O DEPARTAMENTO DE ESCOLA DOMINICAL QUE SEMPRE “TERMINA EM PIZZA”
A Escola Bíblica Dominical (EBD) já foi, em tempos áureos, o pulmão do ensino cristão nas igrejas evangélicas. No entanto, em algumas comunidades, esse departamento está à beira da extinção. O motivo? Eventos, celebrações e outras atividades que, embora legítimas, acabam minando o compromisso com o ensino sistemático da Palavra de Deus. Em algumas igrejas, parece que a EBD se tornou um incômodo que precisa ceder espaço para qualquer outra programação mais ‘animada’ ou ‘especial’. O resultado? A EBD termina em pizza—não no sentido de um sucesso comemorativo, mas na frustração de um ministério que deveria ser prioritário, mas acaba sendo tratado como opcional.
1. Quando a EBD Cede Lugar a Outras Prioridades
Se fosse feita uma análise minuciosa das igrejas em que a Escola Dominical não tem sido uma prioridade, encontraríamos um padrão preocupante: eventos esporádicos acabam interrompendo a constância do ensino bíblico. Alguns exemplos comuns:
- Aniversário do pastor e sua esposa: O culto festivo se estende e, por alguma razão, o café da manhã especial com presentes acaba tomando o horário da EBD.
- Aniversário da igreja: A programação é tão intensa que ‘não dá tempo’ para a Escola Dominical, que fica em segundo plano diante de concertos, confraternizações e até mesmo almoços comunitários.
- Viagem de professores: Se a maioria dos professores vai viajar, então melhor cancelar a EBD para evitar problemas.
- Piquenique do grupo de jovens: O dia de lazer é importante, mas parece que o único horário disponível para isso é justamente o da Escola Dominical.
- Ensaio do coral e da banda: Ensaios longos ou programações musicais estendidas acabam ‘justificando’ o cancelamento da EBD.
- Conferências e eventos especiais: Algumas igrejas, quando recebem pregadores convidados ou promovem retiros espirituais, simplesmente suspendem a EBD para ‘não atrapalhar’ a programação.
O problema dessas decisões recorrentes é que a Escola Dominical perde sua identidade e sua relevância. Em uma comunidade onde sempre há um evento ‘mais importante’, a EBD se torna um peso descartável e facilmente sacrificável no altar das conveniências.
2. Quando a Decisão de Cancelar a EBD Se Torna uma Cultura
A frequência com que uma igreja cancela a Escola Dominical diz muito sobre sua visão a respeito do ensino bíblico. Quando uma igreja cancela a EBD uma vez ou outra, ainda há esperança de correção, mas quando isso se torna um hábito, está se formando uma cultura de negligência doutrinária.
E o que acontece quando essa cultura se instala?
- Os membros se acostumam: A congregação passa a enxergar a EBD como ‘opcional’, um detalhe irrelevante na programação.
- Os professores desanimam: Quem se dedica ao ensino vê seu ministério sendo colocado em segundo plano, o que desmotiva e leva à perda de bons educadores.
- A nova geração não é discipulada: Crianças e adolescentes crescem sem o hábito de frequentar a Escola Dominical, o que compromete sua maturidade espiritual.
- A igreja enfraquece: Sem ensino sólido, as brechas doutrinárias aumentam, facilitando o crescimento de heresias e desvios na fé.
Em uma igreja onde a Escola Dominical é sempre sacrificada em nome de outras programações, um fenômeno assustador acontece: os membros começam a ver a falta de ensino como algo normal e a buscarem alimento espiritual apenas em cultos dominicais cheios de emoção, mas sem profundidade bíblica.

3. O Reflexo de uma Igreja Sem Prioridade para o Ensino
Igrejas que não priorizam a Escola Dominical colhem frutos amargos. O que acontece quando o ensino bíblico deixa de ser essencial?
- Crentes com fé superficial: Muitos passam anos na igreja sem sequer compreender os fundamentos básicos da fé cristã.
- Cristãos vulneráveis a falsos ensinos: Sem a solidez da Palavra, muitos são levados por doutrinas estranhas e modismos teológicos.
- Igrejas sem raízes: Comunidades que não investem no ensino bíblico tendem a ser frágeis, emocionalistas e dependentes de eventos para manter os membros engajados.
O próprio apóstolo Paulo advertiu sobre o perigo de um evangelho sem profundidade:
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências” (2 Timóteo 4:3).
Esse ‘comichão nos ouvidos’ muitas vezes se manifesta quando a igreja prefere eventos e festas no lugar do ensino sólido.
4. E Agora? Como Reverter Esse Quadro?
Se uma igreja percebe que sua Escola Dominical está sendo deixada de lado, há algumas medidas urgentes que podem ser tomadas:
- Compromisso pastoral: O pastor precisa ser o primeiro a defender a importância da EBD. Quando a liderança dá o exemplo, a igreja segue o mesmo caminho.
- Reavaliação do calendário: Se há eventos constantes no horário da EBD, é hora de reorganizar a programação da igreja.
- Campanhas de conscientização: Promova estudos e mensagens sobre a importância da EBD na vida cristã.
- Valorização dos professores: Professores engajados e bem preparados motivam alunos a se comprometerem com o estudo bíblico.
- Uso de métodos dinâmicos: Introduza novas formas de ensino, como debates, dramatizações e recursos interativos para envolver os alunos.
- Criar uma cultura de compromisso: A Escola Dominical precisa ser vista como essencial, e não como um peso ou um evento secundário.

Conclusão: O Futuro da EBD Está em Jogo
Se uma igreja trata a Escola Dominical como algo descartável, cedo ou tarde, ela simplesmente desaparecerá. E o impacto será devastador. Igrejas sem EBD produzem crentes sem base, sem doutrina e sem maturidade espiritual. Em tempos em que a sociedade está cada vez mais distante da verdade bíblica, abrir mão da Escola Dominical é abrir mão do próprio discipulado cristão.
Que possamos refletir: nossa igreja tem dado prioridade ao ensino bíblico? Ou estamos deixando que a Escola Dominical termine em pizza, não como uma festa de celebração, mas como um fracasso de discipulado?
A decisão está em nossas mãos. Afinal, um dia Deus pedirá contas sobre como tratamos o ensino da Sua Palavra.