Graças a Deus as comemorações do centenário das Assembleias de Deus no Estado do Rio de Janeiro não se resumiram a cantora que chorou de aborrecimento (e não cantou no evento, embora contratada) e nem menos ao político presente que ameaçou processá-la por quebra de contrato.
Infelizmente, contendas, dissensões e fuxicos espalham-se muito mais como rastilho de pólvora que os fatos louváveis, virtuosos e emblemáticos. Em síntese o evento do centenário das Assembleias de Deus no Estado do Rio de Janeiro mereceram todas estas boas deferências e distinções. Porém, o evento também foi marcado mais uma vez pela nociva política secular que permeia as celebrações mais solenes da denominação nos últimos anos – e foi este o aspecto destacado na grande mídia secular.
Conforme divulgado em canais da imprensa, a cantora recusou a apresentar-se por que teve que esperar horas além do previsto porque no dito evento – políticos falavam aos presentes – e houve longo atraso. A questão é: por que cargas d’água num evento histórico da denominação foram políticos e NÃO pastores e cantores que ocuparam horas na programação religiosa? Este é o ponto em que temos que refletir e opor-se em nossas igrejas para que tal mau costume seja repelido de nosso meio o quanto antes.
O pior foi o político em destaque no imbróglio – sim, aquele que ameaçou processar a cantora – lembrando que esse senhor esteve preso a pouco tempo por corrupção. Parece que boa parte de nossa liderança “graúda” está perdendo a noção de ética cristã perante a sociedade e sobretudo, entre a irmandade de fé chegando ao tripúdio de nossa “ovelhice”. A justificativa teria sido: foi o dito político de histórico comprometido que conseguiu as devidas liberações para a realização do evento no Maracanãzinho – então há uma “obrigação” dele também receber oportunidade no mega evento (só faltou combinar com a “plateia” para não repreendê-lo também com vaias retumbantes).
Na verdade as Assembleias de Deus no Brasil há muito tempo anseiam por maior poder político (afinal, elas têm capital social pra isso). Obviamente seria um desperdício não usar este poder massivo para eleger representantes de pautas denominacionais para cadeiras legislativas e até executivas Brasil afora. Mas, perderam a medida ante as possibilidades, encantos e favores que o poder temporal passou a oferecer-lhes. Ser pastor presidente hoje (de campos medianos acima em termos de contingente) é fazer parte do primeiro escalão de contatos e conchavos da maioria dos candidatos país afora. E aqui está a causa dos males que estamos vivenciando nos últimos anos.
Para a tristeza da maioria dos membros só vai piorar – pois grande parte dos pastores cederam a tentação da mau política (aquela que traz vantagens para o pastor, familiares ou indicados por ele). A doutrinação da política ruim disfarçada de defesa do evangelho vai comprometer muitos ministérios sérios e veteranos (isto não é profético, é apenas leitura de realidade). Convenções de ministros de norte a sul – de estaduais a nacionais já estão comprometidas também (não dá pra saber se há exceções). E como posso afirmar tudo isso? Basta lembrar das eleições de 2020 e mais recentemente no centenário da denominação no Rio de Janeiro que já temos o espectro do futuro negro que nos aguarda neste sentido: nossa denominação será cada vez mais política, secular e mundana.
E diante de tudo isso, de onde vem a nossa esperança? O crente em Cristo nunca perde a esperança – aguarda a vinda do Senhor e crê nas intervenções de Deus no curso da história. Entretanto, acredito que em perspectiva escatológica estamos no caminho sem volta da apostasia, do distanciamento do evangelho – e uma das provas reais é esta “igreja” militante na política secular defendendo um reino que não é o de Deus! É esta “igreja” profana e sacrílega que mancha cultos coletivos com conchavos políticos; são congregações sem escrúpulos sociais que como insípidas nada mais representam à sociedade – são desprezíveis, reprovadas e abjetas (não por que pregam o evangelho que confronta e transforma – ao contrário – carregam uma bíblia que condena seus próprios atos nefastos e fisiológicos diante dos homens), é uma perdição colossal!
A igreja precisa influenciar a política e não ser influenciada por ela – mas, ao que nos consta os nossos mais proeminentes líderes perderam essa batalha – ou venderam-se as promessas do inimigo temporal. Na atualidade, claro está que falta equilíbrio nas relações da igreja com a política secular, falta transparência com os membros, falta Jesus no meio. A igreja evangélica brasileira (e principalmente os pentecostais e neopentecostais) enveredou-se em marchas que não tem nada a ver com Jesus (até discurso de armamento rola nessas reuniões – impensável isso a anos atrás), compôs associações que tornaram-se em confrarias partidárias – com as necessárias exceções é quase tudo jogada política suja e pesada de pecados e corrupções.
Que Deus nos ajude!