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A Marca da Falsa Religiosidade: Resistência à Verdade (5)

Resistência à Verdade

É curioso – e profundamente alarmante – perceber que a maior resistência à Verdade não parte necessariamente do ateísmo declarado ou de ideologias seculares, mas muitas vezes surge dentro dos próprios muros da religiosidade. Não é um fenômeno moderno. Quando a Verdade se fez carne e habitou entre nós, foi rejeitada por aqueles que mais estudavam as Escrituras, que mais oravam, que mais jejuavam, que mais falavam sobre Deus. Os escribas e fariseus, líderes religiosos da época, foram os principais opositores de Jesus. Eles não ignoravam a Lei, mas a manipulavam. Eles não rejeitavam o culto, mas o transformavam em palco de vaidade. Quando Jesus se apresenta como a Verdade viva — revelando o Pai, expondo o pecado, oferecendo graça — eles se incomodam, se irritam, e tramam sua morte.

A narrativa da mulher adúltera em João 8 é um retrato dramático dessa resistência religiosa à Verdade. Os líderes trazem uma mulher apanhada em flagrante adultério. Mas não estão ali por zelo à Lei — estão ali por hipocrisia e perversidade. Usam a Lei como armadilha, e a mulher como isca. Querem colocar Jesus em contradição: se Ele absolver, será acusado de anular a Lei de Moisés; se ordenar o apedrejamento, será denunciado às autoridades romanas. Mas Jesus, o Verbo que penetra pensamentos e intenções, expõe a nudez espiritual deles com uma única sentença: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra” (Jo 8.7). O silêncio que se segue é mais revelador que mil palavras. Um a um, os acusadores vão embora. Não porque se arrependeram — mas porque foram desmascarados. A Verdade tem esse poder: ela não apenas ensina — ela confronta, desnuda, perturba. Quem ama o pecado odeia a verdade. Quem vive de aparência teme a luz.

Capa2 A Bíblia Não Erra
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Esse texto nos leva a uma dura constatação: a religião, quando divorciada da verdade viva de Cristo, torna-se um instrumento de manipulação, controle e julgamento. Os escribas e fariseus conheciam as Escrituras, mas não reconheciam Aquele de quem elas testificavam. Eram guardiões da letra, mas mortos espiritualmente. Sabiam interpretar regras, mas não discerniam a graça. Eram mestres de Israel, mas escravos do orgulho e da vaidade. E aqui está o ponto central: a maior cegueira é aquela que se veste de luz. É possível estar dentro do templo e fora do Reino. É possível falar em nome de Deus e, ainda assim, resistir à Sua voz. A religiosidade sem Cristo produz pessoas que amam os símbolos da fé, mas rejeitam sua substância.

A resistência à verdade continua em nossos dias – com novas roupagens, mas com a mesma raiz. Em muitas igrejas, há quem prefira uma “verdade editada”, moldada às expectativas humanas, polida para não confrontar, suave para não ofender. Há líderes que se irritam com a pregação fiel do arrependimento, que rejeitam o ensino da cruz, que censuram a doutrina da santidade como se ela fosse legalismo. Para manter seus impérios religiosos, muitos evitam a Verdade que liberta, porque ela também derruba, desfaz, quebra. Quando a Verdade entra em uma igreja, o pecado tem que sair. Quando Cristo reina, os ídolos da tradição, do orgulho denominacional e das doutrinas humanas são lançados por terra. Por isso, muitos preferem manter Jesus como símbolo — mas não como Senhor.

O apóstolo Paulo, prevendo esse cenário, escreveu a Timóteo:Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Tm 4.3-4). Note: o problema não é a ausência de doutrina, mas o desprezo pela doutrina sadia. As pessoas não querem ouvir a Verdade — querem mestres que confirmem seus desejos. A igreja, então, corre o risco de tornar-se um teatro de emoções ou uma empresa de marketing espiritual, onde o público dita a mensagem, e a cruz é trocada por slogans motivacionais.

Aplicativo do pregador
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Contudo, a Verdade não pode ser cancelada. Ela é eterna. Não importa quantas pedras sejam levantadas contra ela, quantas portas se fechem, quantos pregadores a distorçam — a Verdade continua viva. Jesus não apenas falou a verdade — Ele é a Verdade. E é justamente por isso que sua presença incomoda. Onde Ele entra, há confronto. Suas palavras são como espada afiada: cortam o engano, ferem o orgulho, removem as máscaras. Mas também curam, restauram, libertam. Ele não veio para proteger reputações religiosas, mas para salvar pecadores sinceros. Ele não veio para confirmar estruturas, mas para edificar um Reino que não se baseia em aparência, mas em justiça, paz e alegria no Espírito.

A resistência religiosa, portanto, não é apenas um problema dos outros. É uma ameaça constante para todos nós. Todo cristão corre o risco de tornar-se fariseu. Toda igreja corre o risco de tornar-se sinagoga do ego. Toda liderança espiritual corre o risco de resistir ao novo mover de Deus por apego à tradição, à liturgia, ao costume. Por isso, devemos constantemente nos colocar diante da Palavra, pedindo ao Espírito Santo que nos mostre se estamos, de alguma forma, resistindo à Verdade. Às vezes, a resistência se esconde atrás da defesa da ortodoxia, outras vezes se camufla sob a desculpa de “não escandalizar ninguém”. Mas Cristo nunca foi diplomático com o pecado. Ele foi cheio de graça — mas também cheio de verdade. Quem ama como Ele ama, confronta como Ele confronta.

A mulher adúltera representa todos nós. Pecadores, expostos, envergonhados, sem argumento de defesa. Diante da Verdade, nossa melhor resposta é o arrependimento. Não podemos jogar pedras — devemos nos ajoelhar. A reação dos fariseus ao deixarem o local não é sinal de temor, mas de orgulho ferido. Eles não quiseram se render. Preferiram recuar em silêncio do que quebrantar-se em arrependimento. E é aqui que mora o perigo: podemos resistir à Verdade e, ao mesmo tempo, continuar no templo, continuar no ministério, continuar na aparência religiosa. Mas isso é morte espiritual com verniz sagrado.

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Na aplicação prática, a igreja precisa urgentemente voltar-se à centralidade de Cristo. A verdade deve ocupar o púlpito, as salas de aula, os conselhos eclesiásticos, os ministérios infantis. A Palavra de Deus deve ser a base das decisões, das pregações, dos encontros e das liturgias. A exposição bíblica fiel precisa ser restaurada como prioridade nos cultos, substituindo discursos motivacionais e promessas vazias. Os membros devem ser discipulados para discernir entre emoção e verdade, entre carisma e caráter, entre espetáculo e santidade. E os líderes espirituais precisam avaliar se suas decisões estão sendo moldadas pelo Espírito ou pelo medo de perder influência. A Verdade sempre custará algo — mas o preço de ignorá-la é infinitamente maior.

Portanto, sejamos diferentes dos fariseus. Que, ao sermos confrontados por Jesus, não fujamos, mas nos rendamos. Que, ao ouvirmos sua voz, não endureçamos o coração, mas nos prostremos em arrependimento. Que não sejamos aqueles que “criam obstáculos à Verdade”, mas sim, aqueles que a proclamam, a vivem, e a amam — mesmo que isso nos custe fama, posição ou aceitação. O Reino de Deus não é para quem manipula a verdade, mas para quem se submete a ela. E Cristo é a Verdade suprema diante da qual toda língua há de confessar e todo joelho se dobrará.

Foto de Silvio Costa

Silvio Costa

Evangelista (COMADEESO / CGADB), Articulista, Conferencista, Escritor, Conteudista (ESTEMAD), Professor de Teologia (SEET / FATEG) e Gestor Hoteleiro por Profissão
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