado.
O evangelista não está apenas narrando um fato histórico. Ele está emitindo uma acusação teológica:

“Vocês eram a casa dEle… e o expulsaram.”

Isso ecoa a parábola dos lavradores maus (Mt 21:33-39) e a profecia messiânica do Salmo 118:22:

“A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça de esquina.”

Rejeitar a Cristo não é apenas um erro doutrinário — é traição ao próprio Deus.

João 1:11 é a nota mais triste no prelúdio mais glorioso da Bíblia.
→ O Verbo veio.
→ A luz brilhou.
→ A casa estava preparada.
→ Mas… foi rejeitado.

Cristo veio buscar os seus – mas os seus preferiram continuar nas trevas.

Este versículo também é um alerta para a igreja de hoje:
→ É possível ser casa dEle… e não recebê-Lo.
→ É possível cantar sobre Ele… e fechar-Lhe o coração.

A boa notícia vem no próximo verso (João 1:12), onde João revela que nem todos O rejeitaram — e que há poder em recebê-Lo.

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Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 24

JOÃO 1:12 – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.”

Este verso começa com a conjunção “mas” (gr. δὲ – de), introduzindo um contraste absoluto com os versos anteriores. Enquanto o mundo não O conheceu (v.10) e os seus não O receberam (v.11), agora alguns O recebem — e para esses, uma bênção radical é concedida: “Deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.

A filiação divina aqui não é universal (como no discurso moderno), nem automática por religião ou raça. Trata-se de um ato divino concedido a quem crê e recebe a Cristo. É o início da doutrina da adoção, que será amplamente desenvolvida por Paulo (cf. Rm 8:15-17; Gl 4:4-7).

Palavras-chave em Grego

  1. ἐξουσίαν (exousían) – “poder / direito / autoridade”. Não é “poder” no sentido de força (dynamis), mas autoridade legal, direito concedido, permissão outorgada por alguém superior.

Os que recebem a Cristo não se tornam filhos de Deus por mérito ou herança humana, mas por um ato gracioso de Deus que lhes confere esse novo status. A salvação não é apenas um “perdão de pecados”, mas uma mudança de identidade e posição espiritual — de criatura para filho. É mais que escape do inferno; é adoção na família divina.

  1. πιστεύουσιν (pisteuousin) – “creem”. Verbo no presente do indicativo ativo de pisteuō – “confiar plenamente, entregar-se, depositar fé contínua”. O tempo presente indica ação contínua e perseverante.

Não é uma fé momentânea, mas um ato contínuo de confiança e dependência de Jesus. Não basta conhecer o nome, é preciso crer nEle como Salvador e Senhor. A fé salvadora é pessoal, viva e relacional. Não se trata de apenas aceitar fatos sobre Cristo, mas de crer no seu nome, ou seja, em tudo o que Ele é, representa e realiza.

Adoção Espiritual – A Filiação dos Que Creem

João 1:12 confronta diretamente:
A ideia de que todos são filhos de Deus por natureza.
A crença de que a religião ou linhagem dá acesso à filiação divina.

Segundo o Evangelho, apenas quem recebe e crê no Verbo se torna filho de Deus. Isso não é arrogância espiritual — é graça soberana. Deus não deve essa filiação a ninguém, mas dá livremente a quem crê.

Além disso, ser “feito” filho de Deus (gr. γενέσθαι) implica que ninguém nasce espiritualmente como tal — trata-se de uma transformação operada por Deus, não por moralidade ou esforço humano.

João 1:12 é um divisor de águas na revelação bíblica:

→ Há um novo nascimento (v.13)
→ Há uma nova identidade: filho, não apenas servo
→ Há um novo direito: autoridade espiritual conferida pelo próprio Deus

O Verbo foi rejeitado por muitos…
Mas àqueles que o receberam, Deus não apenas os perdoou. Ele os adotou. Ele lhes deu um novo nome, um novo lar e uma nova herança.

Esse é o poder do Evangelho: Não apenas tirar das trevas — mas trazer para dentro da família.

Seitas e Heresias
Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 25

JOÃO 1:13 – “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.”

João 1:13 é uma explicação teológica do novo nascimento mencionado implicitamente no verso 12 (“se tornaram filhos de Deus”). Agora ele detalha como isso acontece — e mais importante: como não acontece.

Ele apresenta três negações:

  • “Do sangue” – herança genética ou linhagem familiar
  • “Da vontade da carne” – impulso humano, desejo natural
  • “Da vontade do varão” – decisão ou autoridade masculina, cultural ou patriarcal

E uma afirmação gloriosa: “Mas de Deus.

João está deixando claro que o novo nascimento não é físico, nem social, nem religioso — é espiritual, sobrenatural e exclusivo da ação de Deus.

Palavras-chave em Grego

  1. ἐγεννήθησαν (egennēthēsan) – “nasceram”. Verbo no aoristo passivo de gennaō, que significa “gerar, dar à luz, nascer”. O uso da voz passiva indica que o sujeito (o homem) é receptivo, não ativo. Ele não causa seu nascimento — ele o recebe.

Assim como ninguém escolhe nascer fisicamente, ninguém nasce espiritualmente por esforço próprio. A regeneração é um ato soberano de Deus, operado pelo Espírito (cf. Jo 3:5-8). Esse verbo é fundamental para a doutrina da regeneração — o novo nascimento operado por Deus, que dá origem à fé e à filiação divina. É o milagre da graça, não o resultado de um processo humano.

  1. ἐκ θεοῦ (ek Theou) – “de Deus”. Expressão que indica origem, fonte, procedência. O novo nascimento vem “a partir de Deus”, não como consequência de uma escolha humana.

João não diz que Deus “ajuda” ou “inicia” o processo. Ele diz que Deus é a origem exclusiva do novo nascimento. Toda a glória pertence a Ele. Essa frase estabelece a monergia da salvação — ou seja, é Deus quem opera o novo nascimento sozinho. O homem responde em fé, sim, mas porque foi vivificado por Deus.

João 1:13 desmonta qualquer tentativa de fazer da salvação um projeto humano ou religioso.

→ Não é pelo sangue – descendência judaica não basta.
→ Nem pela carne – nenhum desejo natural produz regeneração.
→ Nem pela vontade de homem – nem mesmo a decisão mais nobre pode salvar.
→ Só Deus regenera. Só Deus salva.

Essa verdade confronta:

  • O decisionismo superficial, que reduz salvação a um levantar de mãos.
  • O sacramentalismo vazio, que confia na linhagem ou em ritos.
  • O puro sinergismo que tenta equilibrar méritos humanos com graça divina.

João 1:13 ensina com clareza inconfundível:

→ O novo nascimento não vem do homem.
→ O novo nascimento não pode ser produzido por tradição, emoção ou religião.
→ O novo nascimento vem de Deus.

E se vem de Deus… então é seguro, eterno e cheio de glória.

Enganos e Resgates
Lição 01: O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE (Adultos CPAD 2º Trimestre 2025) 26

JOÃO 1:14 – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”

Aqui João atinge o ápice da sua introdução:

→ O Verbo eterno (v.1)
→ Criador do mundo (v.3)
→ Fonte da vida e luz (v.4-5)
→ Rejeitado por muitos (v.10-11)
→ Recebido por poucos (v.12-13)

Agora, Ele se faz carne. Isso é o que diferencia o cristianismo de toda religião, filosofia ou moralidade espiritual:

Deus não apenas falou — Ele veio. Não apenas enviou profetas — Ele se fez homem.

O Verbo “se fez carne”, e isso não significa mera aparência (contra o docetismo), nem transformação (contra o arianismo), mas assunção plena da natureza humana, sem deixar de ser Deus. A encarnação não é a troca da divindade pela carne, mas a união da divindade com a carne — a união hipostática.

Palavras-chave em Grego

  1. σὰρξ (sarx) – “carne”. Termo que não se refere apenas ao corpo físico, mas à natureza humana frágil, mortal, limitada, vulnerável. É o termo usado para descrever a humanidade em sua condição real, com tudo o que ela implica — exceto o pecado.

O Verbo não assumiu aparência de homem, mas se tornou verdadeiramente humano (cf. Fp 2:7-8; Hb 2:14). A encarnação é o rebaixamento voluntário de Deus, sem perda da glória, para habitar entre nós. Aqui se estabelece a doutrina da Encarnação: Jesus é plenamente Deus e plenamente homem — duas naturezas em uma só pessoa, indivisível e eterna.

  1. ἐσκήνωσεν (eskēnōsen) – “habitou”. Verbo derivado de skēnē, que significa “tenda, tabernáculo”. Literalmente, significa “armar tenda”, ou “tabernacular entre”.

João intencionalmente conecta a presença de Cristo à presença de Deus no tabernáculo do Antigo Testamento (cf. Êx 25:8; Êx 40:34). Assim como a glória do Senhor habitava no tabernáculo, agora habita no corpo de Cristo. A Encarnação é o novo tabernáculo de Deus entre os homens. A glória que estava atrás do véu agora anda pelas ruas, toca leprosos, abraça crianças e morre em uma cruz.

A Encarnação: A Glória de Deus em Forma Humana
João diz: “vimos a sua glória” — ou seja, eles testemunharam a manifestação visível da majestade divina em Cristo. Mas não era uma glória assustadora, e sim a glória do “unigênito do Pai”, cheio de graça e de verdade.

Aqui não há fumaça no monte, nem trovões no Sinai.
A glória agora tem olhos, mãos, voz e lágrimas.

Essa expressão “cheio de graça e de verdade” ecoa Êxodo 34:6, onde Deus se revela a Moisés como “abundante em benignidade e verdade”. João está afirmando:

A glória que Moisés apenas viu pelas costas, nós vimos face a face — e Seu nome é Jesus.

João 1:14 é o coração pulsante do cristianismo:

→ O Verbo se fez carne — isso é Encarnação.
→ Habitou entre nós — isso é Presença.
→ Vimos Sua glória — isso é Revelação.
→ Como o unigênito do Pai — isso é Relação eterna.
→ Cheio de graça e de verdade — isso é Redenção.

O Deus que habitava em tendas agora caminha conosco. A glória que matou Nadabe e Abiú agora salva pecadores e cura quebrados. E essa glória tem um nome: Jesus, o Verbo encarnado.

Foto de Silvio Costa

Silvio Costa

Evangelista (COMADEESO / CGADB), Articulista, Conferencista, Escritor, Conteudista (ESTEMAD), Professor de Teologia (SEET / FATEG) e Gestor Hoteleiro por Profissão
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