Há evidências históricas de que Ário, o fundador do Arianismo, utilizava a música como ferramenta para disseminar suas ideias heréticas. Os registros indicam que Ário compôs canções e poemas teológicos, conhecidos como “Thalia” (que significa “Festa” ou “Banquete” em grego), escritos em um estilo poético e musical. Esses hinos eram fáceis de memorizar e eram destinados a serem cantados por pessoas comuns, como trabalhadores e marinheiros, facilitando a propagação de suas doutrinas.
Provas e Contexto Histórico
- Uso da “Thalia”:
- O principal texto associado a Ário, a “Thalia”, tinha o propósito de popularizar suas crenças. Ário empregou versos rimados e melodias simples que podiam ser facilmente cantados, tornando suas ideias acessíveis mesmo àqueles que não tinham grande conhecimento teológico.
- Essa obra, descrita em parte por Atanásio de Alexandria (seu principal oponente), era uma coleção de declarações heréticas escritas em estilo poético e muitas vezes cantada para atrair seguidores.

- Estratégia de Divulgação:
- Atanásio, em suas refutações ao Arianismo, mencionou o impacto da música utilizada por Ário, criticando-o por usar canções populares para infiltrar suas ideias no cotidiano das pessoas. Isso indica que Ário sabia que o ritmo e a melodia podiam tornar suas heresias mais atraentes e memoráveis.
- Tradição da Igreja e Críticas:
- Líderes da Igreja da época, como Eusébio de Nicomédia e o próprio Atanásio, escreveram extensivamente contra Ário, indicando que a música era um dos métodos pelos quais ele conseguiu reunir um grande número de seguidores. Atanásio acusava Ário de distorcer a fé cristã com palavras aparentemente agradáveis e melodias sedutoras.
Conclusão
A música foi, sem dúvida, uma das estratégias mais inovadoras e eficazes de Ário para propagar suas doutrinas, o que demonstra sua habilidade como comunicador e cantor. Contudo, isso também causou grande preocupação entre os teólogos ortodoxos, que reconheciam o perigo de como heresias podiam ser disseminadas de maneira tão acessível e popular. A oposição da Igreja ao Arianismo não foi apenas teológica, mas também cultural, ao perceber o impacto prático da música como veículo de doutrinas controversas.









