Introdução
O Apolinarismo, uma heresia cristológica do século IV, foi proposto por Apolinário de Laodiceia (c. 310–390 d.C.). Embora inicialmente um defensor da ortodoxia contra o arianismo, Apolinário acabou por desenvolver uma visão distorcida da natureza de Cristo, que foi posteriormente condenada como herética.
Contexto Histórico do Apolinarismo
No século IV, a Igreja enfrentava intensos debates sobre a natureza de Cristo, especialmente em resposta ao arianismo, que negava a divindade plena de Jesus. Apolinário, buscando proteger a integridade da divindade de Cristo, propôs uma solução que, infelizmente, acabou por comprometer a humanidade completa de Jesus. Ele argumentava que, em Cristo, o Logos divino substituía a alma humana, resultando em uma natureza divina sem uma humanidade plena.
Os Fundamentos do Apolinarismo
Apolinário sustentava que a união das naturezas divina e humana em Cristo era impossível sem a mistura ou confusão das duas. Para ele, a alma humana de Jesus era substituída pelo Logos divino, preservando assim a unidade da pessoa de Cristo. Ele baseava sua visão em uma interpretação equivocada de João 1:14 (“E o Verbo se fez carne”), entendendo “carne” como apenas o corpo físico, sem a alma humana.
Implicações Teológicas
- Redução da Humanidade de Cristo: Ao negar a alma humana de Jesus, o Apolinarismo compromete a plena humanidade de Cristo, essencial para a redenção. A salvação requer que Cristo assuma completamente a natureza humana para redimi-la (Hebreus 2:14-17).
- Comprometimento da União Hipostática: A doutrina ortodoxa da união hipostática afirma que Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, sem confusão, mudança, divisão ou separação. O Apolinarismo, ao negar a alma humana, distorce essa união.
- Impacto na Soteriologia: A salvação depende de Cristo ter assumido a natureza humana completa para redimi-la. Se Cristo não tivesse uma alma humana, Ele não poderia redimir completamente o ser humano (Romanos 5:12-21).

Refutação Bíblica
- A Plenitude da Humanidade de Cristo: A Bíblia afirma claramente que Jesus possuía uma alma humana. Em Mateus 26:38, Jesus diz: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal.” Isso indica que Ele tinha uma alma humana plena.
- A Necessidade de uma Humanidade Completa para a Redenção: Hebreus 2:14-17 enfatiza que Jesus participou da carne e do sangue para destruir aquele que tem o poder da morte, o diabo, e para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel. Isso requer uma humanidade completa.
- A União Hipostática: Colossenses 2:9 afirma: “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” Isso indica que em Cristo habita tanto a plenitude da divindade quanto a plenitude da humanidade, sem confusão ou diminuição.
Refutação Teológica
- Concílios Ecumênicos: O Concílio de Constantinopla (381 d.C.) condenou o Apolinarismo, reafirmando a doutrina da plena humanidade e divindade de Cristo. A ortodoxia cristã insiste que Cristo deve ser verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem para realizar a redenção.
- Teologia Patrística: Pais da Igreja como Atanásio e os Capadócios argumentaram vigorosamente contra o Apolinarismo, defendendo a integridade das duas naturezas de Cristo. Eles enfatizaram que a salvação requer que Cristo assuma tudo o que é humano para redimi-lo.
- Soteriologia Ortodoxa: A doutrina da salvação depende da plena humanidade de Cristo. Se Cristo não fosse plenamente humano, Ele não poderia representar a humanidade na cruz nem redimi-la completamente. A redenção exige um Redentor que seja plenamente Deus e plenamente homem.
Conclusão
O Apolinarismo, embora bem-intencionado em sua defesa da divindade de Cristo, falhou ao comprometer a plena humanidade de Jesus, essencial para a redenção. A ortodoxia cristã, fundamentada na Escritura e afirmada pelos concílios ecumênicos, insiste na união hipostática das duas naturezas de Cristo sem confusão, mudança, divisão ou separação. A refutação bíblica e teológica do Apolinarismo reafirma a centralidade de Cristo como verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, o único capaz de realizar a salvação da humanidade.
Referências
- Atanásio de Alexandria. Contra os Apolinaristas.
- Gregório de Nazianzo. Cartas Teológicas.
- Concílio de Constantinopla (381 d.C.). Credo Niceno-Constantinopolitano.
- Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida e Fiel.
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